Senadores experientes que ganharam os holofotes nos últimos oito anos estão ameaçados de sair de cena no início de 2011. Apesar de terem ocupado as páginas dos jornais e frequentado de maneira assídua a tribuna do Senado por quase uma década, eles, agora, têm a eleição ameaçada. Alguns mantiveram o discurso ultrapassado e utilizam a campanha não para apresentar novas ideias, mas para denegrir a imagem dos oponentes. Outros, além de envolvidos com esquemas de corrupção, fazem campanha semelhante à de coronéis que dividiam os Estados em currais eleitorais. De acordo com especialistas, o eleitor, cada vez mais bem-informado, vem mostrando que quer sangue novo e exige competência. “Há dois terços do Senado em disputa e haverá uma grande renovação”, diz o diretor do Diap, Antônio Augusto Queiroz. “Dos 30 que tentam a reeleição, quase a metade não deve se reeleger.”
A degola ameaça principalmente os senadores de oposição do Nordeste, que apostaram num discurso surrado e de crítica sistemática ao governo Lula no Congresso. O senador Heráclito Fortes (DEM-PI), que utilizou a CPI dos Bingos para minar o governo, corre sério risco de ficar sem mandato. Ele está em terceiro lugar nas pesquisas, com 24% dos votos, atrás do ex-governador Wellington Dias (PT-PI), que tem 55%, e de Mão Santa (PSC-PI), com 30%. “Estou recebendo um bombardeio direto do Palácio”, reclama Heráclito. “Eles não têm o direito de usar a máquina do governo, de distribuir verbas e convênios para favorecer seus aliados. As candidaturas mais caras são as do governo”, justificou. Outro que usou a CPI para atingir o governo foi o senador Efraim Morais (DEM-PB). Com uma diferença: Efraim é acusado de envolvimento em esquemas de corrupção. As denúncias vão desde a distribuição de cargos a servidores fantasmas no Senado até a cobrança de propinas em contratos de serviços públicos. Na Paraíba, o ex-governador Cássio Cunha Lima (PSDB) lidera as pesquisas ao Senado, com 52% dos votos. Em segundo lugar está o prefeito de Campina Grande, Vital do Rego Filho (PMDB), com 25%. Efraim tem 22%.
Outra figura carimbada da política brasileira que corre o risco de ficar sem mandato é o senador Arthur Virgílio (PSDB). Dono de um discurso ácido e de críticas pesadas, ele aproveita sua campanha para desferir duros golpes nos concorrentes. Mas essa estratégia não tem garantido votos para Virgílio. O ex-governador do Amazonas Eduardo Braga (PMDB) tem 82% e a deputada Vanessa Grazziotin (PCdoB) está em segundo lugar, com 39,3%. Virgílio aparece com 39%. No Rio Grande do Norte, o senador José Agripino Maia (DEM), que chegou a bater boca com a ministra Dilma Rousseff em audiência no Senado, está em segundo lugar nas pesquisas, com 39%, mas vê o avanço de sua oponente, a ex-governadora Wilma Maia (PSB), que já tem 32%. Em primeiro lugar está o ex-presidente do Senado Garibaldi Alves Filho (PMDB), com 41%. Leia mais aqui.
Amigos do presidente
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