quinta-feira, 27 de setembro de 2012


Taxa do RN é o dobro da média do país


Os resultados da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílio sobre a educação, no Rio Grande do Norte, registram uma boa e uma má notícia. A boa é que a tendência de queda nas taxas da população sem saber ler e escrever tem se mantido constante no Estado desde 2001, passando de 18,6% naquele ano para 15,8% em 2011. A má é que a taxa atual  é praticamente o dobro da média nacional (8,6%) e apenas um ponto abaixo da média regional (16,9%).
Júnior SantosDado revelado pela PNAD 2011 aponta que do total de analfabetos do RN aproximadamente 71% possuem 30 anos ou mais de idadeDado revelado pela PNAD 2011 aponta que do total de analfabetos do RN aproximadamente 71% possuem 30 anos ou mais de idade

Apesar da redução no número de analfabetos, os especialistas avaliam que não há muito o que se comemorar, pois não significa uma melhora real na educação e muito menos que mais pessoas são capazes de ler e escrever. Isso porque fatores como diminuição na taxa de fecundidade e da população contribuem para elevar a taxa de alfabetizados.

"Na análise da série histórica, percebe-se que, ao contrário do Nordeste e do Brasil, o RN vem apresentando um tendência de queda no percentual de analfabetos, principalmente  nas faixas etárias mais jovens. Isso em virtude dos incentivos governamentais para manter as crianças na escola", explica o analista do IBGE/RN, Ivanilton Passos.

Entre esses incetivos estão os programas sociais que condicionam a doação de uma 'mesada' a permanência das crianças  na escola, a distribuição da merenda, pois uma criança que não tem como se alimentar vai querer ir para a escola para ter o que comer.

"Eu realmente não vejo motivo para comemorar. Em dez anos nós conseguimos reduzir o percentual de analfabetos em menos de 3%. Isso é pouco! Se observamos a qualidade do ensino é que não temos mesmo o que comemorar", diz a representante do Instituto de Desenvolvimento da Educação (IDE), Cláudia Santa Rosa.

As  estatísticas revelam uma média muito baixa em relação a  qualidade do conhecimento adquirido. Em 2009, o brasileiro de 15 anos ou mais de idade tinha 7,5 anos de estudo, na região Sudeste esse número era de 8,2 anos, Nordeste eram 6,7 anos e no RN, 6,2 anos não concluíram o ensino fundamental obrigatório- direito adquirido constitucionalmente.

Outro dado preocupante revelado pela PNAD 2011 é que do total de analfabetos do RN aproximadamente 71% possuem 30 anos ou mais de idade. Esses números se justificam, segundo Ivanilton Passos, pela falta de uma política de alfabetização para adultos.

Os programas que existem, não são suficientes para atrair essa parcela da população, que durante a infância e adolescência foi excluída do direito, garantido por lei, de ter acesso a educação.

"Esses programas de alfabetização de adulto servem muito mais para certificar a conclusão do ensino médio do que para fazer com que se aprenda de fato", critica Santa Rosa.

Ainda segundo ela, as pessoas na faixa de 30 anos ou mais precisam de um estímulo maior para voltar aos bancos da escolas. Eles já estão no mercado de trabalho, trabalham o dia todo. "Não é uma escola qualquer, com um ensino qualquer que vai atrair essas pessoas. E se essa 'escola morta' não mudar, essa parcela da população vai continuar engrossando o calda do analfabetismo", diz a educadora.

Mulheres estudam mais que homens, segundo IBGE

A PNAD revela que as mulheres estudam mais que os homens. Em 2011, a população de 10 anos ou mais de idade tinha, em média, 7,3 anos de estudo. As mulheres, de modo geral, são mais escolarizadas que os homens, com média de 7,5 anos de estudo, enquanto eles têm 7,1 anos de estudo.

Ainda de acordo com a PNAD, em todos os grupos etários, com exceção do grupo de 60 anos ou mais de idade, a média de anos de estudo das mulheres foi superior a dos homens.

A maior média foi a do grupo etário de 20 a 24 anos (9,8 anos), sendo de 10,2 anos de estudo na parcela feminina e de 9,3 anos na masculina. No que diz respeito a educação superior, dos 96 mil estudantes, 60,4% eram mulheres. A participação feminina é ainda maior nas instituições privadas: cerca de 70%.

Para a educadora Cláudia Santa Rosa, esses números explicam índices sociais que  estão ligados a educação, apesar de muitos acharem que não.

"Eu demorei muito para entender as estatísticas de homens que morrem mais que as mulheres. E hoje eu vejo que isso tem relação com a educação. Como mostrou a PNAD os homens são menos escolarizados que as mulheres, principalmente na faixa entre 20 e 24 anos. E é nessa faixa que estão registrados os maior número de morte entre eles. A morte da educação provoca a morte, em doses homeopáticas, da sociedade", diz a educadora.

Outro dado importante diz respeito ao atendimento da educação pública. No RN, a rede pública atende quase 90% dos estudantes dos níveis fundamental e médio. Já no nível superior apenas 39,5% dos estudantes estão nas universidades públicas.

Nesse quesito o RN segue uma tendencia nacional, pois dos 53,8 milhões de estudantes em 2011, 42,2 milhões (78,4%) eram atendidos pela rede pública. No ensino superior (6,6 milhões de pessoas), a rede privada atendeu 73,2%.

Ensino superior sente reflexo da falta de qualidade da base

A falta de qualidade do ensino (nível fundamental e médio) oferecido no Rio Grande do Norte reflete diretamente no desempenho dos estudantes no ensino superior e posteriormente, no mercado de trabalho.  A Universidade Federal do RN (UFRN) não tem dados estáticos, mas o De acordo com o Pró- Reitor de Graduação da instituição, confirma que muitos alunos entram no ensino superior com dificuldades em alguns conteúdos ofertados no ensino fundamental e médio.

"Infelizmente, muitos  alunos chegam à UFRN com dificuldades em assuntos básicos e isso é uma herança da formação insuficiente oferecida pela educação básica", diz o Pró- Reitor de Graduação da UFRN, Alexandre Lara.

Ainda segundo ele, a Matemática é o principal 'calo' dos universitários, seguida pela Redação. Boa parte desses alunos que apresentam dificuldades são oriundos da rede pública de ensino, mas o Pró Reitor explica que também existem estudantes de escolas particulares com deficiência em assuntos ligados ao ensino fundamental e médio.

Para tentar recuperar o tempo perdido, a Universidade está tomando uma série de iniciativas para promover a elevação da taxa de sucesso em seus cursos. De acordo com Alexandre Lara, a ideia é colocar esses alunos para rever alguns conteúdos básicos paralelamente ao conteúdo dado no curso superior. Alunos mais avançados atuariam como monitores daqueles que acabaram de entrar na UFRN e apresentam alguma dificuldade.

"Essa deficiência precisa ser ajustada nas escolas, mas, infelizmente, muitas preparam apenas para o vestibular ou Enem, o que é errado. Isso vira uma bola de neve, pois os alunos com deficiência em algum conteúdo vão ter dificuldades de  sair da universidade e de entrar no mercado de trabalho. Essa situação tem que ser resolvida na base da educação e o mais rápido possível", diz Alexandre Lara.
Fonte: T ribuna do Norte

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Em defesa do amigo e cidadão José Dirceu


jose dirceu blog Em defesa do amigo e cidadão José Dirceu
Dez anos atrás, nesta mesma época, todo mundo queria ser amigo de José Dirceu, o coordenador da campanha que dali a alguns dias levaria Lula à sua primeira vitória nas eleições presidenciais.
Hoje, é tratado pela maior parte da imprensa como se fosse o inimigo público número um, alguém a ser execrado e combatido de todas as formas, embora ainda lhe restem muitos amigos.
Nomeado ministro-chefe da Casa Civil, Dirceu teve papel importante na formação do governo eleito, sem maioria no Congresso Nacional. Discutida durante várias semanas, a aliança com o PMDB, o maior partido no parlamento, não deu certo.
Nascem aí, a meu ver, as dificuldades políticas do PT, que três anos depois levariam o partido a ser denunciado no caso do mensalão, dando início ao processo ora sendo julgado pelo Supremo Tribunal Federal.
Bem antes, porém, do STF abrir suas portas para colocar em pauta a ação penal 470, José Dirceu já parecia condenado às penas máximas, e ponto — só não se exigindo a pena de morte porque não consta da nossa legislação.
O bombardeio contra Dirceu na opinião pública foi de tal ordem que não podia mais haver nenhuma discussão sobre os autos e as provas constantes do processo.
Simplesmente, não se admitia dos ministros do STF outra decisão a não ser condená-lo e mandá-lo para a cadeia, com ou sem provas, quaisquer que fossem os argumentos da defesa.
Programado para coincidir com a reta final da campanha eleitoral, o julgamento de José Dirceu, José Genoíno e Delúbio Soares na próxima semana é tratado como causa vencida, antes que seja dado o primeiro voto no STF.
Dirceu tornou-se o símbolo do PT a ser destruído, mas na verdade o que se busca com a sua condenação é desconstruir a imagem do governo de Lula, aprovado por mais de 80% da população, e do seu partido. No noticiário, nas colunas, nos blogs e nos comentários das redes sociais, virou uma guerra de extermínio, a vingança de quem perdeu o poder em 2002.
É nesse clima de esfola e mata que um grupo de artistas, intelectuais e acadêmicos está preparando um documento, que já conta com mais de 200 assinaturas, em defesa de um julgamento que respeite os réus e não ceda ao massacre promovido pelos meios de comunicação.
"Não reivindicamos a inocência de ninguém. Mas esperamos que os ministros do STF saibam punir quem tem de ser punido. E inocentar quem tem direito à inocência", diz um dos articuladores do texto, o produtor de cinema Luiz Carlos Barreto, 82 anos, velho amigo do ex-ministro.
"Não é um manifesto. É um texto filosófico-doutrinário de cidadãos brasileiros preocupados com a manutenção de alguns direitos constitucionais, sobretudo o direito à presunção da inocência", explicou Barreto a Fabio Brisolla, da Folha.
"Somos contra a espetacularização do julgamento, o pré-julgamento e a pré-condenação que vem se fazendo publicamente. Esperamos que o julgamento seja feito no tribunal". O nome de José Dirceu nem é citado no texto.
Um dos signatários é o arquiteto Oscar Niemeyer, que disse a O Globo: "Desde o início há uma campanha contra o José Dirceu. Um exagero.” O economista Luiz Carlos Bresser-Pereira, que foi ministro no governo de Fernando Henrique Cardoso, justificou sua adesão ao documento por se tratar de "um texto que fala sobre como se aplicam os princípios de direito em geral, que precisam ser seguidos".
Os autores do documento ainda não decidiram se a mensagem será enviada aos ministros do STF. Entre outros, assinam o texto o compositor e poeta Jorge Mautner, a empresária Flora Gil, mulher de Gilberto Gil, os cineastas Bruno Barreto e Tizuka Yamazaki, o escritor Fernando Morais e o músico Alceu Valença.
Em outras palavras, questões jurídicas e político-eleitorais à parte, o que o documento dos seus amigos reivindica é respeito aos direitos do cidadão José Dirceu.
Fonte Balaio do Kotoscho

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Política

Apoio de Dilma à Larissa Rosado causa ciumeira


Segundo o jornalista João Bosco Rabelo, do jornal O Estado de São Paulo, o apoio direto e pessoal da presidente Dilma Rousseff à candidatura a prefeito da deputada estadual Larissa Rosado (PSB), tem causado ciumeira.
Veja o que ele escreve sobre o assunto:
De exceção em exceção, a presidente Dilma Rousseff , que prometera restringir sua participação na campanha eleitoral a São Paulo e Belo Horizonte, já marcou presença no Rio, Manaus e, mais recentemente, chegou a … Mossoró, no Rio Grande do Norte. Ela gravou para o programa eleitoral de Larissa Rosado (PSB), líder nas pesquisas na cidade mais importante do Estado.
Como Larissa é do PSB e Mossoró não é capital, resta a probabilidade de a presidente ter decidido participar por se tratar de cidade estratégica, tradicional reduto do DEM e especialmente importante para o senador José Agripino (DEM), a quem Lula dedicou especial empenho em derrotar, sem êxito, por considerá-lo um dos artífices da extinção da CPMF em seu governo.
A candidata de Agripino e da governadora Rosalba Ciarlini (DEM) é Cláudia Regina que, embora em segundo lugar nas pesquisas, está nos calcanhares da líder.
O fato de Larissa ter por vice o petista Josivan Barbosa amenizou o ciúme dos dirigentes petistas, que estão em guerra declarada com o governador Eduardo Campos, padrinho da candidatura, após o rompimento das alianças entre PSB e PT em Belo Horizonte e Recife.
Mas Dilma obteve o descontentamento do PMDB. O ministro Garibaldi Alves, da Previdência Social, e o líder do partido na Câmara, Henrique Eduardo Alves, estão com o DEM na cidade. Mossoró é o segundo maior município do Rio Grande do Norte e desponta como um dos principais arrecadadores de royalties de petróleo. Em 2011, esse valor chegou a R$ 392 milhões.
Blog de Carlos Santos

sábado, 15 de setembro de 2012

Ritual da decapitação


O novo desentendimento público entre os ministros Joaquim Barbosa, relator, e Ricardo Lewandowski, revisor, expôs a ponta de uma questão que pode se tornar a mais grave deformação no julgamento da Ação Penal 470, chamada de mensalão.
Wanderley. Na perspectiva de um julgamento de exceção
“Esse julgamento não é dos mais ortodoxos que já se processaram neste Supremo”, observou Lewandowski, gravemente, ao longo do bate-boca para o qual foi puxado por Joaquim Barbosa na quarta-feira 12.
O ministro não desvendou a insinuação que fez. Mas há ocorrências que conduzem a uma heterodoxia que projeta um futuro diferente. Ou seja, embora o tribunal não seja de exceção, o julgamento poderá vir a ser se forem consumados indícios formados a partir de alguns votos.
“Não sei se o ex-ministro José Dirceu é inocente ou se, como outros, cometeu algum crime à sombra do ilícito caixa 2. Os autos devem esclarecer isso. Há algo, todavia, independente dos autos: será um julgamento de exceção se for condenado por não haver provas contra ele”, observa Wanderley Guilherme do Santos, o maior cientista político brasileiro vivo, que a Universidade Autônoma Nacional do México considerou um dos cinco mais importantes da América Latina.
Ele observa: “Alguns magistrados estão prontos a contorcionismos chineses para escapar à evidência de que a legislação eleitoral é causa eficiente do caixa 2 que, por sua vez, proporciona a oportunidade para diversos outros crimes”.
Wanderley Guilherme acredita que comentários antecipando votos condenatórios, com base em provas nos autos, abrem estranhamente caminho para “condenações sem provas”. Essa contradição se explica assim:
A premissa – sustentada pela ministra Rosa Weber – de que chefes de quadrilha, homens poderosos, não deixam rastros é interpretação peculiar da tese do domínio do fato. “Pode ser defensável, mas requer comprovação”, contrapõe Wanderley.
Até agora, constata, nenhuma condenação se apoiou em tal tese ou, ainda, na versão mais amena de que, quanto mais elevado nas hierarquias de poder, maior a possibilidade de que criminosos eliminem indícios. Todas as condenações se sustentaram em provas.
João Paulo Cunha e Henrique Pizzolato foram condenados com provas toscas. Eram, no entanto, homens de poder e influência. O primeiro, presidente da Câmara na ocasião, era o terceiro homem na linha da sucessão presidencial. O segundo integrava a alta administração do Banco do Brasil.
“A interpretação do domínio do fato é a espinha dorsal para a condenação sem provas”, sustenta o cientista político.
“O procurador e o ministro, paralelamente aos autos, construíram um enredo perverso que ligaria todos os ilícitos como se tudo fosse uma coisa só”, afirma ele.
Essa conexão é o eixo em torno do qual gira o raciocínio de que, quanto mais elevada for a posição do criminoso nas hierarquias sociais, mais fácil a ocultação de provas. Por consequência, como diz Wanderley Guilherme, “não havendo provas é forte o indício de que há o mando de uma autoridade”.
Ele denuncia: “O discurso abstrato sobre o domínio do fato nada tem a ver com o voto real, sendo apenas preparatório para o momento em que não houver prova alguma e os juízes condenarem assim mesmo. Um julgamento de exceção”.
Ou seja, tudo indica que está preparado o ritual de decapitação de José Dirceu. E dane-se se não houver provas.
Fonte: carta Capital

terça-feira, 11 de setembro de 2012


 Última crônica de Airton Monte

Última crônica de Airton Monte


E-mailImprimirPDF




Airton_MonteAIRTON MONTE
Feitio de oração
E quando conversamos, meu Deus e eu, jamais Ele me fala em céu ou inferno, em graça e castigos. De há muito meus lábios não se abrem para fazer, contrito, uma oração ajoelhado em um banco de igreja ou mesmo quando me encontro em casa, sozinho, de braço dado com as minhas angústias e minhas aflições. Faz tanto tempo que não entabulo uma conversazinha com Deus, a sós, pedindo ajuda, tirando minhas dúvidas, que são muitas, ou mesmo para agradecer, genuflexo, as pequenas e grandes graças que tenho recebido pela vida afora. Sim, há vários momentos em que meu ateísmo vacila e como a Torre de Pisa no meio de um terremoto, balança, balança, balança, mas não cai de todo. O Deus, no qual por muitas vezes creio e socorro suplico, é bastante diferente Daquele ou Daqueles em que as outras pessoas costumam acreditar. Ai de mim, que não perco essa tola mania de querer ser sempre original. Do meu Deus não tenho um pingo de medo sequer, mas um amoroso respeito e com todo o respeito, Senhor, igual ao que eu sentia por meu pai. O meu Deus também não me ameaça com os mais terríveis castigos nem me tiraniza com ordens de um cruento ditador. Deixa que eu cultive as minhas opiniões, embora eu pense que Ele considere algumas delas estapafúrdias. Sempre que converso com Ele, parece até que estou batendo um papo descontraído com um velho e querido amigo, como creio que devem ser O Criador e sua criatura.
E quando conversamos, meu Deus e eu, jamais Ele me fala em céu ou inferno, em graças e castigos, em fieis e infiéis, em hereges e santos, inocentes e culpados. Nosso assunto preferido é sempre a bondade que reside no fundo da alma de cada ser humano e que nos faz ser verdadeiramente humanos. O meu Deus, além disso, é dotado de um incomensurável senso de humor e dá divinas gargalhadas com o que se comenta a respeito Dele. Todos estão certos e todos estão errados, já que sou, por definição, o Indefinível. Assim Ele me fala, me piscando o olho e com um sorriso maroto no rosto divinal. Por vezes, Ele assume a aparência de um velho. Por vezes, a de um garoto, numa espécie de brincadeira somente permitida aos seres onipotentes e oniscientes, se desenhando em novas formas no esculpir das nuvens. E aproveitando dessa intimidade que Ele me concede, como sei que concederia a qualquer outro, fiz ao Senhor alguns poucos pedidos, na ansiosa espera de me serem concedidos e que tornarão a minha existência mais leve e mais aliviada das chatices do dia a dia e às quais todos nós estamos indefesamente sujeitos, seja lá quem formos ou deixemos de ser. Livrai-me, Senhor, dos que ferem a espontaneidade anárquica do botequim, querendo impor regras e limites burocráticos aos seus frequentadores, insistindo em filosofar a sério sobre mulher, futebol e vida alheia. Pois o botequim é sinônimo de espontaneidade, do imprevisível, do inusitado, do quando menos se espera é que acontece. Livrai-me, Senhor, dos que, ao invés de contarem piadas, “causos” e lérias, teimam em discutir política com acirrado fanatismo ideológico. Livrai-me, Senhor, da presença dos falsos amigos, esses Judas do afeto, esses fariseus do bem-querer.
Livrai-me, Senhor, dos falsos pastores, que falam Teu Santo Nome em vão e cujo rebanho nada mais é do que a salvação da lavoura. Do pastor, é claro. A todos eles, os que enganam e traem a boa fé do semelhante, castigai-os, Senhor, com uma mulher estabanada, que fale mais que o locutor do Jóquei Clube. E, ao mesmo tempo, Senhor, perdoai-me por pedir o sofrimento para meu semelhante. Livrai-me, Senhor, do imposto de renda, do bolso vazio, do emprego perdido, da firma reconhecida, dos credores inoportunos que tocam a campainha pela madrugada, nos roubando o sono e a esperança. Livrai-me, Senhor, da fila dos bancos, dos juros do cheque especial e do cartão de crédito, da promissória vencida, do salário atrasado, das saidinhas bancárias, que os bandidos não dão trégua, Senhor. Por via das dúvidas, Senhor, livrai-me precipuamente das pragas de ex-mulher rancorosa, que são piores do que praga de mãe e atormentam os infelizes pela vida afora.
Dos maus poetas, Senhor, livrai-me urgentemente, que deles a poesia quer distância por uma questão de sobrevivência. Livrai-me, Senhor, do sexo feito às pressas, num simulacro de paixão. Livrai-me, Senhor, das pobres e tristes criaturas castas, que odeiam o próprio corpo e seus desejos e para quem Deus tornou-se sinônimo perfeito de mortificação e de martírio, livrai-me, Senhor, para todo o sempre. Fazei com que eles recuperem a alegria de viver. Livrai-me, Senhor, dos assassinos de árvores, que trucidam o verde cinturão de Fortaleza e a transformam num deserto de cimento armado por onde os hunos contemporâneos passeiam as suas patas. Livrai-me, Senhor, dos políticos safados, dos padres de passarela, dos juízes marreteiros, das baratas, das traças, dos cupins que infernizam o existir daqueles que amam os livros. Livrai-me, Senhor, das desilusões paternas e da ideia besta de que os filhos nunca crescem. Das mulheres que não sabem cozinhar, nem fazer cafuné e caldo de caridade, Livrai-me, Senhor, pelo amor de Deus. Livrai-me, Senhor, de todos os relógios que me escravizam ao tempo. E se não for pedir muito, Senhor, livrai-me jamais dessa capacidade infinita de sonhar e que me faz sublimemente humano, à Vossa imagem e semelhança. Enviado por Cartaxo Arruda Junior - Memorialista.
Fonte: Blg Dilma

sexta-feira, 7 de setembro de 2012


As independências do Brasil

I ndependência não se resolve no grito. Nem mesmo quando o grito tem a simbologia daquele que foi dado às margens do Riacho do Ipiranga há 190 anos. Logo depois, o Brasil teve que começar uma nova dependência que foi a assunção de dívidas portuguesas junto à Coroa Inglesa. Do contrário, o então todo-poderoso império inglês não reconheceria a nossa “independência”, mesmo que não mandasse as canhoneiras. Nem independência nem morte. Apenas o desprezo. Assim o Brasil foi se arrastando sempre tentando se mostrar independente a duras penas diante de um “concerto” desconcertante das nações, onde poucos países mandam e muitos obedecem. Ficando sempre no prejuízo para provar que têm juízo... Ainda somos um país com muitas dependências, mas inegavelmente os últimos dez anos foram de pequenos, mas importantes avanços. Deixamos de ser escravos do FMI e do Clube de Paris. A dívida externa resiste e nos mina o progresso pujante, mas já não temos que estar a cada três meses estirando tapete vermelho e lambendo botas de tecnocratas do FMI e do Banco Mundial. Lula também nos deixou independentes do “excesso de zelo” na construção do superávit primário, uma veia aberta por onde sangravam investimentos da educação, da saúde e da infraestrutura. Investimentos que ainda são poucos. Livramo-nos também da Espada de Dâmocles do Risco Brasil, que era o segundo maior do mundo, na casa dos 2.700 pontos, hoje abaixo de cem, sei lá. Tínhamos uma dependência terrível em relação aos investimentos externos. Só botando sangue pela boca, tirando os sapatos e baixando as calças tínhamos um bilhãozinho de dólares investidos no Brasil. Hoje conseguimos o chamado padrão de investimento que faz com que quem tem dinheiro por aí a fora venha plantá-lo em solo pátrio e não apenas pegar dinheiro do BNDES para “investir” no Brasil, com direito a terreno de graça, obras de infraestrutura e a vida de Matusalém em isenção fiscal. Com Lula conquistamos a independência energética. Saímos de um milhão de barris diários de petróleo para mais de três milhões e o Pré-Sal por mais que a direita brasileira critique vai transformar o país num grande exportador. Afora os grandes avanços que tivemos na produção de energias alternativas como biodiesel e o etanol, invenções nossas e que vêm transformando o Brasil numa potência energética. Além do que, o Brasil hoje já é mais apenas o País do futebol, do carnaval e das mulatas peladas. O homem símbolo do Brasil é um político chamado Lula e a mulher símbolo do Brasil é a terceira mais poderosa do mundo, Dilma Vana Rousseff, que foi escolhida por Barack Obama para lançar com ele um plano mundial de combate à corrupção. E o Brasil este ano produziu mais soja que os Estados Unidos. Além de passarem de duzentas as patentes tecnológicas do petróleo vendidas para o chamado primeiro mundo. Temos pouco a comemorar pelos 190 anos de independência, mas temos muito o que comemorar pelos últimos dez anos. Sorrisos por esta década que estamos construindo há trinta e poucos anos de sangue, suor e lágrimas.
Crispiniano Neto- J. de Fato

quarta-feira, 5 de setembro de 2012


TRE defere candidatura de Goreti, mas nega registro a Zé Lins


Em sessão realizada na tarde desta quarta (5), o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RN) julgou pelo não provimento dos recursos interpostos pelas coligações Unidos Para Mudar e A Força do Compromisso, contra o registro de candidatura da prefeita de Apodi e candidata a reeleição, Goreti Pinto (PMDB).
Por maioria de votos, os juízes confirmaram a participação de Goreti nas eleições apodienses.
Com a decisão, os três candidatos que ingressaram com registro de candidatura para as eleições de 7 de outubro,  estão aptos a continuarem na disputa.
Em Apodi a disputa será entre Flaviano Monteiro (PC do B), Goreti Pinto (PMDB) e José Pinheiro pelo PR.
Já com relação à cassação do registro de candidatura do ex-prefeito de Currais Novos, José Lins, que disputaria a Prefeitura Municipal de Currais Novos pelo PR. O tribunal manteve a decisão desfavorável ao candidato por 4 votos foram favoráveis a cassação e apenas um contrário, no caso o do relator do processo.
O juiz relator Gustavo Smith defendeu o registro de José Lins. Ele observou que a prática de compra de voto foi reconhecida pelo Tribunal Regional Eleitoral em 2010. “A Corte andou bem ao condená-lo a pena de multa”, comentou. Ele disse que não estava configurada a inelegibilidade de José Lins.
No entanto, por maioria de votos, o TRE decidiu manter a cassação.
Jornal  de fato

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

A emissora TCM divulgou hoje, em Mossoró, mais uma rodada de pesquisas de intenções de votos encomendada ao instituto Certus.
As 500 entrevistas foram feitas nos dias 30 e 31 de agosto e a pesquisa foi registrada no TRE sob número de protocolo RN-00073/2012 .

Eis os índices da pesquisa estimulada, quando os eleitores foram questionados sobre em quem votariam para prefeito se as eleições fossem hoje::


Larissa Rosado (PSB): tinha 42,6% em julho, 42,4% em agosto e agora tem 46,8%

Cláudia Regina (DEM): tinha 31,4% em julho, 36,2% em agosto e agora tem 36%.
Professor Josué : tinha 2% em julho, 1,2% em agosto e agora tem 1,6%.
Cinquentinha: tinha 0,8% em julho, 0,2% em agosto e agora está com 1,2%.
Ednaldo Calixto: tinha 0,2% em julho, 0,6% em agosto e agora não pontuou.
Nenhum: em julho eram 8%, em agosto 8,8% e agora, 7,2%
Não sabem: em julho eram 14,8%, em agosto 10,4% e agora 7,2%.

*
As duas principais candidatas à prefeita de Mossoró subiram, de acordo com os índices de intenções de votos…e a subida também se refletiu na Rejeição. As duas são mais rejeitadas hoje do que em julho.
Eis:
Larissa: 13% em julho, 14,4% em agosto e 17% agora em setembro
Cláudia: 11,8% em julho, 12,4% em agosto e 20% agora
Cinquentinha: 17,4%, 12,2% e 14,6%
Josué: 3,6%, 2,8% e 1,4%
Ednaldo: 3%, 4% e 5,8%
Outras respostas: 4,8%, 4,8% e 5,8%
Rejeita nenhum: 31,4%, 34% e 23,6%
Não sabem: 0,4%%, 0,6% e 0,2%
Não responderam: 9,2%, 8,8% e 1%
Rejeitam todos: 5,4%, 6% e 4,6%
Fonte Thaisa  Galvão

Universidades do RN estão entre as melhores do país

Listagem foi elaborada pelo jornal Folha de São Paulo e criada a partir de quatro requisitos.


As universidades do estado estão na listagem, elaborada pelo jornal Folha de São Paulo, das melhores instituições de Ensino Superior do Brasil. A Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) está em 21º lugar, Universidade Federal do Semi-Árido (Ufersa) em 75º colocado, Universidade Potiguar (UnP) em 152º e a Universidade Estadual do RN (Uern) ficou na 126ª posição.

Foram avaliados os seguintes requisitos: pesquisa (a partir dos artigos científicos publicados), qualidade de ensino, avaliação do mercado e indicador de inovação (através do pedido de patentes).

O curso de Administração, Biologia, Ciências Contábeis, Direito, Educação Física, Engenharias, Matemática, Letras, Pedagogia, Psicologia, Serviço Social da UFRN e Engenharias da UnP estão inclusas na lista dos melhores cursos de graduação do Brasil.

Na parte de áreas de conhecimento, a UFRN se destacou na parte de Ciências Humanas e Exatas. As quatro universidades do Rio Grande do Norte também mostraram bons índices no indicador de inovação e na área de pesquisa.

A UFRN ficou em 24º lugar no ranking de inovação, a Uern em 42º e a UnP em 43º e empatado com a Ufersa. No requisito pesquisa, a federal do estado ficou na posição número 29 e a do Semi-Árido em 63º. Já a Uern ficou em 117º e Unp em 177º.

O Ranking Universitário Folha (RUF) é uma listagem inédita e foi criada a partir de uma metodologia própria, inspirada nas avaliações internacionais. Ela mescla indicadores de pesquisa e inovação e a opinião do mercado de trabalho e de pesquisadores renomados.

A listagem incluiu 191 universidades, distribuídas em 188 posições, pois houve empates. Mais detalhes da listagem podem ser conferidos no site http://ruf.folha.uol.com.br.