domingo, 17 de janeiro de 2010

Dilma Rousseff rebate José Serra e pede comparação



Bacabeira, MA (AE) - Em resposta ao provável candidato do PSDB à Presidência, governador José Serra, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), defendeu ontem a comparação entre as gestões Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso, dando o tom do que deverá ser seu discurso de candidata. “Quem não quer discutir o momento Lula é porque se incomoda com as comparações”, afirmou.

Ernesto Rodrigues / AEDilma Rousseff criticou indiretamente o PSDB ao citar uma das principais bandeiras das administrações tucanas no país, o ajuste fiscalDilma Rousseff criticou indiretamente o PSDB ao citar uma das principais bandeiras das administrações tucanas no país, o ajuste fiscal
“Quando você está numa disputa, não quer saber só a fala, nem o povo brasileiro se conforma só com o que você prometeu. Então, comparar o governo Lula com qualquer outro período é a forma de podermos chegar ao povo. Olho no olho, com respeito, e dizer: está aqui o que fizemos”, afirmou a ministra após participar ao lado de Lula do lançamento da pedra fundamental de uma refinaria da Petrobrás em Bacabeira, a 60 quilômetros de São Luís, no Maranhão.

Na quinta-feira, Serra disse ao jornal “O Estado de S Paulo” que, caso venha a ser candidato, pretende fazer uma campanha apontando “coisas para o futuro”. Serra é contra a antecipação do debate eleitoral. Avalia ser uma armadilha imposta pelo governo federal para pautar a campanha com comparações entre as gestões Lula e FHC - pesquisas encomendadas pelo PSDB mostram preferência do eleitorado pela atual administração.

Dilma, no entanto, criticou a tentativa do tucano de evitar o debate plebiscitário. “Nunca o Brasil, quando eles governaram, cresceu e distribuiu renda. Então não há motivo para eu fingir que não sei disso. Por que vamos vetar essa discussão? A quem interessa esse veto?”, indagou a ministra.

Enquanto os petistas querem colar em Serra as digitais do governo FHC, os tucanos pretendem que a discussão eleitoral seja sobre quem tem mais condição de dirigir o País no futuro - o “pós-Lula”, como diz o governador de Minas, Aécio Neves. Para Dilma, no entanto, o pós-Lula está sendo “plantado” agora. “O pós-Lula está sendo feito pelo Lula. É esse o grande problema do governo Lula, que incomoda muito, por isso que é um problema para alguns”, disse. A ministra deixou explícita qual será sua resposta para os que lhe perguntarem se seu governo será a continuidade do de Lula: “Continuar o governo Lula é fazer tudo igual? Não, para nós, continuar o governo Lula é avançar.”

Dilma fez uma crítica indireta ao PSDB ao citar uma das principais bandeiras da gestão tucana, o ajuste fiscal. “Ruim era aquele negócio corta daqui, corta dali”, argumentou. “Nós estamos numa outra fase no Brasil. E vamos ter de aprender a lidar com esse momento. Em vez de ser choque de gestão, corta investimento, nós estamos em outra”, completou Dilma, ao citar uma das vitrines do PSDB, o “choque de gestão” implementado por Aécio em Minas.

PT ironiza declaração do governador

Brasília (AE) - Integrantes do governo e lideranças do PT preferiram ironizar as declarações do governador paulista José Serra, pré-candidato do PSDB à Presidência, para quem “candidato a presidente não é chefe da oposição”. Líder petista na Câmara, o deputado Cândido Vaccarezza (SP), disse que a afirmação de Serra na edição de ontem do jornal “O Estado de S. Paulo” desqualifica a oposição. “A oposição não tem nem rumo, como é que poderia ter chefe. Eu concordo com o Serra”, afirmou. “Até o próprio governador reconhece que a oposição não tem líder”, emendou.

Para Vaccarezza, a declaração de Serra a respeito da intenção de não se fazer uma campanha que compare os governos de Luiz Inácio Lula da Silva e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) atesta a “falta de coragem” do tucanato. “O PSDB se limita a criticar pontualmente (o PT e o governo) porque eles não têm coragem de defender o passado. Eles não têm proposta para se contrapor ao governo Lula e não têm projeto de desenvolvimento para o futuro”, destacou o parlamentar.

Secretário-geral do PT, o deputado José Eduardo Cardozo (SP), afirmou que a declaração de Serra retrata a dificuldade do discurso da oposição para as eleições deste ano. “É (a declaração de Serra) uma confissão de fraqueza e mostra a saia justa que a oposição se encontra em 2010”, disse Cardozo. Para ele, a oposição exerce hoje seu papel de modo envergonhado. “É uma oposição que não assume seu papel, que não quer comparação”, anotou.

Deputado afirma que candidata não tem proposta

São Paulo (AE) - Lideranças do PSDB na Câmara e no Senado reagiram ontem às declarações da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, de que a oposição não quer comparar os governos de Lula e Fernando Henrique Cardoso na eleição deste ano porque incomodam os avanços protagonizados pela gestão petista no País. Os tucanos acusaram a pré-candidata do PT ao Palácio do Planalto de não ter proposta para os próximos quatro anos e de “se esconder atrás do governo Lula”.

“Interessa a eles o passado porque o PT e o Lula não têm segurança do que a Dilma é capaz de fazer no futuro”, respondeu a senadora Marisa Serrano (MS). Em uma indireta a Dilma, ela disse que quem tem que decidir o que deve ser debatido na eleição é a população. “A quem interessa comparar? Essa pergunta tem de ser feita ao povo brasileiro. Eles querem discutir o passado ou o futuro?”

O líder do PSDB na Câmara, João Almeida (BA), endossou o discurso da senadora. “Lula e Dilma querem se apresentar como exterminadores do futuro. Eles não pensam e não pensaram sobre propostas para o futuro.”
Jornal Tribuna do Norte

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