Na falta de uma reforma...
21/02/2009
O noticiário político nacional da semana foi marcado pela cassação do governador Cássio Cunha Lima (PSDB), da Paraíba. Acusado de tirar proveito eleitoral de um programa de benefício habitacional, espécie de “cheque reforma”. O TSE fez uma espécie de assepsia na mesa suja da política brasileira. Aplausos. Na completa falta de interesse do Congresso Nacional de realizar a tão prometida reforma política, o Judiciário oferece a sua parcela de contribuição, mesmo correndo o risco de ser criticado por interferir em outro poder, como ocorreu no caso da fidelidade partidária. Pena que a ação do Judiciário não resolve. O caso Cunha Lima não passa de espasmo. A própria Paraíba expõe as vísceras de uma política apodrecida. José Maranhão (PMDB), empossado para substituir o governador cassado, responde a oito processos, todos pela mesma acusação: captação ilítica de votos. Práticas, segundo a denúncia, parecidas com as de Cunha Lima. No Maranhão, o governador Jackson Lago muito dificilmente permanecerá no poder devido a crimes contra a legislação eleitoral. O julgamento dele, no TSE, será retomado em março que se aproxima. Se for cassado, a segunda colocada no pleito de 2006, senadora Roseana Sarney, provavelmente não assumirá o cargo, uma vez que a Justiça Eleitoral caminha para concluir o julgamento de processos pela prática de abuso de poder econômico nas eleições. Temos, nesses dois casos, exemplos clássicos do sujo e o mal lavado. Porém, o quadro se repete em quase todo o país. Tudo bem que processos contra políticos, principalmente no período eleitoral, parecem uma prática corriqueira e banal. E todos são inocentes até prova em contrário. Agora, é inegável que os políticos estão com a imagem cada vez mais deteriorada. Condenados pela opinião pública. Daí, a saída, única, é uma reforma política completa, prometida repetidas vezes, sonhada, mas negada até aqui. Por enquanto, então, é se contentar com os lampejos do Judiciário.
César Santos: Jornal de Fato
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