A história é caprichosa em seus ensinamentos. Essa eleição presidencial nos EUA – que envolve todo planeta, mobilizando milhões de pessoas – é o palco de um acontecimento histórico que certamente marcará este início de século. E por falar em século, lembro-me do poema de Castro Alves e seus versos excepcionais: “Toda noite tem aurora/raios, toda escuridão/moços creiamos, não tarda a aurora da redenção”. Hoje ele poderia concluir seu poema O Século com o verso “A esperança venceu o medo”.
Na campanha pela indicação do partido democrata à disputa presidencial – ainda por se confirmar formalmente na convenção – Barack Obama enfrentou grandes desafios. E os enfrentará – talvez até maiores – agora, na disputa com seu rival republicano John McCain.
A estratégia de campanha da derrotada Clinton se valeu de recursos bastante conhecidos na política norte-americana (e, por que não?, brasileira). Estes recursos incluíam alimentar desconfianças étnicas e religiosas sobre Obama e suas origens – o que, se não fez diretamente, insinuou muito bem em entrevistas e na campanha televisiva. Ela partiu para a desqualificação do oponente, numa reação deplorável diante de sua própria inferioridade retórica. Usou o apelo pacifista de Obama para criar pânico em torno de sua eleição, alegando que ele não seria capaz de tomar as atitudes necessárias, em caso de guerra; até brincou de presidente, mandando recados pro Irã. Em suma, Hillary, na inglória tentativa de vencer, valeu-se do medo.
Obama, por sua vez, investiu seus esforços no aprofundamento do debate – apesar de ter sua campanha sido retratada de forma grosseira em alguns grandes veículos da imprensa nacional e de ter seus métodos comparados aos dos Clinton pela mesma imprensa. Enquanto se levantava de um lado a bandeira da força e da determinação guerreira, Obama propunha o debate, a tolerância, o diálogo. De lá acenavam com a guerra ao Irã; Obama disse que procuraria conversar. Não por acaso, sua campanha adotou como lema a palavra símbolo da luta dos pacifistas de nosso mundo: esperança.
O sonho adiado
Outro fato marcante dessa história que se desenrola a partir dos EUA tem a ver com os eventos de 40 anos atrás. Em 1968, nos EUA, dois grandes agentes da paz, duas lideranças promissoras e destoantes da política hegemônica nos EUA eram assassinadas. Bob Kennedy, irmão e assessor do ex-presidente John Kennedy, também assassinado, e Matin Luther King foram mortos a balas no ano em que o Brasil era vítima do AI-5.
Bob era democrata, estava em meio a uma vitoriosa campanha pela indicação democrata à disputa presidencial norte-americana, quando foi assassinado. Ele, como seu irmão, defendia a paz e a tolerância, opunha-se às guerras e representava a possibilidade de grandes mudanças na política mundial.Luther King, pastor da igreja anglicana, virou ícone das lutas por direitos civis em todo mundo. Era negro e pregava paz e a tolerância. Foi assassinado por um fanático racista. Ele podia ter sido o primeiro presidente negro dos EUA.40 anos depois, um democrata como Bob, um negro como Luther King, hasteando a bandeira da paz e da tolerância, está a caminho de se tornar presidente do EUA. Tentaram assassiná-lo política e moralmente, mas falharam. Com a morte de Bob e King, os propagadores do medo adiaram o sonho, mas na trajetória vitoriosa de Obama vemos que jamais foram capazes de sepultar a esperança, que nesta terça, 20 de maio de 2008, venceu o medo.
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Terça-feira, 20 de Maio de 2008
Os ventos do norte – um dia decisivo
Hoje são realizadas as prévias do Partido Democrata nos estados do Oregon e Kentucky; elas devem definir a vitória de Barack Obama na disputa pela indicação do partido à presidência dos EUA.Obama precisa obter mais 17 delegados para confirmar sua maioria sobre a rival Clinton. No estado de Oregon, que indica 52 delegados à convenção nacional democrata, o senado é franco favorito; em Kentucki, a vantagem é de Hillary.Uma simples vitória em Oregon – como já é previsto – garante a vitória de Barack, que passaria a depender apenas dos votos dos superdelegados, entre os quais já tem maioria e dos quais vem obtendo cada vez maior apoio.
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