quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013


Sistema de esgotos de Apodi será ampliado
As obras de saneamento são consideradas de grande interesse público, haja vista que estão diretamente ligadas à saúde da população. Uma ampliação que vai ser realizada no poço de sucção, da Estação Elevatória 2, da Bacia II, do  Sistema de Esgotos Sanitários de Apodi, vai proporcionar  a implantação de mais 1.500 ligações de esgotos, do tipo condominial, naquela cidade. A Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (CAERN) vai investir, com recursos próprios, R$ 846 mil e marcou licitação para o dia 6 de março.
O sistema condominial recolhe os esgotos por quadra, reunindo várias casas em uma só ligação para a rede coletora, de onde os dejetos são destinados à estação de tratamento. A modalidade reduz a tarifa do serviço em 50%, se comparada com o sistema convencional.
A empresa vencedora do processo licitatório na modalidade tomada de preços, terá 180 dias para a conclusão do serviço de engenharia, com fornecimento de material e equipamentos, a partir do recebimento da ordem inicial de serviço a ser expedita pela Caern.
A Bacia 2, do  sistema de esgotos  sanitários de Apodi,  engloba uma área de 85 hectares e atende a uma população de 9.500 pessoas, número previsto para ser alcançado somente em 2018, conforme o projeto original. Daí a necessidade da ampliação, visando acompanhar o acentuado crescimento demográfico daquela área da cidade.
A nova estação elevatória vai utilizar bombas submersíveis e o poço de sucção será construído em concreto armado, com resistência à compressão e compatível com a necessidade ambiental da área.
Do Gazeta do Oeste 

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013


Emoção no encontro de pedagogos com ex-alunos de Paulo Freire


Participantes da Pedagogia Freireana com mais de 70 anos, em Angicos
Há 50 anos agricultores de Angicos participaram de experiência pioneira com o educador Paulo Freire. Denominada “40 horas de Angicos”, a experiência trouxe a proposta de alfabetizar jovens e adultos. Sábado (23) os participantes da Pedagogia Freireana, hoje com uma média de idade acima de 70 anos, se encontraram com pesquisadores brasileiros e estrangeiros participantes do I Seminário Internacional Diálogos com Paulo Freire, realizado na quinta e sexta-feira em Natal. A ideia foi promover uma roda de conversa entre os ex-alunos e os pesquisadores.
O encontro, marcado pela emoção, proporcionou aos pesquisadores conhecer a cidade e os principais atores da primeira experiência Freireana. “É um imenso prazer poder receber essa importante comitiva, proporcionando, dessa forma, esse encontro que é de grande importância para quem se interessa pela obra do educador Paulo Freire”, ressaltou a professora da UFERSA Angicos e coordenadora do Grupo de Estudos Paulo Freire: Gnoseologia, Realidade e Educação, Dra. Rita Diana Gurgel.
Na ocasião, os professores e pesquisadores da área de educação popular Alba Pereyra Lanzillotto, da Argentina; Cármem das Dores de Jesus Cavaco, de Portugal e, Mariano Alberto Isla Guerra, de Cuba, além dos pesquisadores brasileiros do Rio de Janeiro, São Paulo, Pernambuco e Natal (UFRN), participaram de uma roda de conversa com os ex-alunos das “40 horas de Angicos”.
Durante o encontro, os pesquisadores quiseram saber sobre a experiência com o educador há 50 anos. Puxando pela memória, os ex-alunos relataram como aconteciam as aulas, o ambiente e a importância do projeto que possibilitou a alfabetização dos agricultores. O projeto representou a única oportunidade de aprendizagem escolar dos idosos. Para a maioria dos ex-alunos, ter aprendido a assinar o nome foi a maior conquista.
Segundo os idosos, as dificuldades vivenciadas naquela época, 1963, eram obstáculo para o aprendizado. “Trabalhava o dia todo no sol e a noite ia assistir as aulas, numa sala iluminada por um lampião”, revelou um dos ex-alunos. Outra lembrou que o educador, além de ensinar a ler e escrever, mostrava o sentido dela. “Tijolo é feito de barro, de onde vem o barro, pra que serve a casa, temos casa para morar?”. Essas eram algumas perguntas em sala de aula, revelou, ficando constatada a formação da consciência crítica proporcionada pela pedagogia Freireana.
Além de propor a alfabetação dos agricultores, o projeto também proporcionava ensinamentos sobre política. “Na aula a gente ficou sabendo que faz o vereador, o prefeito, o deputado e o presidente”, afirmou Maria Pureza da Silva, que aprendeu a escrever o nome e revelou a importância do voto. “Ainda hoje faço questão de votar”, reforçou.

PERSONALIDADES – O encontro com os ex-alunos de Paulo Freire também foi acompanho pela Deputada Federal Fátima Bezerra e pelo Deputado Estadual Fernando Mineiro, ambos professores e filiado ao Partido dos Trabalhadores. “As experiências e as ideias de Paulo Freire não podem se perder no tempo. São fundamentos para a luta em defesa da educação e da democracia”, ressaltou.
Para a deputada Fátima Bezerra no ano em que comemoramos meio século das “40 horas de Angicos”, a educação do país tem em jogo importantes decisões na área da educação, citando, por exemplo, a aprovação do Plano Nacional da Educação, o debate sobre os royalties e a consolidação dos Institutos Federais de Educação e das novas universidades, inclusive, a UFERSA. A deputada revelou a satisfação de estar em Angicos. “O sonho da UFERSA é exemplo da luta em defesa da educação, uma luta que continua para fortalecer a expansão do ensino superior e da formação profissional”.
Ainda segundo a deputada, o Rio Grande do Norte foi o Estado, proporcionalmente, mais beneficiado com a expansão, pulando de dois para 16 Institutos Federais. “Lages e Parelhas deverão ser inaugurados ainda nesse ano”, revelou. Outra novidade anunciada pela deputada foi à indicação da presença da presidenta Dilma Russef, no próximo dia 2 de abril em Angicos. Nessa data, se comemora os 50 anos das “40 horas de Angicos” e, nesse dia, a ideia é lançar a pedra fundamental do Memorial Paulo Freire, a ser construído nas dependências da UFERSA Angicos.
Para o deputado estadual Fernando Mineiro, a ideia do Memorial é uma forma de discutir meio século de história, com a construção de um centro de educação. “Devemos lançar o nosso compromisso de analfabetismo zero como meta para os próximos 10 anos”. “A maior homenagem nos 60 anos das 40 horas de Angicos seria alcançar essa meta”, reforçou.

SIMPÓSIO
Aproveitando a presença de tantos adeptos da Pedagogia Freireana nas dependências da UFERSA Angicos, o Grupo de Estudo Paulo Freire, promoveu após a roda de conversa, o Simpósio Internacional Múltiplas Visões de Paulo Freire na Contemporaneidade, com a participação dos professores estrangeiros, onde colocaram as experiências de educação popular em seus países, tendo como eixo norteador a obra do pedagogo brasileiro. “Reconstruir a memória é um pouco alfabetizar. Nesse momento, Paulo Freire não se faz presente apenas na teoria, representa possibilidade de conhecimento e transformação, para a promoção e a difusão do pensamento de Paulo Freire”, afirmou a professora Argentina, Alba Pereyra.
Após a explanação da professora argentina, também explanaram suas experiências a professora portuguesa, Cármem Cavaco, que ressaltou a importância da educação com ações coletivas e afirmativas. “A crítica em si só não tem valor, devemos partir para a ação numa mobilização coletiva”, frisou. Já o professor cubano, Mariano Guerra, lamentou o alto índice de pessoas analfabetas nos países latinos. Segundo o professor, Cuba foi o primeiro país a se livrar no analfabetismo, em 1963. “Paulo Freire não se faz presente só na teoria. A sua obra representa possibilidade de crescimento e transformação”, afirmou.
O Simpósio contou também com a participação de professores da diretoria do Sindicato dos Trabalhadores em Educação e da Confederação Nacional de Educação, do IFRN e da Prefeitura e da Câmara Municipal de Angicos.
Fonte: Ascom/Ufersa


O verdadeiro estilo tucano de governar e lidar com o dinheiro público

Desde que Aécio Neves fez um discurso detonando os dez anos do PT no governo federal, petistas históricos estão no encalço dele, descobrindo-lhe os nós que ele tem pelas costas. Quanto ao jeito de lidar com o dinheiro público, Zé Dirceu trabalha num artigo as contradições de Aécio, o novo príncipe da mídia, cujos defeitos estão mostrados como virtudes pela mídia que quer fabricar um novo ídolo para os eleitores menos avisados. Vejamos:
Leio hoje nos jornais duas informações que mostram bem o estilo tucano de governar e lidar com o dinheiro público, contrariando mais uma vez toda a retórica que o PSDB e, agora principalmente, Aécio Neves vem tentando fazer o eleitor engolir.
A primeira notícia, Folha de São Paulo, é que o Conselho Nacional de Justiça decidiu não renovar, no ano passado, contrato com a Fundação Renato Azeredo, de Minas Gerais, criada pelo senador tucano Eduardo Azeredo. A entidade tinha sido contratada em 2010, sem licitação, para prestar serviços de comunicação, por R$ 1,6 milhão.
A vigência do contrato era de seis meses, mas passou para um ano e chegou ao valor de R$ 4,2 milhões. O nome da fundação é em homenagem ao pai do deputado do PSDB.
A fundação se dizia de notória especialização e foi contratada sem licitação por vários órgãos do governo do PSDB em Minas, curiosamente sem despertar nenhuma atenção da imprensa até agora. A estimativa é de que, de 2002 a 2011, incluindo dois governos de Aécio Neves, tenham sido transferidos R$ 212 milhões à fundação criada por Eduardo Azeredo.

Superávit fantasioso
Também chamo atenção para o informe do Sindifisco-MG (Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita Estadual de Minas Gerais) publicado hoje em alguns jornais sobre mais uma tentativa tucana de iludir o eleitor. O sindicato diz que o superávit do Estado de Minas de R$ 2,07 bi em 2012 é resultado do endividamento mineiro.

Falso ajuste
"Em Minas Gerais, o alardeado ajuste de contas e déficit zero, como resultado do 'choque de gestão', política implementada por Aécio Neves e continuada pelo atual governador, Antônio Anastasia, não passa de falácia. O que é divulgado na mídia e nos discursos oficiais não corresponde à realidade da população mineira, que sofre com o descaso do governo e a carência de serviços públicos de qualidade", diz o informe.

Na base do empréstimo
O Sindifisco-MG acrescenta que o comemorado superávit só foi alcançado porque houve ingresso de novos empréstimos de R$ 3,8 bi: "Na verdade, esse superávit é superficial, porque não foi conseguido pelo aumento da receita própria e, sim, pelo aumento do endividamento do Estado, por meio de operações de crédito". Minas continua sendo o segundo Estado mais endividado do país em relação à Receita Corrente Líquida.

(Des) equilíbrio
"O governo de Minas escolheu um dos piores caminhos para atingir o equilíbrio financeiro. Fechar as contas a custo de empréstimo não é a melhor saída, porque gera um passivo que terá que ser quitado no futuro, comprometendo o orçamento e as políticas sociais do Estado. Se o objetivo é equilibrar as contas, a alternativa mais sensata é investir na Fiscalização e aumentar a receita própria, e não aumentar a dívida do Estado com a aquisição de novos empréstimos", diz o sindicato.
Cripiniano Neto J. Difato

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013



Pesquisas apontam viabilidade do cultivo de uva na região do oeste potiguar


O clima do semiárido potiguar é propício para o cultivo da uva. “A escassez de chuva e a temperatura média constante, em torno de 32º graus, são condições favoráveis ao cultivo”, diz Django Dantas, Mestre e Doutor em Fruticultura. O estudioso está no segundo ano de vigência do experimento que está sendo montado na Fazenda Rafael Fernandes, pertencente à Universidade Federal Rural do Semiárido, Ufersa.
A pesquisa tem o objetivo de conhecer o comportamento das videiras nas condições climáticas do Rio Grande do Norte. Segundo o pesquisador,  as condições possibilitam duas colheitas anuais, o que não ocorre em regiões de clima frio que possibilita apenas uma colheita. Outra vantagem apontada por Django Dantas é a vida produtiva do parreiral que pode alcançar até 25 anos.
Outro diferencial da pesquisa é a forma de produção com baixo impacto ambiental, ou seja, com menor uso de defensivos.
Serão avaliadas os tipos: Itália Melhorada, Isabel Precoce e Niagra Rosada.  A uva tipo Isabel Precoce tem grande aceitação para mesa, vinho e sucos. Já a Itália Melhorada para mesa e, a Niagra Rosada tem boa aceitação na mesa e para a produção de vinho.
O experimento ocupa uma área de 2.500 m², totalizando 360 plantas irrigadas por micro aspersão. “Observamos que o desenvolvimento ocorreu semelhante às videiras cultivadas no Vale São Francisco”, ressalta o pesquisador. As mudas, estacas e garfos vieram de Juazeiro, na Bahia, e foram produzidas aqui na região.
Análise
A segunda etapa da pesquisa vai acontecer com a pós-colheita prevista para os próximos dias onde serão avaliadas a produtividade, a qualidade do fruto (peso e tamanho do cacho) e o teor de açúcar (Brix). “Nessa etapa vamos obter o ciclo produtivo das três cultivares e comparar com as das uvas produzidas em outras regiões do país”, afirma, acrescentando que a uva é uma fruta de grande produtividade.
O pesquisador acredita ainda que a pesquisa com uva irá contribuir para uma mudança na cultura dos produtores da região. “A uva tem excelente produtividade podendo chegar a 30 toneladas por safra com apenas um hectares plantado”, afirma. O investimento inicial adianta o pesquisador fica em torno de R$ 40 mil. “Na segunda colheita o produtor já tira o investimento”, assegura Django.
Fonte: Jornal de Fato

Ministro da Educação confirma presença no Motores do Desenvolvimento


A próxima edição do seminário Motores do Desenvolvimento do Rio Grande do Norte, que será realizada em abril e abordará o tema Educação, já tem confirmada a presença do ministro da Educação, Aloízio Mercadante. O auxiliar da presidenta Dilma Rousseff elogiou a iniciativa e será um dos palestrantes do seminário.
Aloízio Mercadante recebeu ministro Garibaldi Filho e representantes do seminário Motores do Desenvolvimento do RN
Ontem (19), o ministro da Previdência, Garibaldi Filho, o diretor administrativo da TRIBUNA DO NORTE, Ricardo Alves, a reitora da UFRN, Ângela Bezerra, e o presidente do Sistema Fecomércio, Marcelo Queiroz, tiveram encontro com Aloízio Mercadante e expuseram o projeto, onde diversas autoridades sobre a educação no Brasil estarão presentes. O ministro demonstrou animação com a proposta e garantiu a presença.

O Seminário Motores do Desenvolvimento é uma realização da TRIBUNA DO NORTE, em parceria com a RG Consultoria, sistemas Fiern e Fecomércio e UFRN.
Tribuna do Norte

sábado, 16 de fevereiro de 2013


Carta na Escola

Escolas empobrecidas: sem História nem Geografia


A escola vive uma profunda crise de legitimidade*. O mundo mudou, ficou complexo, novas demandas surgiram. Os estudantes na escola também são outros, diversos na origem e nos interesses. Os professores carecem de condições para um trabalho digno. A sociedade alterou suas expectativas referentes à escola e, assim, criou-se um complicado jogo de múltiplas contradições e, para essa complexidade, não cabem respostas e políticas simplistas.
Foto: Celso Júnior/AE
Foto: Celso Júnior/AE
Afinal, para que a escola existe? Para formar adequadamente as gerações futuras ou para preparar os estudantes para avaliações externas como Enem, Saresp, Prova Brasil, Pisa etc.?
A que se destinariam os conhecimentos? Deveriam eles compor um mosaico para criar curiosidades, desejos e perguntas nos estudantes ou só serviriam para produzir informações para uso em testes de avaliação?
Nós, pesquisadoras de educação, ficamos mais uma vez perplexas ao nos depararmos com a nova proposta curricular do ensino público do Estado de São Paulo. Para bem aprender o Português e a Matemática, sugere-se excluir os conhecimentos de História, Geografia e Ciências do 1º ao 3º ano e manter 10% dessas disciplinas no 4º e 5º anos do currículo básico. Por essa nova proposta, ficou assim decretado: doravante, por meio desse novo currículo básico, as crianças de escolas públicas estaduais só receberão, até o 3º ano, aulas de Português e Matemática! Partindo do pressuposto evidentemente errôneo de que um conhecimento atrapalha o outro, as aulas de História, Geografia e Ciências serão eliminadas do currículo desses estudantes.
Como consequência dessa política, nas escolas de tempo integral, o aluno terá aulas em um período e, no outro, oficinas temáticas das diferentes áreas do conhecimento, algumas obrigatórias e outras eletivas escolhidas de acordo com o projeto pedagógico da escola.
À primeira vista, esse currículo está “rico” e diversificado; no entanto, pelo olhar sério e comprometido, ele estará fatalmente fragmentado. Primeiramente porque verificamos que as oficinas obrigatórias também não objetivam, do mesmo modo, um trabalho com História, Ciências e Geografia; pelo contrário, voltam-se novamente para a Matemática e para o Português.
Além disso, como trabalhar a oficina optativa, por exemplo, de Saúde e Qualidade de Vida sem os fundamentos das ciências? Intriga a essa altura saber: por que oficinas e não estudo contínuo? O que se ganha com isso? Vários equívocos nos saltam aos olhos! O primeiro deles é considerar que o conhecimento de algumas áreas é acessório, ocupa espaço e ainda impede o bom aprendizado do Português e da Matemática!
As concepções de escrita e leitura, por exemplo, acabariam por ser responsabilidade exclusiva de uma única disciplina do currículo. Não seria essa uma visão muito simplista de aprendizagem, pois parece supor que o estudante não desenvolve processos de escrita e leitura também em outras disciplinas?
Outro equívoco é a suposição de que para estudantes de escola pública o mínimo basta! Para que sofisticar com lições da história, da natureza e do lugar do nosso povo? Conhecimento científico seria enfim útil para quê?
A aprendizagem não ocorre por partes. O aprendizado é todo ele integrado e sistêmico. Um bom ensino de História expande o pensamento e as referências e o estudante, assim, tem condições para perceber relações de fatos, tempo e espaço, tão necessárias à aprendizagem matemática.
A Geografia leva nossos pensamentos para viajar em outros espaços; possibilita compreender a diversidade das sociedades, conhecer e apreciar a natureza, aprender a observar e a estabelecer conexões entre lugares e culturas. Mergulhados, assim, nesses novos referenciais, os estudantes podem compreender melhor a própria realidade e encarar suas circunstâncias com pleno envolvimento. Isso certamente repercutirá na sua vida e no seu aprendizado, com consequência, por exemplo, em estudos simbólicos e gráficos.
Como deixar de aproveitar a natural curiosidade das crianças, seu espírito exploratório, suas perguntas intrigantes acerca dos fenômenos da natureza e, dessa forma, tecer as bases de um fundamental espírito científico, que por certo ajudará a compreender a Matemática e a recriar o Português?
Será que a estratégia de oficinas, ao invés do estudo contínuo, dará conta de captar tal complexidade e também de tornar possível um processo de ensino-aprendizagem que seja capaz de construir os conhecimentos de Geografia, História e Ciências que ficaram tão diminuídos no currículo básico?
De nosso ponto de vista entendemos que a questão não é separar para empobrecer. O que vale é democratizar as possibilidades de ser e de estar melhor no mundo. E para que isso aconteça precisamos da integração total de saberes e práticas.
As crianças de classe social mais favorecida possuem, antes já de chegar à escola, uma gama infindável de vivências. As crianças de classe popular, em sua maioria, chegam já à escola destituídas desse capital cultural. Possuem outras ricas e profícuas experiências que, nem sempre, são valorizadas e transformadas na escola. No entanto, o importante é trabalhar pedagogicamente com essas experiências de modo a transformá-las em vivências socialmente válidas. Pensamos que o fundamental é ampliar as oportunidades ao invés de restringi-las; para tanto, a experiência com as diferentes áreas do conhecimento é essencial.
Preocupa-nos o risco de a função da escola, para as crianças dos anos iniciais, limitar-se, a partir da reforma proposta, ao ensino das habilidades mínimas de leitura e escrita e de cálculo, retirando-se as cores e os sabores das descobertas que se fazem no contínuo do seu desenvolvimento. Preocupa-nos que esse projeto ganhe força e se concretize em outros níveis de ensino e em outros Estados. Preocupa-nos que as oficinas contribuam mais para o esvaziamento dos conteúdos do que para a construção de conhecimentos. O que será da nossa escola pública, então? Um reducionismo dos conhecimentos, um estreitamento das concepções de ensino-aprendizagem? O objetivo final será a quantificação em detrimento da qualidade? E, se atingir índices é o foco dos processos de ensino-aprendizagem, o que isso realmente significa? Qual é a verdadeira motivação da política educacional implícita nesse movimento?

As autoras Maria Amélia Santoro Franco (Unisantos), Valéria Belletati (Instituto Federal de São Paulo), Cristina Pedroso (USP/FFCLRP) são doutoras em Educação e Ligia Paula Couto (Universidade Estadual de Ponta Grossa) é doutoranda em Educação. Todas são pesquisadoras do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre a Formação do Educador (GEPEFE) – FEUSP.