sexta-feira, 13 de maio de 2016

O golpe é o autoritarismo, a covardia, a perversão política que quer se perpetuar a qualquer custo

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Foto: Tela de Hieronymus BOSCH (1450-1516). Cristo Carregando a Cruz

A cruz autoritária

por Marcia Tiburi, na Cult
Digamos que Cristo represente no quadro de Bosch a democracia.
Ele carrega a cruz que lhe foi posta nos ombros pelos que não suportam seu ideal de amor e justiça social para com os pobres, as mulheres, os excluídos em geral. Então ele vai ser crucificado porque assim decidiram esses homens da lei acima representados. Na imagem, os donos do poder fazem pensar no nosso momento brasileiro: deputados,  juízes,  jornalistas que respondem como sacerdotes da igreja midiática na grande missa negra que se tornou o jornal nacional e outros rituais de extermínio televisivo que incitam ao ódio como demônios disfarçados de gente de bem.
Perdoem-me se a interpretação soa forte demais, mas minha intenção é apenas fazer pensar. Nossos deputados, juízes e jornalistas parecem, no momento, “eunucos pelo reino de Deus”: poder e capital.
A cruz é o autoritarismo, a covardia, o estado de exceção, a maldade, a perversão política, a crueldade do poder que quer se perpetuar a qualquer custo. Nesse momento às custas da democracia. Esse poder é eunuco, mas também estuprador político de nossa presidenta – mulher – e também, por isso, estamos estarrecidos.
Em dias como hoje todos os que confiam na democracia, mesmo aqueles que são ateus, sentem-se meio Cristos carregando essa cruz.
Ao redor, esses homens que não representam ninguém, somente sua própria feiura, nos fazem pensar. Enquanto isso, manipulam a cruz, pensando que ninguém perceberá seu peso.
Os nomes dos personagens na imagem acima poderiam ser marcados como em uma foto de facebook. Mas não precisamos dizê-los.
Dizem que quando você pronuncia o nome do diabo ele aparece. E não seria bom ter companhias ainda piores nesse momento em que devemos  nos fortalecer para enfrentar 180 dias no deserto.
Lutemos pela ressurreição do corpo democrático. Quebremos essa cruz do golpe fortalecendo a democracia com amor, com esperança, com as redes socias e com as ruas.
O reino da democracia precisa ser construído por cada um junto com os mais próximos. Movimentos sociais são um bom lugar para estar nesse momento.
Blog o Cafzinho.

segunda-feira, 9 de maio de 2016

A capitulação de Renan, o desespero da Globo e a desmoralização final do golpe

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O presidente do Senado, Renan Calheiros, nunca experimentou uma pressão tão grande da mídia.
A Globo botou um helicóptero para acompanhar o seu deslocamento de carro em Brasília.
Amigos meus no exterior, que acompanharam o noticiário pela internet ficaram chocados: "bizarro" é o que eles me dizem.
Ao cabo, a pressão, como era de se esperar, fez efeito, e Renan decidiu dar continuidade ao processo de impeachment, ignorando a anulação da votação do dia 17 assinada pelo novo presidente da Câmara, Waldir Maranhão.
De qualquer forma, a confusão serviu para desmoralizar ainda mais o golpe.
Era previsível que, diante do investimento gigantesco feito pelos golpistas em todo o tipo de ilegalidades, rasgando tantos capítulos da Constituição, desprezando o resultado de uma das maiores eleições do planeta, a pressão sobre Renan não medisse limites.
O golpe segue o seu curso ainda mais desfalcado. Além de baseado numa votação ilegal na Câmara, porque feita em cima de um relatório que, inconstitucionalmente, não aponta crime de responsabilidade, o impeachment segue adiante assentado sobre uma votação anulada.
Para completar o cenário de republica de bananas, ou melhor, de ditadura bananeira, um outro juiz, seguindo o modelo Sergio Moro, mandou realizar uma condução coercitiva do ex-ministro Guido Mantega, no curso da Operação Zelotes.
Condução coercitiva é uma babaquice autoritária, simples assim, porque só poderia ser feita se o cidadão se recusasse a comparecer voluntariamente perante as autoridades. Não é o caso de Guido Mantega.
O blogueiro Luis Nassif fala da aproximação de uma "noite de São Bartolomeu", referindo-se a um dos episódios mais traumáticos da história mundial, em que a monarquia francesa dispara uma repressão horrível sobre não-católicos.
Setores importantes do judiciário estão incorporando alegremente o espírito do golpe, assim como fizeram seus congêneres durante a ditadura no Brasil, e como aconteceu em outros países, em períodos de exceção. Um golpe de Estado pressupõe, necessariamente, uma grande cumplicidade entre magistrados, golpistas e forças repressivas, mancomunados todos contra os interesses populares.
Hoje foi divertido testemunhar o desespero dos sem voto, em especial dos jornalistas globais, ao constatarem a fragilidade ridícula de seu golpe.
Porque é isso o que caracteriza um golpe: a sua instabilidade. Como não é baseado no único processo que dá legitimidade a um governo, o sufrágio universal, ele será sempre instável, e terá necessidade de apelar à repressão, à mentira, à manipulação, para se sustentar.
A história, moça irônica, abre muitas portas para os golpistas, sinaliza caminhos, pelos quais eles se enveredam tolamente, sem saber que ao fim dele encontrão um espelho a refletir o seu próprio semblante monstruoso e desprezível.
Abaixo, nota divulgada há pouco pelo Senado.
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No Portal do Senado.
Renan mantém processo de impeachment em andamento
Da Redação | 09/05/2016, 17h02 - ATUALIZADO EM 09/05/2016, 17h05
O presidente do Senado, Renan Calheiros, decidiu dar seguimento ao processo de impeachment no Senado. Ele classificou como "absolutamente intempestiva" e "brincadeira com a democracia" a decisão do presidente em exercício da Câmara, Waldir Maranhão, de anular a sessão em que foi aceita a admissibilidade do processo.
Ao anunciar sua decisão ao Plenário, Renan explicou que não poderia interferir nos discursos proferidos pelos deputados, antes da votação do dia 17 de abril. O anúncio de votos e a orientação partidária foram argumentos citados por Waldir Maranhão para anular a sessão.
Renan também rejeitou a alegação de que a decisão da Câmara pela admissibilidade não poderia ter sido encaminhada por ofício. Maranhão argumentou que o documento adequado seria uma resolução.
Com esses argumentos, Renan deixou de conhecer do ofício de Maranhão. Em seguida, ele deve ler o resultado do trabalho da Comissão Especial de Impeachment, que na semana passada aprovou por 15 votos a 5 parecer pela admissibilidade do processo.

sábado, 7 de maio de 2016

Dilma: vou ganhar no mérito e retomar o governo

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Comentário: Se voltar, Dilma, tem que reformular a comunicação do governo... Não falo de propaganda, falo de comunicação, de embate político, disputa de narrativas, diálogo constante com a sociedade. Falo de formar ministério com intelectuais preparados para a batalha de informação. Falo de uma diplomacia ousada, de troca de acordos com forças progressistas do mundo inteiro.
Voltar por voltar, para não enfrentar, para ficarmos nesse pesadelo midiático constante, com o país sob sabotagem da Globo e dos bandidos no parlamento e do judiciário, não adianta nada.
Tem que enfrentar a criminalização da política e não reforçá-la, tentando se salvar abraçando o senso comum fascista, como tantas vezes o governo tentou fazer.
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No Blog do Planalto.
Quinta-feira, 5 de maio de 2016 às 12:03
À BBC, presidenta diz que se for afastada irá resistir e ganhar no mérito para retomar governo
Em entrevista à emissora britânica BBC News, publicada nesta quinta-feira (5), a presidenta Dilma Rousseff disse que se for afastada do cargo em decorrência do processo de impeachment irá resistir e batalhar para vencer na comprovação de que não cometeu crime de responsabilidade.
Dilma: “O que nós defendemos, o meu governo e todos os meus apoiadores, é que o processo de impeachment é ilegítimo e ilegal porque é baseado em uma farsa”. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR
“Nós iremos continuar lutando para voltar ao governo. O que nós iremos fazer é resistir, resistir e resistir, e lutar para ganhar no mérito e retornar ao governo”, afirmou, voltando a apontar ilegalidade no processo.
“O que nós defendemos, o meu governo e todos os meus apoiadores, é que o processo de impeachment é ilegítimo e ilegal porque é baseado em uma farsa”, disse a presidente.
Na entrevista concedida à BBC, no Palácio do Planalto, Dilma Rousseff foi questionada sobre se não possuía conhecimento do esquema de corrupção na Petrobras. Na resposta, ela defendeu que as denúncias sejam investigadas.
“Não concordo que o Brasil seja diferente dos outros países no que se refere à existência de corrupção. É intríseco aos processos de corrupção se esconder por baixo de estruturas e de práticas aparentemente corretas. Elas tem que ser investigadas”, defendeu, voltando a afirmar que não teme as investigações.
“Eu aceito qualquer forma de investigação porque tenho certeza que sou inocente. Então, não será por conta de investigação [que não voltarei à Presidência]. Não há o menor problema. A mim, podem investigar”, afirmou.
A BBC também perguntou à presidenta se não é necessário lembrar aos que defendem o retorno da ditadura que esse não é um regime político ideal. Em resposta, ela lembrou sua prisão na década de 1970 pelo regime militar.
“Eu pessoalmente fiquei presa três anos e tinha uma espécie de ritual: você era preso, e neste período você era desconectado do mundo, você era torturado e enquanto achassem que era importante saber informações, eles mantinham a sua tortura. Muitas pessoas morreram. Não precisa viver aquele terror e aquela tragédia para aprender que a democracia é o lado certo da história”.


Do B.O Cafeziho

 cafezinho

quarta-feira, 4 de maio de 2016

Instituto Lula ao Estadão: Documento da PGR tem erros factuais

São Paulo - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou do segundo dia do Seminário da Aliança Progressista: Democracia e Justiça Social no Hotel Maksoud Plaza (Rosa/Agência Brasil)

Documento da PGR tem erros factuais
São Paulo, 4 de maior de 2016,
O Instituto Lula recebeu questionamentos do blog do Fausto Macedo do jornal Estado de S. Paulo, sobre trechos que citam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em documento da Procuradoria-Geral da República. O Instituto apontou, apenas nos trechos mencionados, sérios erros factuais na peça assinada por Rodrigo Janot.
Segue abaixo a troca de mensagens com a reportagem do Estado de S. Paulo:

PERGUNTA ESTADO DE S. PAULO:
O pedido diz respeito à petição na qual o Rodrigo Janot pede inclusão em investigação do presidente Lula, de ministros, senadores e deputados. Segundo documento do procurador-geral da República, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto cobrou 1% de propina sobre valores financiados pelo BNDES em obra da Andrade Gutierrez na Venezuela.
O fato, de acordo com a petição de Janot, foi relatado na delação premiada de Otávio Marques de Azevedo e Rogério Nora, ex-presidentes da Andrade.
Mando trecho:
"Otávio afirmou ainda que, durante o mandato do ex-presidente Lula, ele ajudou a empresa Andrade a conseguir um contrato na Venezuela. Outro executivo da Andrade, Flávio Machado, disse a Otávio que Vaccari também cobrou 1% de propina em relação aos valores financiados pelo BNDES naquela obra da Venezuela, que correspondia a cerca de 40% do valor total", aponta Janot. "Esses fatos também foram corroborados por Rogério Nora, então presidente da Construtora Andrade, inclusive em relação ao pagamento de 1% sobre os valores liberados pelo BNDES para financiamento da obra na Venezuela, para a qual o ex-presidente Lula concorreu diretamente."
No documento, o procurador afirma que Otávio Azevedo confirmou que a Andrade Gutierrez pagou a Lula 'mais de R$ 3 milhões a título de palestras no exterior'. O objetivo, segundo Otávio, seria aproximar a empresa de empresários de outros países.
"Contudo, após esses eventos, não foram fechados negócios pela Andrade nestes locais", informa a petição.
Este são os trechos que citam o presidente.

RESPOSTA DO INSTITUTO LULA
Os breves trechos mencionados pela reportagem do Blog do Fausto Macedo sobre a Andrade Gutierrez e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em documento assinado pelo procurador-geral Rodrigo Janot, mostram  omissões e erros factuais que não são recomendáveis em um documento da Procuradoria-Geral da República encaminhado ao Supremo Tribunal Federal.
A Andrade Gutierrez não pagou mais de três milhões ao ex-presidente em palestras no exterior, como mostram os dados bancários da empresa de palestras do ex-presidente já tornados públicos.  A PGR faz confusão entre o Instituto Lula, entidade sem fins lucrativos que não repassa qualquer recurso ao ex-presidente, e a L.I.L.S, empresa privada pela qual o ex-presidente ministra palestras. Matéria do próprio blog do Fausto Macedo, (que contém em si outros equívocos, e um título sensacionalista), aponta esse erro ao mostrar tabela de doações da Andrade Gutierrez para manutenção do Instituto Lula (1 milhão e 550 mil) e de pagamentos por cinco palestras que foram devidamente feitas, com nota e impostos recolhidos, pelas quais foram pagos, no total, cerca de dois milhões de reais. As palestras aconteceram no Brasil, Índia, Catar, Nigéria e Portugal, e informações sobre todas elas podem ser conferidas em relatório disponível na internet (Ver imagem em: http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/laudo-mostra-pagamento-a-lula-lancado-em-contabilidade-usada-pela-andrade-gutierrez-para-dar-propina/ e relatório de palestras em http://institutolula.org/uploads/relatoriopalestraslils20160323.pdf
Além disso, em outra informação omitida pela Procuradoria-Geral da República, o Jornal Nacional do dia 8 de abril informou sobre a delação premiada de executivos da Andrade Gutierrez que "Na delação, os executivos também foram questionados sobre pagamentos de palestras ao ex-presidente Lula por meio da empresa dele, a Lils. Eles negaram irregularidades e confirmaram pagamentos por cinco palestras. Segundo eles, as palestras foram efetivamente prestadas por Lula." (Fonte: http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2016/04/executivos-da-andrade-dividem-delacao-em-seis-temas.html)
Sobre a Venezuela, há informações omitidas e distorcidas pela PGR. Otávio Azevedo disse em depoimento que o ex-presidente não teve "nada a ver"  com qualquer pedido referente ao financiamento na Venezuela. Segue transcrição do depoimento concedido ao juiz Marcelo Bretas e noticiado pelo Jornal Nacional em 16 de abril.
"Otávio Azevedo: A Andrade conversou com o presidente Lula, que pediu diretamente ao presidente Chávez para, na hora que ele fosse decidir, que ele olhasse também para o Brasil, parceiro, não sei o quê. E foi o que aconteceu. Mas não houve um pedido nem do presidente Lula nem posterior de nada a não ser um tempo depois.
Juiz: O senhor Luiz Inácio não atendeu a empresa...
Otávio Azevedo: Não
Juiz: A empresa ganhou o contrato.
Otávio Azevedo: Ganhou.
Juiz: Ninguém pediu nada.
Otávio Azevedo: Não. Não teve vínculo nenhum.
Juiz: Perfeito.
Otávio Azevedo: Mas um ano depois, algum tempo depois, apareceu o Vaccari fazendo então a pedida: ‘olha, vocês têm o acordo daquele 1%, então vocês devem pagar
1% sobre a parte brasileira’.
Juiz: Também dessa obra? Essa obra lá da Venezuela também deveria pagar?
Otávio Azevedo: Isso. Não sobre o total da obra, mas 1% sobre a parte financiada pelo governo brasileiro.
Juiz: Mas não ficou, não fez nenhuma referência a essa cobrança.
Otávio Azevedo: Não, não, não.
Juiz: Que o senhor Luiz Inácio Lula não tem nada a ver...
Otávio Azevedo: Não, não tem."
Fonte: http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2016/04/ex-presidente-da-andrade-gutierrez-diz-que-propina-chegou-venezuela.html

Foi enviada na época da matéria a seguinte nota, que consta editada e com trechos suprimidos na matéria do Jornal Nacional:
"Luiz Inácio Lula da Silva não favoreceu nenhuma empresa nem intermediou negócio nenhum. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva atuou durante o seu mandato para promover o Brasil e suas empresas no exterior porque isso é um dever de um presidente da República e ajuda a gerar empregos no nosso país. E agiu sempre dentro da lei e a favor do Brasil.
Lula levou 84 missões empresariais brasileiras a países de todos os continentes, mais de dez missões por ano, promovendo contatos de alto nível de empresas brasileiras com autoridades estrangeiras e parceiros comerciais nos mais diversos setores.
O ex-presidente trabalhou fortemente, por exemplo, para que o Rio de Janeiro sediasse os jogos Olímpicos de 2016, evento que rende lucrativos contratos para as Organizações Globo, um conglomerado privado brasileiro. Lula fez isso por entender que é bom para o Rio de Janeiro, para o Brasil e a obrigação de um presidente da República, sem esperar qualquer reconhecimento ou mesmo tratamento justo das Organizações Globo por conta disso."
José Chrispiniano
Assessoria de Imprensa
Instituto Lula