ROBERTO GUEDES
Carlos Eduardo para Governador Aos leitores e eleitores de Natal, a grande maioria dos quais ainda não se ligou ao processo eleitoral em curso, não foi dado até agora saber quem serão efetivamente os candidatos à sucessão do prefeito Carlos Eduardo Alves, cujo mandato se extinguirá a 31 de dezembro e precisará de votação em outubro que se aproxima. Já é certo, porém, que o alcaide natalense é candidato à sucessão da governadora Wilma de Faria, em 2010, podendo não mais postular a indicação situacionista por contar com a perspectiva de ser o governadorável da oposição. Esta é a única certeza que se afirmou em relação à sucessão municipal em Natal durante a semana que passou, quando finalmente Carlos Eduardo começou a mostrar ao Rio Grande do Norte que está de marcha batida rumo ao seio da família Alves, que abandonou em 2002 para viabilizar a candidatura de Wilma a Governador e vê-la presenteá-lo com a prefeitura da capital. Acostumada a mais fazer a crônica social de nome e atores do que exatamente mostrar ao eleitor o que está acontecendo e as repercussões destes acontecimentos no processo que se avizinha, a imprensa diária de Natal penou para se situar no episódio e pode estar perdendo mais nesta dança do que o deputado federal Rogério Marinho e o vereador Hermano Morais, cujas candidaturas a prefeito foram vilipendiadas por correligionários formais situados na geração imediatamente posterior à do grande Aluízio na família Alves. Nenhum jornal procurou esmiuçar melhor o que estava acontecendo, na semana imediatamente anterior, quando a governadora Wilma de Faria tomou a iniciativa de convidar Carlos Eduardo para uma conversa em sua residência e mostrar-lhe que, em benefício do grupo que ambos integravam até então, o burgomestre precisaria abrir logo o jogo sobre a sucessão municipal, sepultando a recalcitrância a que se apegava. Até então, imperava a certeza de que ele só falaria sobre sua sucessão em maio, mas Wilma notou que isto só funcionava para dentro do PSB e do vilmismo, pois “Táta”, como o burgomestre passou a gostar de ser chamado, resgatando apelido pueril, tem dialogado sobre o tema com expoentes de legendas que podem ou não abrigar-se sob o toldo do palanque pessebista. Nenhum jornal questionou quando Wilma, depois desse encontro, demonstrou que havia assumido o controle da situação, por exemplo, ao anunciar que a seu pedido Carlos Eduardo poderia, a qualquer momento, antecipar seu pronunciamento. Todo mundo se deu por satisfeito quando ela disse que o Prefeito havia reiterado seu compromisso com o projeto do PSB. Ocorre que o projeto da agremiação atendia, até então, pelo nome de Rogério Marinho e o parlamentar resolveu tirar a prova, provocando nova conversa com Táta. Na segunda-feira, quebrou a cara: ouviu do Prefeito o que não queria, não apenas em termos de recusa quanto a seu nome, mas principalmente um rosário de queixas que nunca imaginou estar sendo guardado como banana verde enfurnada. Correu logo a transmitir tudo a Wilma e assim a induziu a procurar novamente o burgomestre, ocasião em que os ouvidos dela também doeram. A Wilma e a Rogério e diante do testemunho solitário do vice-governador Iberê Ferreira de Souza, na conversa com a chefe do executivo estadual, Táta reclamou de coisas do tempo do ronca. Deplorou, por exemplo, que não pode governar no primeiro ano de sua gestão à frente da prefeitura, porque ao se desincompatibilizar para disputar o Palácio Potengi Wilma o obrigou a preservar toda a equipe dela. Reclamou porque o vilmismo e principalmente Rogério lhe tomaram o primeiro troféu que ambicionava, a vitória na eleição do presidente da Câmara Municipal, em 2003, quando foi dormir vitorioso e acordo sabendo que lhe haviam arrebatado os louros. Adiante, como narrou, sofreu ao ver o vilmismo impedi-lo de suceder ao pai, o prefeito Agnelo Alves, de Parnamirim, na presidência da Federação dos Municípios (FEMUR), a entidade que serviu de catapulta para que a então prefeita Wilma se projetasse em todo o Estado a partir de 2000. Adicionou à cobrança o fato de Wilma tê-lo forçado a estadualizar o projeto de construção da ponte de Redinha, através da qual, com ou sem a Femurn, esperava atravessar politicamente o estuário do Potengi para se projetar como alternativa para o governo em 2010. Os confiscos estaduais não ficaram aí. “Táta” ainda não perdoou Wilma por também haver, com todo açodamento do mundo, promovido uma festa pública no final da avenida Engenheiro Omar O’Grady de Paiva, o conhecido prolongamento que esticou a avenida Prudente de Morais até Cidade Satélite, a fim de assinar ali uma ordem de serviço para a imediata implementação de uma artéria ligando Natal a Parnamirim. Motivada apenas pela vontade de protagonizar um factóide, ela não tinha projeto nem verbas para o empreendimento, mas sabia que precisava correr contra o tempo para que Agnelo e Táta não conseguissem o apoio de Brasília para o empreendimento e o divulgassem apenas como iniciativa das prefeituras dos municípios conturbados. Por fim, Carlos Eduardo lembrou que, de modo geral, a administração estadual lhe foi madrasta ao longo de todo esse tempo, sonegando-lhe qualquer apoio e ainda fazendo questão de passar em rosto, teatralmente em certos casos, qualquer ajuda que não pode impedir - como, por exemplo, alguns milhões destinados à recuperação do estádio municipal João Machado, que a seu ver a Governadora deveria ter reformado às espensas do Estado, pois à frente da administração estadual tinha sido negligência só em relação à obra e àquele monumento. Cuidadosamente, foi neste campo que o prefeito se posicionou melhor contra o projeto eleitoral de Wilma. Como quem não quisesse realçar o cacife de Rogério ou outro prefeitável ao qual tivesse que opor seu veto, como a deputada estadual Micarla de Souza, a vice-prefeita que não tolerou e à qual tratou deselegantemente enquanto ela estava em sua órbita administrativa, Carlos Eduardo se ateve ao espaço em que somente Wilma, com um bom ou um mal desempenho, teria comprado ou perdido definitivamente sua lealdade. O pior em todas as vicissitudes que o vilmismo lhe impingiu desde que trocou a família Alves pelo apoio a Wilma teria sido o abandono a que a administração dela à frente do Palácio Potengi o condenou enquanto vizinho ali no Felipe Camarão. Enquanto não tinha opção, Carlos Eduardo engoliu calado. Quando, porem, um aliado ao qual conhecia pouco, abriu-lhe as portas da Casa Civil da Presidência da República e por intermédio desta acessou-lhes os cofres da viúva federal, Carlos Eduardo descobriu que não mais seria dependente de Wilma. Ele nunca discursou isto. Pelo contrário, engoliu em seco situações estupidamente adversas a que ela o condenou, como o papel de figura transparente, invisível, mesmo, na inauguração da ponte de Redinha. Não lhe interessava cortar os laços então. Precisava, antes, garantir-se os recursos com os quais vem deslanchando sua gestão ao ponto de estar se transformando numa grande referência em termos de gestão pública para o Rio Grande do Norte na sucessão da própria Wilma. Não se sabe se ela percebeu em tempo ou não, mas o fato é que, pelas mãos da deputada federal Fátima Bezerra, principal força eleitoral do PT no Rio Grande do Norte, Carlos Eduardo chegou, de fato, aos recursos de Brasília, municiando-se para transformar o segundo semestre de 2007 e todo 2008 numa dinâmica extraordinária de realizações. Nenhuma obra, ou pouquíssimas delas, têm o DNA do governo estadual. Enquanto isto, a única obra que Wilma poderia capitalizar em Natal, a avenida metropolitana, que prometeu batizar com o nome do saudoso prefeito Vauban Bezerra de Faria, nem sugere que vai ser tocada. Táta aguentou muito enquanto não tinha alternativa, mas a condução de Garibaldi Filho à presidência do Senado e as boas relações que o parlamentar mantém com o tio Agnelo criaram condições para que o burgomestre natalense passasse a considerar objetivamente a perspectiva de retorno ao clã. A possibilidade de Garibaldi Filho tentar se manter na presidência do Congresso Nacional em janeiro próximo tem tudo para entregar ao prefeito a candidatura da família a Governador. A ocorrência antes da eleição municipal pode dar a Táta a chance de crescer aqui como organizador no Estado da base de apoio a Lula, tendo a seu lado Garibaldi Filho, Wilma e o PT e sem situar-se necessariamente sob as ordens de nenhum líder conterrâneo, para assim construir sua candidatura rumo a 2.010. Esta é a única certeza de hoje.
Carlos Eduardo para Governador Aos leitores e eleitores de Natal, a grande maioria dos quais ainda não se ligou ao processo eleitoral em curso, não foi dado até agora saber quem serão efetivamente os candidatos à sucessão do prefeito Carlos Eduardo Alves, cujo mandato se extinguirá a 31 de dezembro e precisará de votação em outubro que se aproxima. Já é certo, porém, que o alcaide natalense é candidato à sucessão da governadora Wilma de Faria, em 2010, podendo não mais postular a indicação situacionista por contar com a perspectiva de ser o governadorável da oposição. Esta é a única certeza que se afirmou em relação à sucessão municipal em Natal durante a semana que passou, quando finalmente Carlos Eduardo começou a mostrar ao Rio Grande do Norte que está de marcha batida rumo ao seio da família Alves, que abandonou em 2002 para viabilizar a candidatura de Wilma a Governador e vê-la presenteá-lo com a prefeitura da capital. Acostumada a mais fazer a crônica social de nome e atores do que exatamente mostrar ao eleitor o que está acontecendo e as repercussões destes acontecimentos no processo que se avizinha, a imprensa diária de Natal penou para se situar no episódio e pode estar perdendo mais nesta dança do que o deputado federal Rogério Marinho e o vereador Hermano Morais, cujas candidaturas a prefeito foram vilipendiadas por correligionários formais situados na geração imediatamente posterior à do grande Aluízio na família Alves. Nenhum jornal procurou esmiuçar melhor o que estava acontecendo, na semana imediatamente anterior, quando a governadora Wilma de Faria tomou a iniciativa de convidar Carlos Eduardo para uma conversa em sua residência e mostrar-lhe que, em benefício do grupo que ambos integravam até então, o burgomestre precisaria abrir logo o jogo sobre a sucessão municipal, sepultando a recalcitrância a que se apegava. Até então, imperava a certeza de que ele só falaria sobre sua sucessão em maio, mas Wilma notou que isto só funcionava para dentro do PSB e do vilmismo, pois “Táta”, como o burgomestre passou a gostar de ser chamado, resgatando apelido pueril, tem dialogado sobre o tema com expoentes de legendas que podem ou não abrigar-se sob o toldo do palanque pessebista. Nenhum jornal questionou quando Wilma, depois desse encontro, demonstrou que havia assumido o controle da situação, por exemplo, ao anunciar que a seu pedido Carlos Eduardo poderia, a qualquer momento, antecipar seu pronunciamento. Todo mundo se deu por satisfeito quando ela disse que o Prefeito havia reiterado seu compromisso com o projeto do PSB. Ocorre que o projeto da agremiação atendia, até então, pelo nome de Rogério Marinho e o parlamentar resolveu tirar a prova, provocando nova conversa com Táta. Na segunda-feira, quebrou a cara: ouviu do Prefeito o que não queria, não apenas em termos de recusa quanto a seu nome, mas principalmente um rosário de queixas que nunca imaginou estar sendo guardado como banana verde enfurnada. Correu logo a transmitir tudo a Wilma e assim a induziu a procurar novamente o burgomestre, ocasião em que os ouvidos dela também doeram. A Wilma e a Rogério e diante do testemunho solitário do vice-governador Iberê Ferreira de Souza, na conversa com a chefe do executivo estadual, Táta reclamou de coisas do tempo do ronca. Deplorou, por exemplo, que não pode governar no primeiro ano de sua gestão à frente da prefeitura, porque ao se desincompatibilizar para disputar o Palácio Potengi Wilma o obrigou a preservar toda a equipe dela. Reclamou porque o vilmismo e principalmente Rogério lhe tomaram o primeiro troféu que ambicionava, a vitória na eleição do presidente da Câmara Municipal, em 2003, quando foi dormir vitorioso e acordo sabendo que lhe haviam arrebatado os louros. Adiante, como narrou, sofreu ao ver o vilmismo impedi-lo de suceder ao pai, o prefeito Agnelo Alves, de Parnamirim, na presidência da Federação dos Municípios (FEMUR), a entidade que serviu de catapulta para que a então prefeita Wilma se projetasse em todo o Estado a partir de 2000. Adicionou à cobrança o fato de Wilma tê-lo forçado a estadualizar o projeto de construção da ponte de Redinha, através da qual, com ou sem a Femurn, esperava atravessar politicamente o estuário do Potengi para se projetar como alternativa para o governo em 2010. Os confiscos estaduais não ficaram aí. “Táta” ainda não perdoou Wilma por também haver, com todo açodamento do mundo, promovido uma festa pública no final da avenida Engenheiro Omar O’Grady de Paiva, o conhecido prolongamento que esticou a avenida Prudente de Morais até Cidade Satélite, a fim de assinar ali uma ordem de serviço para a imediata implementação de uma artéria ligando Natal a Parnamirim. Motivada apenas pela vontade de protagonizar um factóide, ela não tinha projeto nem verbas para o empreendimento, mas sabia que precisava correr contra o tempo para que Agnelo e Táta não conseguissem o apoio de Brasília para o empreendimento e o divulgassem apenas como iniciativa das prefeituras dos municípios conturbados. Por fim, Carlos Eduardo lembrou que, de modo geral, a administração estadual lhe foi madrasta ao longo de todo esse tempo, sonegando-lhe qualquer apoio e ainda fazendo questão de passar em rosto, teatralmente em certos casos, qualquer ajuda que não pode impedir - como, por exemplo, alguns milhões destinados à recuperação do estádio municipal João Machado, que a seu ver a Governadora deveria ter reformado às espensas do Estado, pois à frente da administração estadual tinha sido negligência só em relação à obra e àquele monumento. Cuidadosamente, foi neste campo que o prefeito se posicionou melhor contra o projeto eleitoral de Wilma. Como quem não quisesse realçar o cacife de Rogério ou outro prefeitável ao qual tivesse que opor seu veto, como a deputada estadual Micarla de Souza, a vice-prefeita que não tolerou e à qual tratou deselegantemente enquanto ela estava em sua órbita administrativa, Carlos Eduardo se ateve ao espaço em que somente Wilma, com um bom ou um mal desempenho, teria comprado ou perdido definitivamente sua lealdade. O pior em todas as vicissitudes que o vilmismo lhe impingiu desde que trocou a família Alves pelo apoio a Wilma teria sido o abandono a que a administração dela à frente do Palácio Potengi o condenou enquanto vizinho ali no Felipe Camarão. Enquanto não tinha opção, Carlos Eduardo engoliu calado. Quando, porem, um aliado ao qual conhecia pouco, abriu-lhe as portas da Casa Civil da Presidência da República e por intermédio desta acessou-lhes os cofres da viúva federal, Carlos Eduardo descobriu que não mais seria dependente de Wilma. Ele nunca discursou isto. Pelo contrário, engoliu em seco situações estupidamente adversas a que ela o condenou, como o papel de figura transparente, invisível, mesmo, na inauguração da ponte de Redinha. Não lhe interessava cortar os laços então. Precisava, antes, garantir-se os recursos com os quais vem deslanchando sua gestão ao ponto de estar se transformando numa grande referência em termos de gestão pública para o Rio Grande do Norte na sucessão da própria Wilma. Não se sabe se ela percebeu em tempo ou não, mas o fato é que, pelas mãos da deputada federal Fátima Bezerra, principal força eleitoral do PT no Rio Grande do Norte, Carlos Eduardo chegou, de fato, aos recursos de Brasília, municiando-se para transformar o segundo semestre de 2007 e todo 2008 numa dinâmica extraordinária de realizações. Nenhuma obra, ou pouquíssimas delas, têm o DNA do governo estadual. Enquanto isto, a única obra que Wilma poderia capitalizar em Natal, a avenida metropolitana, que prometeu batizar com o nome do saudoso prefeito Vauban Bezerra de Faria, nem sugere que vai ser tocada. Táta aguentou muito enquanto não tinha alternativa, mas a condução de Garibaldi Filho à presidência do Senado e as boas relações que o parlamentar mantém com o tio Agnelo criaram condições para que o burgomestre natalense passasse a considerar objetivamente a perspectiva de retorno ao clã. A possibilidade de Garibaldi Filho tentar se manter na presidência do Congresso Nacional em janeiro próximo tem tudo para entregar ao prefeito a candidatura da família a Governador. A ocorrência antes da eleição municipal pode dar a Táta a chance de crescer aqui como organizador no Estado da base de apoio a Lula, tendo a seu lado Garibaldi Filho, Wilma e o PT e sem situar-se necessariamente sob as ordens de nenhum líder conterrâneo, para assim construir sua candidatura rumo a 2.010. Esta é a única certeza de hoje.
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