quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Vaga no TCU vira moeda de troca na briga pela eleição no Senado

No xadrez político para preencher os cargos da nova Mesa Diretora do Senado, que será eleita em 1º de fevereiro de 2009, o governo está disposto a negociar uma vaga no Tribunal de Contas da União (TCU), que será aberta com a aposentadoria, em dezembro, do ministro Guilherme Palmeira. Uma das hipóteses é dar a cadeira do Tribunal ao PMDB que, em contrapartida, apoiaria em bloco a candidatura do senador Tião Viana (PT-AC) para presidir o Senado.
"A presidência do Senado, os cargos da Mesa Diretora, as presidências das comissões temáticas e a vaga no TCU vão entrar na negociação", admite a líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC). "O problema é que esse tabuleiro tem poucas cadeiras para muitas peças", completa a petista. Além do loteamento do Tribunal, o Planalto quer neutralizar parte do poder da oposição no TCU. Segundo Ideli, o governo não aceitará que a vaga seja preenchida por um representante do antigo PFL, hoje DEM. "Nem pensar por um pefelista lá. Aliás, tem mais PFL no TCU por metro quadrado do que gente", diz a líder.
Dentro do PMDB, os nomes cotados para suceder Palmeira no TCU são dos senadores Leomar Quintanilha (TO) e Almeida Lima (SE), que acabou de perder as eleições para a Prefeitura de Aracaju. Mas, na avaliação de oposicionistas, o nome de Quintanilha enfrentaria sérias resistências porque o senador responde a processo na Justiça por suposto esquema de desvio de verbas federais. "Todo mundo tem processo. Me diz qual o senador que não tem processo contra ele?", indaga o senador Wellington Salgado (PMDB-MG). Mas em sua avaliação, a vaga no TCU não terá peso na negociação da Mesa Diretora do Senado por representar uma "espécie de aposentadoria da política".
O governo também trabalha com a alternativa de indicar para o Tribunal o ex-senador e ex-governador Lúcio Alcântara, hoje no PR. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria prometido ao ex-tucano cearense um cargo na máquina federal. O nome de Alcântara foi cotado para a presidência da Companhia Hidrelétrica Vale do São Francisco (CHESF), para diretoria na Petrobras e na Infraero. A indicação de Alcântara também ajudaria na eleição de Tião Viana: afinal, o PR conta com quatro votos, que podem ser decisivos na disputa pela presidência do Senado.
Além de tentar reduzir a influência do DEM no TCU, os governistas querem indicar para o Tribunal um nome que seja considerado "isento" e que, no futuro, possa jogar a favor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Afinal, cabe ao TCU julgar as contas de todos os governos. Além disso, o Tribunal é fonte de constrangimentos políticos e gerador de noticiário negativo, embora suas decisões quase nunca tenham efeitos práticos. Um aliado do governo no TCU poderá ser útil ao PT em uma eventual fase de maré baixa, caso os tucanos consigam voltar ao poder em 2010.
Jornal de Fato
22/10/2008


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