sábado, 24 de julho de 2010

Eleições 2010

PCdoB enterra sonho e adota estratégia para enganar apodienses


Sei que a postagem a seguir será contestada por muitos e resultará em dissabores.

Mas por saber que minha opinião condiz com a verdade, resolvi postar, mesmo correndo o risco de ver comentários inconvenientes destinados a justificar a minha posição.

Adianto. Não me vendi a ninguém.

Reforço. Não me corrompi.

Mas seria impossível manter minhas noites de sono tranqüilas sem opinar. Vivo disso há 12 anos. Antes o fazia por instinto. Silenciar sempre me deixou inquieto.

Antes de mais nada, eu gostaria de deixar claro: Não voto em Apodi.

Não mantenho vínculos políticos na cidade, mas fugindo ao que normalmente é comum na minha conduta, em 2008 fui além, e optei por torcer por uma candidatura.

Minha torcida não modificou minha linha de análise, mas é preciso confessar o que muitos apodienses desconfiavam no período da campanha, e só não tiveram certeza por não me perguntar: Em Apodi torci pela realização de um sonho coletivo.

Este sonho, que tinha o nome de ‘Nova Geração’ começou muito antes, num período onde ir as ruas na busca por direitos parecia uma missão impossível para uma cidade tão atrelada ao tradicionalismo político.

Era o verde...o vermelho...era o cal e a pinha, dominando o voto do sertanejo que em seu coração sempre manteve vivo o fervor de uma boa disputa.

Mas o tempo era outro.

O verde e o vermelho perderam suas autenticidades.

O cal e a pinha não mais dividiam a cidade, que acompanhou a partir da mistura protagonizada por PMDB e DEM, um clamor por novas cores e pensamentos.
Acompanhei de perto a semente deste sonho, que inicialmente teve o nome de Fórum de Entidades de Apodi, e logo após, passaria a ter o nome de Flaviano Monteiro, ícone de uma Nova Geração.

Flaviano, que veio das bases, que saiu de uma sala de aula, com sotaque carregado e cabeça grande achatada, ensinou o apodiense a acreditar em algo tão simples quanto impressionante: a força de um povo.

Ele não ensinou só.

Foi interlocutor de um grupo que não aceitava mais receber esmolas nem promessas.

Contou com a contribuição e soma de estilos que envolviam desde pescadores a empresários, universitários a industriários, e conseguiu unir verde e vermelho num período onde a divisão ainda imperava.

Sou carente de lutas sociais.

Habituado a viver rotinas de direita, nunca me privei de aceitar as opiniões radicais e via com simpatia e empolgação e o anarquismo de um povo que ameaçou se declarar independente de um Estado irresponsável para buscar seu desenvolvimento em ‘solo’ cearense.

Me vi à vontade para lutar por projetos que não diziam respeito direto a mim, nem as minhas origens.

Vi o Fórum e Flaviano, desafiarem prefeitos, deputados, senadores e governadores em solo potiguar e além ‘fronteira’.

Vi este povo ‘invadir’ parlamentos, bloquear estradas, cobrar presidente da república e fazer um movimento repercutir além das esburacadas estradas da região, despertando o interesse e o plágio em locais distintos, sem a garantia da força que o fez único.

E assim, participei de mobilizações.

De reuniões.

Mobilizei amigos da imprensa para recepcionar o que para mim se configuravam como heróis de uma sociedade subserviente e habituada a se vender por R$ 20 numa campanha eleitoral.

Esta realidade não poderia parar.

O povo precisava ocupar o poder de forma legitima.

As cobranças que se limitavam as ameaças e protestos, precisavam ganhar cores vivas para se converter em resultados práticos.

Lutar contra o poder não é fácil. Conquistar tudo que se almeja também não.

Apodi conquistou o respeito, mas perdeu a Ufersa.

Apodi ganhou a força que antes era tida como impossível, mas não se viu impedida de acompanhar frustrações.

Esta realidade fez o povo sair as ruas novamente.

Num movimento nunca antes visto, a sociedade protestava, mas com uma expectativa real.

A Nova Geração poderia chegar ao comando do município.

Não vou entrar em detalhes da campanha.

Mas gostaria de citar dois momentos que para mim foram importantes.

Na primeira quinzena de setembro de 2008, Flaviano recebeu em seu palanque a governadora Wilma de Faria.

Acompanhando Wilma, estavam os deputados João Maia e Fábio Farias.

Todos impressionados.

De microfone na mão, Flaviano fazia cobranças a nova aliada que já sabia o que a esperava em Apodi.

Este era o espírito imperante.

O segundo momento está ligado ao último comício da campanha.

Eu que me encontrava em Pau dos Ferros acompanhando o fim da campanha na cidade oestana, arrisquei minha vida numa velocidade mantida acima do limite da coerência durante cerca de 40 minutos.

Assim o fiz por vontade de verificar como seria encerrado o fim de uma luta tão empolgante.

Cheguei a Apodi no fim da mobilização.

Vi um cenário impressionante.

Se o palanque mantivesse o tamanho da praça Robson Lopes, todos os presentes estariam em cima, ao lado de Flaviano, e não teria ficado ninguém de frente para acompanhar os discursos.



Escrito por Erivan Morais às 10h53
[ (0) Comente ] [ envie esta mensagem ] [ ]






Eleições 2010

Continua

No apertado espaço do palanque, subiram tantas pessoas quanto foi possível, sem limites, sem barreiras, sem triagens.Vi o povo se sentindo dono da cidade de uma forma nunca antes vista.Vi pessoas humildes chorando e agradecendo um Flaviano, que vivia um momento de gloria.Era ali, um legitimo representante da cidade de Apodi.Não deu. As urnas mostraram uma outra realidade.E o sonho foi adiado.Digo adiado, porque é preciso sonhar, e manter as forças para buscar novos horizontes.A vida é movida por desafios.Apodi não ‘tinha’ mais o Fórum de Entidades.Nem poderia mais ‘ter’.Mas Apodi TERIA uma nova oportunidade de avaliar seu rumo.Quatro anos passam rápido e Gorete estaria desgastada.Criticar é uma função simples por não se exigir pagamentos palpáveis por eventuais falhas.Mas não faço criticas com filosofias vãs.Me sinto a vontade e bem embasado para criticar o que qualifico como uma grande covardia protagonizada pelo PCdoB e agregados.


O partido que encabeçou uma das estórias políticas mais legitimas e emocionantes da história do Rio Grande do Norte, foi o mesmo que enterrou o sonho de toda uma geração, a partir de interesses que não levaram em consideração o que foi vivido ao longo dos últimos anos.

Após a eleição de 2008, Flaviano abdicou a função de líder da oposição.

Não aceitou cargos, mas se negou a se manter como o líder da oposição de uma sociedade que se acostumou a cobrar.

Flaviano ganhou a simpatia de milhares de pessoas, mas perdeu sua essência. Deixou de ser porta voz dos excluídos.

Criticar atos ou pessoas, cobrar, exigir, reivindicar, passaram contraditoriamente a ser ações marcadas por uma cautela excessiva.

Flaviano se omitiu. Silenciou.

Alvo de adversários, Flaviano se mantinha como cercado por aliados, que talvez tenham sido a real justificativa para a sua derrota.

A selvageria das traições e do tradicionalismo, o fizeram recuar.

Depois da campanha mantive dois contatos com Flaviano.

O vi irreconhecível.

Após inúmeras análises o partido decidiu que Flaviano deveria ser candidato a deputado estadual.

Flaviano era o fôlego que o PCdoB precisava para eleger um representante na AL.

Correto.

Em nível local, o projeto foi encarado como a última cartada para manter a chama acesa até 2012.

Errado.

Para manter a chama acesa, uniu-se uma serie de incoerências que enterraram de vez o sonho de uma Apodi comandada por jovens ávidos pelo futuro.

Toda campanha necessita de dinheiro.

Não adianta pensar o contrário.

Até mesmo para um candidato andar de casa em casa é preciso da ‘sola do sapato’.

Uma campanha exige renúncias, alguém precisa pagar o preço.

Para eleger um deputado, o PCdoB precisava de um parceiro.Para ser candidato, Flaviano também.O PCdoB encontrou no PDT esta parceria que tem objetivo mais do que direcionado.Flaviano, sem dinheiro, precisava de alguém que bancasse a estrutura mínima para ser candidato.Apareceu Fábio Farias.Mas quem disse que Flaviano precisava ser candidato?Me tornei fã de uma frase, presenciada pelas maiores lideranças políticas deste Estado partindo de Flaviano.“O Apodi votará apenas naqueles que fizerem alguma coisa pela nossa terra”.Mentira. Balela. Enganação.O mesmo Flaviano agora votará em Carlos Eduardo Alves, que no dia 30 de dezembro de 2009 fez discurso em Apodi destacando que aquela era sua segunda visita à cidade.Ridículo para um homem que carrega o sobrenome Alves e foi secretário de Estado por mais de uma vez.O que este homem terá feito pela cidade para merecer o voto de Flaviano e seus guerreiros?O que terá feito Fábio Farias para receber a mesma honra?O que gera mais tristeza é ver as pessoas que antes lutavam por um sonho, serem manipuladas defendendo um lema que é tão verdadeiro quanto a folha de serviços prestada por Carlos Eduardo Alves e Fábio Farias a Apodi. “Só depende de nós”.Mentira.Eleger um filho de Apodi para a assembléia não depende de Apodi.Balela.A coligação PDT/PCdoB precisa de algo em torno de 73 mil votos para eleger um deputado.
O PDT, com candidato a governador e estrutura concentrada em Natal, trabalha com a estimativa de eleger no mínimo dois deputados.
O PCdoB só terá chances se a coligação eleger no mínimo um terceiro nome.
Se cada um dos 27 mil eleitores apodienses decidissem votar em Flaviano esta possibilidade ainda seria remota.
Flaviano não é unanimidade em Apodi, nem será.
Viu metade dos votos da cidade seguir o rumo da sua principal adversária a prefeita Gorete Pinto, que não deixará a campanha sem transferir parte dos seus votos para seus candidatos.
Apodi conta com outros dois candidatos, e outras lideranças correm para transferir seus eleitores com o objetivo de justificar a esmola recebida.
Após acompanhar o desfecho desta história me sinto enganado.
Ninguém vai me convencer de que as decisões foram corretas ou tomadas com base no sonho de um povo que merecia no mínimo respeito.
Para a história teria sido mais coerente que Flaviano tivesse entrado como um derrotado com honra inabalável.
Se o partido exigiu a candidatura, que ele tivesse entregado o partido.
Se seus companheiros tivessem o pressionado a trair seus ideais, ele tivesse abdicado da vida pública.
Mas não consigo encontrar justificativa para trocar o sonho dos apodienses por uma mentira.
Adoraria ver Flaviano Monteiro deputado, mas as urnas vão mostrar que não estou sendo injusto.E se ele for?
Terá sido eleito com uma retórica condenável.
Não creio.O cenário mostra uma outra realidade.
O que falar para as pessoas que acreditaram que fazer Flaviano deputado só dependia delas?
Flaviano sairá da eleição 2010 derrotado, e sem discurso.
É o fim trágico de uma história mágica.
Infelizmente.
Giro Pelo Estado

Nenhum comentário: