Sei que a postagem a seguir será contestada por muitos e resultará em dissabores.
Mas por saber que minha opinião condiz com a verdade, resolvi postar, mesmo correndo o risco de ver comentários inconvenientes destinados a justificar a minha posição.
Adianto. Não me vendi a ninguém.
Reforço. Não me corrompi.
Mas seria impossível manter minhas noites de sono tranqüilas sem opinar. Vivo disso há 12 anos. Antes o fazia por instinto. Silenciar sempre me deixou inquieto.
Antes de mais nada, eu gostaria de deixar claro: Não voto em Apodi.
Não mantenho vínculos políticos na cidade, mas fugindo ao que normalmente é comum na minha conduta, em 2008 fui além, e optei por torcer por uma candidatura.
Minha torcida não modificou minha linha de análise, mas é preciso confessar o que muitos apodienses desconfiavam no período da campanha, e só não tiveram certeza por não me perguntar: Em Apodi torci pela realização de um sonho coletivo.
Este sonho, que tinha o nome de ‘Nova Geração’ começou muito antes, num período onde ir as ruas na busca por direitos parecia uma missão impossível para uma cidade tão atrelada ao tradicionalismo político.
Era o verde...o vermelho...era o cal e a pinha, dominando o voto do sertanejo que em seu coração sempre manteve vivo o fervor de uma boa disputa.
Mas o tempo era outro.
O verde e o vermelho perderam suas autenticidades.
O cal e a pinha não mais dividiam a cidade, que acompanhou a partir da mistura protagonizada por PMDB e DEM, um clamor por novas cores e pensamentos.
Acompanhei de perto a semente deste sonho, que inicialmente teve o nome de Fórum de Entidades de Apodi, e logo após, passaria a ter o nome de Flaviano Monteiro, ícone de uma Nova Geração.
Flaviano, que veio das bases, que saiu de uma sala de aula, com sotaque carregado e cabeça grande achatada, ensinou o apodiense a acreditar em algo tão simples quanto impressionante: a força de um povo.
Ele não ensinou só.
Foi interlocutor de um grupo que não aceitava mais receber esmolas nem promessas.
Contou com a contribuição e soma de estilos que envolviam desde pescadores a empresários, universitários a industriários, e conseguiu unir verde e vermelho num período onde a divisão ainda imperava.
Sou carente de lutas sociais.
Habituado a viver rotinas de direita, nunca me privei de aceitar as opiniões radicais e via com simpatia e empolgação e o anarquismo de um povo que ameaçou se declarar independente de um Estado irresponsável para buscar seu desenvolvimento em ‘solo’ cearense.
Me vi à vontade para lutar por projetos que não diziam respeito direto a mim, nem as minhas origens.
Vi o Fórum e Flaviano, desafiarem prefeitos, deputados, senadores e governadores em solo potiguar e além ‘fronteira’.
Vi este povo ‘invadir’ parlamentos, bloquear estradas, cobrar presidente da república e fazer um movimento repercutir além das esburacadas estradas da região, despertando o interesse e o plágio em locais distintos, sem a garantia da força que o fez único.
E assim, participei de mobilizações.
De reuniões.
Mobilizei amigos da imprensa para recepcionar o que para mim se configuravam como heróis de uma sociedade subserviente e habituada a se vender por R$ 20 numa campanha eleitoral.
Esta realidade não poderia parar.
O povo precisava ocupar o poder de forma legitima.
As cobranças que se limitavam as ameaças e protestos, precisavam ganhar cores vivas para se converter em resultados práticos.
Lutar contra o poder não é fácil. Conquistar tudo que se almeja também não.
Apodi conquistou o respeito, mas perdeu a Ufersa.
Apodi ganhou a força que antes era tida como impossível, mas não se viu impedida de acompanhar frustrações.
Esta realidade fez o povo sair as ruas novamente.
Num movimento nunca antes visto, a sociedade protestava, mas com uma expectativa real.
A Nova Geração poderia chegar ao comando do município.
Não vou entrar em detalhes da campanha.
Mas gostaria de citar dois momentos que para mim foram importantes.
Na primeira quinzena de setembro de 2008, Flaviano recebeu em seu palanque a governadora Wilma de Faria.
Acompanhando Wilma, estavam os deputados João Maia e Fábio Farias.
Todos impressionados.
De microfone na mão, Flaviano fazia cobranças a nova aliada que já sabia o que a esperava em Apodi.
Este era o espírito imperante.
O segundo momento está ligado ao último comício da campanha.
Eu que me encontrava em Pau dos Ferros acompanhando o fim da campanha na cidade oestana, arrisquei minha vida numa velocidade mantida acima do limite da coerência durante cerca de 40 minutos.
Assim o fiz por vontade de verificar como seria encerrado o fim de uma luta tão empolgante.
Cheguei a Apodi no fim da mobilização.
Vi um cenário impressionante.
Se o palanque mantivesse o tamanho da praça Robson Lopes, todos os presentes estariam em cima, ao lado de Flaviano, e não teria ficado ninguém de frente para acompanhar os discursos.
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