09/11/2008
O mercado de computadores estava fortemente aquecido até pouco tempo, pelo preço baixo dos insumos pelos incentivos governamentais. “Durante os últimos 2 anos, o consumidor vinha sido beneficiado com a queda do dólar, visto que todo ganho era imediatamente repassado ao varejo”, lembra Elson Freire. Mas, com a forte dependência de importados - mais de 95% dos insumos usados na fabricação de PCs têm origem no exterior ou são diretamente influenciadas pela flutuação do dólar - as empresas do setor estão procurando alternativas para retardar a chegada do aumento de preços ao consumidor final.
Uma saída encontrada pela Plugtech foi a renegociação de prazos com clientes, além de ações de hedging (proteção) cambial para os contratos internacionais. “Essa operação permite fixar o valor da moeda americana bem antes da importação, pagando no valor da cotação do dia, e, assim, evitar surpresas com oscilação”, esclarece Elson. Mas um aperto nas margens de lucros foi inevitável. “Todos os elos da cadeia - fabricante, distribuidores, varejo - têm tido que apertar suas margens para evitar o repasse total da alta do dólar ao consumidor final, o que refrearia a demanda pelos produtos”, relata o executivo.
Porém, para ele, esses esforços podem não ser suficientes para segurar os valores antigos. Ele diz que, como a alta do dólar desde o início desta crise foi de aproximadamente 30% e a maioria dos produtos tem um ciclo curto de logística (aproximadamente 20 dias do fabricante até o consumidor), “é provável que algum repasse já tenha que ser feito ainda em 2008”.
Empresários estão otimistas apesar da crise
Embora a escassez de crédito tenha sido o principal motivo desta freada, o aumento dos custos dos importados foi um dos reflexos da crise financeira que fizeram a CDL Natal revisar sua projeção de incremento de vendas do período natalino de 8,5% para 6%. “Mas a decoração natalina que já está nas lojas e esse crescimento de 6% já mostra que o comércio está otimista”, avalia o superintendente da CDL Natal, Adelmo Freire.
“Esperamos que a trégua que vivemos na crise financeira nos últimos 10 dias seja presságio de uma volta à normalidade no mercado cambial, afetando diretamente os preços no mercado real”, comenta o gerente comercial da Plugtech, Elson Freire. Para ele, o clima natalino, que vem fortalecido com rendimentos extras como o 13º salário, dá boas perspectivas.
Na Miami Imports, as expectativas de venda para este Natal ainda não foram definidas. Mas já foram contratados temporários e, para o estoque, foi mantida a quantidade comprada no ano passado, preferindo produtos novos, que ainda não havia no mix da loja. “Tem muita gente com o freio de mão puxado, mas é Natal, todo mundo quer comprar”, diz o gerente Aristeu Júnior.
Hora de comprar pode ser esta, diz consultor
O consultor de informática Gutemberg Nicolau chama a atenção para o fato de que, nessa área, nem todas as empresas são justas na hora de repassar ou não aumentos. “Tem muita gente aproveitando para faturar um pouco a mais se aproveitando da instabilidade da moeda americana”, comenta. Para ele, se esse tipo de compra já pedia pesquisa, agora é hora de aumentar a atenção.
Essa cautela porém, deve vir acompanhada de senso de oportunidade. “A hora de comprar é agora, sim”, diz Gutemberg. Segundo ele, as empresas estão queimando seus estoques à espera do que pode acontecer no mercado até o final do ano. “São promoções em cima de promoções”, destaca.
O motorista Murilo da Silva Lima, 34 anos, poderia ter seguido esta dica há dois meses, quando ele quis comprar um videogame para a filha, como presente do Dia das Crianças. “Antes estava por R$ 549 e agora só acho por R$ 700”, conta Murilo, que diz estar arrependido porque não pode desistir de comprar o aparelho. “Agora vai virar presente de Natal, mas vou pesquisar mais em outras lojas”, diz ele.
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