Jogo bruto contra o SINTE
O sindicato dos professores, o SINTE, está sendo alvo de ataques, mais
ou menos sutis, de parte da imprensa rosalbista. Primeiro, construíram a idéia
de um sindicato marcado por disputas políticas exóticas. Referentes para tanto,
sabemos todos, existem. Mas daí, como querem os acólitos da Rosa, a explicar a
greve (ou a sua continuidade) pelas disputas políticas é simplesmente falsear a
realidade. Agora, em um segundo movimento, apresentam o SINTE como uma
mega-estrutura, algo como uma prefeitura municipal.
Pelo não dito, a comparação com uma prefeitura é mais do que reveladora. Prefeitura, entendamos bem, é para domínio de um grupo inserido em uma das redes de poder da província. Fora disso, não há legitimidade é o que dizem nas entrelinhas. Onde é que se viu uma reles professora como Fátima Cardoso ter nas mãos o poder de uma prefeitura? Ela nunca namorou com uma celebridade, não tem uma cabine dupla e nem é filha de deputado, senador ou governador! Que coisa mais sem propósito!
Essa gente, e seus novos aliados, alguns deles transitando serelepes pelos corredores da UFRN, desejam um SINTE diminuído, agastado. Esquecem que a tal mega-estrutura do SINTE, se é que existe, é fruto de um trabalho de décadas. De direções empenhadas em construir um patrimônio que é de toda uma categoria. E de uma categoria que a monitora, como deveríamos fazer todos nós em relação às nossas prefeituras.
Por outro lado, desde a Secretaria de Educação ecoa um discurso que afirma o seguinte: tudo esteve errado até agora no órgão. Não existiriam dados organizados, muitos professores estariam deslocados de suas funções e ninguém saberia exatamente quantos mestres são necessários para que o Estado cumpra as suas funções. Tudo se passa como se o grupo que agora assumiu a SEC fosse uma espécie de Khmer Vermelho da educação potiguar. Eles seriam os refundadores da educação. Os iniciadores do "ano zero" do nosso ensino. É muita miragem. E uma certa desfarçatez política. Ora, Garibaldi e Agripino, dois apoiadores de primeira da Rosa, governaram o RN por dezesseis anos. Se tudo o que foi feito até agora está errado, a responsabilidade também recai sobre os ombros deles.
Mas, nos discursos da miragem, também deles sobram bordoadas para o SINTE. E para os professores. Curiosamente, intelectuais ditos críticos unem-se ao jornalismo rosalbista para desacreditar o SINTE. Seria trágico, não fosse cômico. E meio passadista, devo acrescentar.
Claro, há um quê de chique nisso tudo. Uma coisa meio francesa, pois não? Sim, francesa. Afinal, não é de lá, da França, que vem a mensagem do papa dos moderninhos, o Maffesoli, o qual, em um livro recente, defendeu, com ardor de cristão novo, o Governo direitista do Sarkozy? O certo é que, na esquina do Atlântico, todo alinhamento ideológico é permetido. E os trópicos, décadas depois do grande livro de um certo Claude, continuam mais demodês que exóticos.
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