quinta-feira, 24 de julho de 2008

DESCOBERTA

24/07/2008 - 00:30
Grande Jazida pode revolucionar economia potiguar

A possível descoberta da Mhag Mineradora - uma reserva com potencial para três bilhões de toneladas de minério de ferro em Jucurutu -, se confirmada, tem tudo para mudar, de forma sensível, o cenário econômico norte-rio-grandense. Segundo o secretário de estado do Desenvolvimento Econômico, Marcelo Caetano Rosado, a instalação de uma siderúrgica no Rio Grande do Norte é um dos desdobramentos que a exploração da jazida pode trazer, juntamente com o terminal de granéis sólidos que, segundo o secretário, já está garantido.

A Mhag silencia sobre a descoberta, já que está em processo de abertura de capital e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) determina o sigilo de informações desse tipo. Mas de acordo com Rosado, a efetivação de uma nova reserva justifica ainda mais os investimentos no beneficiamento do minério de ferro potiguar. ‘‘Agora vamos fazer um trabalho pra agregar valor a essa matéria-prima, melhorar a logística e, no futuro, se justifica, por exemplo, a instalação de uma siderúrgica no estado’’, projeta.

Segundo o secretário, para se instalar, uma unidade de beneficiamento de minério de ferro precisa estar próximo do litoral, ter combustível em abundância para seu abastecimento e facilidade de logística. O Rio Grande do Norte já com conta com as duas primeiras ferramentas e, com a consolidação do terminal de granéis, poderá estar pronto para sediar uma siderúrgica. ‘‘A gente já tinha o sal, o calcário, a barrilha e o cimento, mas não eram suficientes para justificar o porto. Com as descobertas do minério, se tornou viável esse investimento’’, atesta Rosado.

Segundo o secretário, os executivos da Mhag apresentaram ao governo um projeto de 2,5 bilhões de dólares, que considera a exportação de 1 milhão de toneladas de minério de ferro por mês. O projeto incluiria a construção de um minerioduto integrado a uma ferrovia. Rosado frisa que antes mesmo de descobrir a nova reserva, a Mhag já estava determinada a investir na logística e expansão da empresa. No ano passado, a companhia extraiu 400 mil toneladas da matéria-prima na Mina do Bonito, em Jucurutu, e planeja aumentar a produção para 12 milhões de toneladas anuais até o final de 2011.

O presidente do Sindicato da Indústria da Extração de Metais Básicos e Minerais Não-Metálicos do RN, Marcelo Mário Porto, compara a situação do estado a de Carajás, no Pará. ‘‘É uma verdadeira revolução no setor mineral do Rio Grande do Norte. Vai ser como foi em Carajás: lá, até um porto eles tiveram a obrigação de construir’’, aponta. Para Porto, além de novos empregos e negócios, a descoberta trará muitas empresas-satélite para se juntar às minas, a exemplo do que acontece em outros estados brasileiros.

O sindicalista ainda classifica o estado como uma verdadeira ‘‘colcha de retalhos’’. Ele diz que, atualmente, empresas italianas, australianas, alemãs, holandesas e americanas têm requerimento de pesquisa e decreto de lavra no Rio Grande do Norte, concedidos pelo Departamento Nacional de Produção Mineral. Mesmo órgão que deu o direito a GME4 do Brasil Participações e Empreendimentos S.A., braço minerador do grupo Opportunity, do empresário Daniel Dantas, a prospectar minério de ferro em dez estados brasileiros, entre eles o RN. A autorização para pesquisa foi concedida em maio deste ano e existem 29 pesquisas em manganês e uma em minério de ferro nas regiões Norte, Nordeste e Sudeste.

‘‘Se 15% dessas pesquisas estrangeiras forem viabilizadas para exploração, nós teremos o maior boom de mineração do Nordeste’’, prevê Porto, acrescentando que, para isso, o governo do estado precisa agilizar as questões logísticas, portuárias e de linhas férreas, além de, inclusive, melhorar o acesso às estradas de Jucurutu.

A idéia da siderúrgica é vista com bons olhos por Porto. De acordo com ele, com a unidade de beneficiamento será possível agregar valor à matéria-prima e produzir o ferro-gusa - produto imediato da redução do minério de ferro com carvão e calcário em um alto forno. Dessa forma, se poderá, ainda, diminuir o valor gasto com o frete.

Luciano Kleiber e Louise Aguiar
Da equipe do Diário de Natal

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