De quem é a culpa?
O mundo assiste estarrecido à explosão dos preços dos alimentos e, pior, o crescimento da demanda sem uma oferta correspondente – 30 países, enfrentando revoltas e protestos, proíbem a exportação de alimentos e derrubam barreiras para baratear as importações. As Nações Unidas e o FMI discutem medidas para fazer frente à alta dos preços dos alimentos, 100% nos últimos três anos e 40% só nos últimos meses na África, onde a situação é a mais grave.
A culpa desse cenário preocupante é creditada à explosiva demanda de alimentos, particularmente na China e na Índia, ao aumento dos preços do petróleo, que encarece os custos de transporte, energia e produção, e às péssimas condições climáticas dos últimos anos em muitas regiões do mundo. Três outros fatores devem ser acrescentados na lista dos responsáveis: os subsídios e o protecionismo dos países desenvolvidos que desestimulam o aumento da produção nos países em desenvolvimento, a criminosa especulação de fundos de investimentos que apostaram na alta dos alimentos, e, por fim, a política européia e norte-americana de estimular a produção de biocombustível à custa da produção de alimentos, acarretando, em decorrência, o aumento do preço do milho no mundo, por exemplo.
A situação é grave e não permite subterfúgios. Falta alimento em todo o mundo pobre, onde as revoltas se sucedem, e as Nações Unidas não têm recursos para garantir assistência alimentar a 100 milhões de pessoas. Seu programa alimentar necessita de US$ 500 milhões para poder minorar a situação de flagelo e, pasmem, as Nações Unidas não conseguem arrecadar esses recursos.Mas a saída não deve e não pode ser apenas a distribuição de alimentos, necessária, mas não suficiente. É preciso estimular a produção de alimentos com medidas coordenadas e eficientes, deter a especulação e concluir o acordo de DOHA para derrubar as barreiras e os subsídios que amarram o comércio mundial de alimentos e sua produção nos países em desenvolvimento.
O estímulo à produção de alimentos passa, necessariamente, pela reforma agrária, por uma política de fomento e apoio à agricultura familiar, pelo zoneamento agrícola que garanta terras para a produção de alimentos e a proteção ambiental e social, certificando toda produção de biocombustível e impedindo a devastação de florestas e o “roubo” de terras que produzem alimentos. Ou, pior ainda, o uso de cereais como o milho para a produção de etanol. O aumento da produção de grãos passa, também, pela liberdade comercial.
O Brasil, como um dos maiores produtores do mundo de cereais, carne e leite, deve dar o exemplo, ampliando o estímulo à agricultura familiar e implantado o zoneamento agrícola e a certificação ambiental e social. Precisamos urgentemente delimitar, geograficamente, até onde pode ir à produção de cereais e a pecuária. Temos que aumentar a produção de grãos articuladamente com políticas de preservação da Amazônia e de defesa das terras agriculturáveis. Ou seja, não podemos permitir que a produção de biocombustíveis ocupe terras da agricultura. Para isso, temos 40 milhões de terras degradadas que podem e devem ser recuperadas e, inclusive, reflorestadas.
Não podemos admitir ou aceitar a escandalosa política protecionista dos países desenvolvidos ou pior a tentativa de criminalizar a nossa produção de etanol, como se fossemos responsáveis pelo aumento do preço dos alimentos ou pela fome e escassez no mundo. Ao contrário, é preciso demonstrar, como tem feito o presidente Lula, que o Brasil é parte da solução e não do problema, tanto nas negociações de DOHA como no aumento da produção mundial de alimentos seguros e baratos.
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O mundo assiste estarrecido à explosão dos preços dos alimentos e, pior, o crescimento da demanda sem uma oferta correspondente – 30 países, enfrentando revoltas e protestos, proíbem a exportação de alimentos e derrubam barreiras para baratear as importações. As Nações Unidas e o FMI discutem medidas para fazer frente à alta dos preços dos alimentos, 100% nos últimos três anos e 40% só nos últimos meses na África, onde a situação é a mais grave.
A culpa desse cenário preocupante é creditada à explosiva demanda de alimentos, particularmente na China e na Índia, ao aumento dos preços do petróleo, que encarece os custos de transporte, energia e produção, e às péssimas condições climáticas dos últimos anos em muitas regiões do mundo. Três outros fatores devem ser acrescentados na lista dos responsáveis: os subsídios e o protecionismo dos países desenvolvidos que desestimulam o aumento da produção nos países em desenvolvimento, a criminosa especulação de fundos de investimentos que apostaram na alta dos alimentos, e, por fim, a política européia e norte-americana de estimular a produção de biocombustível à custa da produção de alimentos, acarretando, em decorrência, o aumento do preço do milho no mundo, por exemplo.
A situação é grave e não permite subterfúgios. Falta alimento em todo o mundo pobre, onde as revoltas se sucedem, e as Nações Unidas não têm recursos para garantir assistência alimentar a 100 milhões de pessoas. Seu programa alimentar necessita de US$ 500 milhões para poder minorar a situação de flagelo e, pasmem, as Nações Unidas não conseguem arrecadar esses recursos.Mas a saída não deve e não pode ser apenas a distribuição de alimentos, necessária, mas não suficiente. É preciso estimular a produção de alimentos com medidas coordenadas e eficientes, deter a especulação e concluir o acordo de DOHA para derrubar as barreiras e os subsídios que amarram o comércio mundial de alimentos e sua produção nos países em desenvolvimento.
O estímulo à produção de alimentos passa, necessariamente, pela reforma agrária, por uma política de fomento e apoio à agricultura familiar, pelo zoneamento agrícola que garanta terras para a produção de alimentos e a proteção ambiental e social, certificando toda produção de biocombustível e impedindo a devastação de florestas e o “roubo” de terras que produzem alimentos. Ou, pior ainda, o uso de cereais como o milho para a produção de etanol. O aumento da produção de grãos passa, também, pela liberdade comercial.
O Brasil, como um dos maiores produtores do mundo de cereais, carne e leite, deve dar o exemplo, ampliando o estímulo à agricultura familiar e implantado o zoneamento agrícola e a certificação ambiental e social. Precisamos urgentemente delimitar, geograficamente, até onde pode ir à produção de cereais e a pecuária. Temos que aumentar a produção de grãos articuladamente com políticas de preservação da Amazônia e de defesa das terras agriculturáveis. Ou seja, não podemos permitir que a produção de biocombustíveis ocupe terras da agricultura. Para isso, temos 40 milhões de terras degradadas que podem e devem ser recuperadas e, inclusive, reflorestadas.
Não podemos admitir ou aceitar a escandalosa política protecionista dos países desenvolvidos ou pior a tentativa de criminalizar a nossa produção de etanol, como se fossemos responsáveis pelo aumento do preço dos alimentos ou pela fome e escassez no mundo. Ao contrário, é preciso demonstrar, como tem feito o presidente Lula, que o Brasil é parte da solução e não do problema, tanto nas negociações de DOHA como no aumento da produção mundial de alimentos seguros e baratos.
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