sexta-feira, 27 de março de 2009

Polícia Federal coloca sob suspeita relação de Agripino com empreiteiraAnne
WarthFausto MacedoDavid FriedlanderAgência Estado
São Paulo (AE) - Sete partidos políticos (PPS, PSB, PDT, DEM, PP, PMDB e PSDB) são citados na Operação Castelo de Areia, deflagrada anteontem pela Polícia Federal, como supostos destinatários de doação de recursos ilícitos a partir de esquema envolvendo diretores da construtora Camargo Corrêa e doleiros.Segundo a PF, a trama consistia em licitações fraudulentas, obras públicas superfaturadas e remessa de valores desviados do Tesouro para paraísos fiscais. A primeira etapa da investigação aponta para evasão de R$ 20 milhões, em estimativa da Procuradoria da República.A Operação Castelo de Areia prendeu 10 pessoas e vasculhou 16 endereços, nos quais foram recolhidos computadores, armas, quadros, documentos financeiros e pelo menos R$ 1 milhão em dinheiro vivo. A força-tarefa estava em busca de um pen-drive, no qual estaria armazenada a contabilidade paralela da organização e uma extensa lista de políticos beneficiados.Auditores do Tribunal de Contas da União acompanharam a blitz. "Há fortes indícios de que a empresa utilizava-se de offshores e do sistema de dólar cabo para remessa de quantias para o exterior", disse o delegado Alberto Iegas, coordenador da PF em São Paulo do combate ao crime organizado.Quatro executivos da Camargo Corrêa foram detidos: Fernando Dias Gomes, Dárcio Brunato, Pietro Francisco Bianchi e Raggi Badra Neto. Os quatro doleiros são José Diney Mattos, Jadair Fernandes de Almeida, Maristela Brunet e Kurt Paul Pickel - este, suíço naturalizado brasileiro, é apontado como o articulador da parceria entre a cúpula da empreiteira, partidos e paraísos fiscais.Também foram presas duas secretárias da diretoria da empresa, Marisa Berti Iaquino e Darcy Flores Alvarenga. Em nota, a empreiteira negou irregularidades e se disse "perplexa".AGRIPINOInterceptações telefônicas da PF mostram investigados falando de políticos que teriam recebido dinheiro, entre eles os senadores Agripino Maia (DEM-RN) e Flexa Ribeiro (PSDB-PA) - R$ 300 mil para o primeiro, R$ 200 mil para o tucano. Os dois confirmaram a captação do dinheiro, mas alegam que foram doações regularmente registradas na Justiça Eleitoral.Também há citações, em conversas de terceiros que a PF monitorou, ao empresário Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), e a um diretor da entidade, identificado como Luiz Henrique.
Investigados com alto grau de articulaçãoA procuradora da República Karen Louise Jeanette Kahn, que pediu a prisão de 14 suspeitos, diz que "impressiona o grau de rapidez e coordenação na efetivação das transações financeiras ilegais, inclusive as internacionais, o intento de simulação para ludibriar as autoridades quanto à sua identificação e destino dos recursos evadidos".O inquérito, iniciado em janeiro de 2008 - a partir de vigilância a um doleiro -, aponta para Fernando Arruda Botelho, um dos sócios da Camargo Corrêa. Ele não teve sua prisão decretada, mas é alvo da investigação. A PF apreendeu armas em um cofre de Botelho. Ao autorizar a operação, o juiz da 6.ª Vara Criminal Federal, Fausto Martin de Sanctis, assinalou trechos de grampos que fazem "menção à divisão de valores, em tese, doados para partidos políticos".A investigação da PF sugere que Botelho teria participado da distribuição de doações da empreiteira para partidos. Ele estaria agindo em nome da Fiesp, da qual é vice-presidente.

Fonte: Gazeta do Oste

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