domingo, 16 de agosto de 2009

Planeta & Clima: Brincando de São Pedro


Se você ainda não ouviu falar em geoengenharia, preste atenção: a palavra deve ganhar cada vez mais espaço nos noticiários e significa projetos de tecnologias para manipular o clima do planeta.

Técnicas como injeção de dióxido de enxofre ou cinzas na atmosfera ou até mesmo a dispersão de espelhos no espaço - tudo com o objetivo de reduzir a temperatura do planeta. Métodos como estes, de administração da radiação solar, de eficácia praticamente garantida.

O que não se sabe é quais outras consequências eles teriam sobre o meio ambiente. A injeção de dióxido de enxofre, para "semear" nuvens, ou de cinzas, também para refletir a luz solar, são métodos usados pela natureza desde que o planeta roda - é o que faz a atividade vulcânica.

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A diferença é que elas acontecem muito esporadicamente.

É mais ou menos consenso na comunidade científica que a única forma de realmente saber o que aconteceria com a Terra se esse tipo de manipulação fosse aplicada é testá-las para valer, ou seja, usar o nosso planeta como cobaia.

Coisa que a cautela até agora proíbiu (leia aqui a conclusão de uma conferência sobre geoengenharia da Associação Meteorológica dos Estados Unidos em junho)

Essas ideias ficam, pelo menos até agora, como último recurso para o dia em que a tal catástrofe climática mostrar todas as suas garras.

Santo Graal

Claro que existem outros métodos, entre eles, a fertilização dos oceanos para estimular a absorção de dióxido de carbono (CO2), criar navios que pulverizem água dos oceanos na atmosfera constantemente, instalar tubos que facilitem a circulação de calor entre a atmosfera e o fundo do mar, cobrir a superfície de desertos com espelhos que ainda gerariam energia solar...

Mas também existem projetos de geoengenharia menos bombásticos (embora menos eficazes), como CCS, a sigla em inglês para Captura e Armazenamento de Carbono. A tecnologia capaz de sequestrar todo o CO2 de, por exemplo, uma usina termelétrica a carvão e enterrá-lo, é vista por muitos como o Santo Graal dos tempos de mudanças climáticas.

O problema é que só existem protótipos de CCS no mundo, e os mais otimistas dizem que ainda faltam anos para a tecnologia ser viável.

Para resumir a conversa, enquanto em Bonn, na Alemanha, representantes de todo o mundo continuam encalhados nas tentativas de levar adiante um projeto de tratado para conter emissões de CO2 no planeta - a saída recomendada pela comunidade científica -, a corrente daqueles que acreditam que a solução é "brincar de São Pedro" vem ganhando força.

Fonte:BBC Brasil

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