Apodi - No município de Patu, a população reclama que a água disponível é ruim e atende somente 40% da demanda de consumo. Em Assu, a Prefeitura está em pé de guerra com a Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (CAERN) devido à qualidade da água. Tem gosto ruim e, em algumas épocas do ano, é suja. Em Apodi, o cenário é totalmente diferente. A água usada para lavar carros, calçadas e banhar animais é mineral. "Tem todas as propriedades da água mineral", garante o engenheiro José Ronaldo, gerente regional da Caern.
A água que abastece a cidade vem de poços próximos à área urbana com aproximadamente 130 metros de profundidade. Ao todo, são três e o Governo do Estado está concluindo a perfuração de outro, para ficar de reserva. É que recentemente o principal poço que abastecia a cidade quebrou uma bomba e foi inutilizado, deixando a cidade sem água. Para garantir, o Governo, através da Caern, está perfurando dois poços. Um já foi concluído e o segundo deve ser concluído nos próximos dias.
O município de Apodi tem 36 mil habitantes, sendo que 65% moram na zona urbana. O chefe do escritório local da Caern, Francisco Eci de Lima, informa que por hora a Caern distribuiu 200 mil litros de água. "Querendo, o morador de Apodi pode beber tranquilamente água que sai da torneira. Aqui usamos os garrafões que são vendidos com água em outras cidades apenas para alimentar o gelágua", diz Francisco Eci, que presta serviços da companhia há 25 anos.
Devido à qualidade elevada da água, o comércio de água mineral na cidade é muito fraco. Alguns comerciantes dizem que devido ao fato das cidades vizinhas comprarem água mineral para consumir e até para cozinhar, muitos moradores de Apodi compram os garrafões de água mineral. O comerciante Francisco Forte Neto, do Ponto Forte, disse que vende semanalmente 70 garrafões de 20 litros por semana. "Aqui em casa mesmo bebemos água da torneira", diz forte.
O gari João Fernandes de Arruda Neto, casado, dois filhos, residente no bairro Lagoa Seca, disse que estranha quando vai a outra cidade e tem que comprar água mineral. "Aqui em casa a mesma água que bebemos é usada para banho e para lavar os pratos. Vejo aqui os moradores usando água para lavar calçadas, carro e até para banhar animais. É um desperdício", diz o gari sentado em sua calçada ao lado da mulher e de um dos filhos.
SAÚDE
A qualidade da água distribuída numa cidade contribuiu com a saúde da população. O engenheiro José Ronaldo, do escritório regional da Caern, em Mossoró, explica que a água é fundamental para prevenir doenças especialmente em crianças e idosos. "Mas é preciso ressaltar que a água que a Caern distribui em todas as cidades é de boa qualidade. A população é que usa caixa d'água e quase sempre não cuida bem", diz o gerente.
Qualidade da água gera emprego e renda
E esta particularidade tem contribuído, inclusive, para gerar empregos e renda para o município. O empresário Adriano Trovo de Freitas disse que a qualidade da água disponível no subsolo (120 metros de profundidade) em Apodi foi determinante para empresa se instalar na cidade e não em Mossoró, conforme havia sido inicialmente projetado.
"A então prefeita de Mossoró, Rosalba Ciarlini, nos convidou em São Paulo para se instalar em Mossoró, e quando já estávamos voltando, observamos que havia uma fonte de água mineral em Apodi", informa o empresário, lembrando que a empresa está crescendo.
Adriano Trovo investiu na instalação de uma fábrica de refrigerante de nome Forró. Deu certo. A empresa, que tem investimentos no mesmo segmento nos estados de Goiás (refrigerante Rinco) e em São Paulo (Refripet), decidiu ampliar os negócios em Apodi.
Deve concluir nos próximos dois meses uma engarrafadora de água mineral, num investimento de R$ 1,5 milhão, que vai gerar no mínimo 100 empregos diretos. O garrafão levará o nome Lajedo e garrafinha de Soledade. Outra empresa do ramo de água mineral, a Cristalina do Oeste, também já se instalou no município, gerando também cerca de 100 empregos diretos.
Jornal de Fato
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