Seca verde é uma realidade cruel que ameaça agricultores e compromete a safra agrícola
Os técnicos da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (EMPARN) preveem a temida "seca verde". Uma das áreas atingidas é a região Oeste do Estado, onde os agricultores já contabilizam os prejuízos. "Quem plantou perdeu tudo. Não há mais esperanças de recuperar a plantação", disse o presidente do Sindicato da Lavoura, Francisco Eupídio da Silva.
Para ele, o pouco que resta para os agricultores é dar entrada no Seguro Safra, que mesmo assim é insuficiente. O programa só atende este ano a 10% dos produtores. "Fizemos uma reunião com o Polo Sindical do Vale do Açu e tiramos o balanço dessa estiagem. Agora vamos começar a cobrar o crédito", continuou.
Mas a preocupação dos agricultores, segundo Eupídio, é justamente enquanto esse crédito não chega. "A safra foi mais de 90% frustrada, além disso, não tem nenhuma linha de crédito que seja especialmente para o produtor rural. O Garantia Safra não é a solução, pois são R$ 600,00 divididos em seis vezes. Para uma família inteira R$100,00 por mês é muito pouco para sustentar essas pessoas, que não tem outro ofício a não ser o plantio", lamentou.
O presidente do sindicato afirma ainda que os trabalhadores estão procurando o órgão diariamente, em busca de uma saída para a crise na agricultura. "Eles agora têm que se virar de alguma forma, enquanto não chega à próxima safra", concluiu Francisco Eupídio.
Nas comunidades rurais alguns agricultores esperam que nem tudo esteja perdido, eles ainda aguardam chuvas para que as plantações não se percam por total. O inverno irregular frustrou a expectativa de muitos e trouxe prejuízos a outros. Alguns ainda estão esperando colher o que já está plantado e crescido.
Esse é o caso do agricultor Antônio Medeiros Lopes, da comunidade rural de Passagem do Rio, que plantou milho, feijão, melancia e girassol. Seu Antônio plantou pela primeira vez no início de fevereiro, mas com a ausência das chuvas, perdeu a plantação. Ele cultivou novamente no mês de março, plantação que já cresceu, mas que depende da água para continuar de pé e gerar frutos.
"Chuva boa mesmo foi a partir do abril, de lá para cá deu para a plantação crescer e o chão ainda está molhado, mas se não continuar as chuvas, vamos perder muita coisa. Eu não tenho nada perdido até agora, desde a primeira vez que plantei, e tenho fé em Deus que até o dia 10 de junho vai ficar chovendo, nem que seja fraquinho, mas chove. Aí já dá para colher um milho verdinho", disse o agricultor.
A plantação de seu Antônio Medeiros é para o sustento da casa, com a esposa, filha, netos e para a alimentação dos animais. "Até setembro ainda deve ter milho e feijão, se o inverno ajudar, aí se a colheita for satisfatória teremos alimento até o próximo inverno, e se sobrar eu ainda boto para vender", afirmou ele, esperançoso.
Até agora, mesmo vendo que as chuvas estão diminuindo cada vez mais, o agricultor afirma que não perdeu ainda. "Quem perdeu foi quem não plantou", concluiu.
Jornal Gazeta do Oeste
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