Saiba como o governo do Egito derrubou a internet de todo o país
Nos últimos sete dias, o mundo vem
assistindo à luta dos egípcios em busca da liberdade: uma guerra se
instalou no país para provocar a renuncia de Hosni Mubarak, presidente
do país que está no poder há 30 anos. Em meio aos crescentes protestos,
o governo do Egito passou a tentar controlar as informações dos
cidadãos, chegando à fonte de todos os dados.
Na sexta-feira passada (28/01), o país amanheceu sem qualquer acesso à internet.
Esta foi mais uma das tentativas do governo para bloquear a entrada e
saída de informações na região. Dois dias antes do bloqueio total, o Twitter já havia informado
que seus serviços haviam sido cortados pelo governo. A preocupação de
Hosni Mubarak era que dados disponíveis nas redes sociais não
fomentassem mais protestos.
Pela primeira vez na história da web, um
governo conseguiu desabilitar totalmente o acesso à rede mundial de
computadores, fazendo com que os militantes egípcios ficassem
completamente isolados de todo o resto do mundo. Entretanto, a decisão
não afetou apenas aos protestantes: escolas, bancos, embaixadas e
veículos de comunicação ficaram sem qualquer tipo de acesso à rede.
Você pode imaginar um país completamente fora do ar?
Mas como isso pode ser feito?
Cortar a internet de um país inteiro não
é tão simples quanto pode parecer: é necessário bloquear todos os
grandes provedores que permitem o acesso à rede. E foi exatamente isto
que o governo de Hosni Mubarak fez. Na noite de quinta-feira (27/01)
3,5 mil rotas BGP (Border Gateway Protocol ) foram totalmente
desativadas. Estas rotas ligavam os dez grandes provedores do Egito ao
resto do mundo.
Fonte da imagem: Wikipedia
O BGP é o protocolo de internet
responsável por encontrar caminhos na rede, possibilitando a troca de
informações entre os backbones, os principais provedores da web.
Cada país tem uma série de provedores e sua comunicação deve ser constante, para que a internet funcione.
Ao desativar as rotas BGP, o governo do
Egito conseguiu fazer com que os backbones parassem de se comunicar,
realizando então o total bloqueio da rede mundial de computadores. Com
uma velocidade impressionante, todo o processo ocorreu entre as 22:12 h
e 22:35 h no horário local. A estratégia adotada pelo governo fez com
que aproximadamente 79 milhões de pessoas ficassem sem internet.
Depois do bloqueio
A falta das rotas BGP fez com que os
provedores se perdessem, sem saber o local para o qual deveriam
realizar o envio e busca de informações. Assim, ao digitar endereços
como google.com, o servidor não encontra o endereço disponível,
retornando com o famoso Erro 404.
Fonte da imagem: Reprodução/Renesys
Ao mesmo tempo, ao tentar acessar
qualquer site egípcio, quem está fora do país também não consegue
encontrar os dados. O bloqueio corta totalmente o acesso, de dentro
para fora e de fora para dentro do Egito. É praticamente como se o país
não existisse na rede.
Assim como o acesso a sites por meio de
navegadores, serviços de comunicadores instantâneos, como MSN e Skype
também ficam completamente fora do ar, fazendo com que os cidadãos do
Egito não possam se comunicar com amigos ou parentes.
88% do país incomunicável pela rede
Fonte da imagem: Raduasandei / Wikipedia
Apenas um provedor egípcio permaneceu
com suas rotas inalteradas após a estratégia adotada pelo governo: o
Noor Data Group se conecta a rede por meio de um cabo de fibra óptica
submarina, que pertence à empresa Telecom Italia. Entretanto, este não
se trata de um descuido ou de benevolência do governo, já que o
servidor é o único usado pela bolsa de valores local e por isso, não
pode parar em momento algum.
Mesmo com o total bloqueio da rede no
Egito, a ação não conseguiu derrubar qualquer acesso em países
vizinhos. Não há qualquer relato de que este impedimento na rede tenha
afetado a comunicação em qualquer país próximo ao Egito.
Não existem previsões de que a internet
volte a funcionar no país, assim como não há qualquer garantia de que
os protestos acabem nos próximos dias e, pelo que tudo indica, esta
guerra não deve encontrar seu fim tão cedo. Anteriormente, países como a
China e o Irã realizaram bloqueios parciais, somente a sites de
noticias e redes sociais, porém, o corte total de informações pela rede
é um ato sem precedentes na história da internet.
Fonte: Baixaki
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