Escolas não apresentam calendário
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Republico matéria do Jornal Tribuna do Norte, 21/08/2011
Ricardo Araújo - repórter
Há
exatos trinta dias, encerrava-se a greve dos professores estaduais.
Este intervalo de tempo, porém, não foi suficiente para as escolas
apresentarem à Secretaria Estadual de Educação o calendário de reposição
das aulas no pós-greve. Até o meio dia de ontem, somente 87 das 157
escolas estaduais que compõem a 1ª Diretoria Regional de Ensino (Dired),
que contempla Natal e região metropolitana, haviam encaminhado o
cronograma definido entre diretores, professores, pais e alunos. As
consequências do pós-greve e das interrogações que cercam o cumprimento
do calendário são sentidas, principalmente, pelos alunos do ensino médio
que prestarão vestibular.
Entre aulas aos sábados - as quais já
estão sendo realizadas em alguns escolas - e a ampliação dos turnos com
a inclusão de mais um horário, o cumprimento do ano letivo 2011 ainda
permanece uma incógnita para a diretora da Escola Estadual Winston
Churchill, Maria Eliane Silva de Carvalho. "Na minha concepção, a
escolha do sexto horário, por exemplo, não funciona. Mas é uma
imposição. Teremos que cumpri-la", afirmou.
A própria secretária
estadual de Educação, Betânia Ramalho, disse, ao final da greve dos
professores, que "o tempo perdido é irrecuperável e estava planejando
atividades e algumas estratégias para tentar minimizar o prejuízo". De
acordo com Maria Eliane, mesmo antes do fim da greve, as escolas
montaram um calendário autônomo e apresentaram à Secretaria. Os
diretores foram informados, entretanto, que não valia mais a sugestão e
eles teriam que seguir o cronograma estabelecido pela Secretaria
Estadual de Educação.
Nas escolas, nem mesmo os alunos sabem a
partir de quando o novo horário passará a ser cumprido. "A gente não tem
todos os professores. Os que temos, estão desestimulados. Nós
precisamos de um enfoque no vestibular e não temos. O jeito é procurar
cursinho, estudar por conta própria", relatou o estudante Lincoln
Medeiros, que irá prestar vestibular no final do ano.
Além dos
problemas gerados pelos quase 80 dias de greve, algumas dificuldades
permanecem as mesmas desde o início do ano. No Churchill, faltam
professores de química, artes, educação física e história. "A Secretaria
sabe de todas as nossas necessidades, da falta de professores. Nós já
comunicamos diversas vezes este ano", esclareceu a diretora Maria
Eliane.
Para ela, enquanto o Governo Estadual não priorizar a
educação, as greves continuarão acontecendo todos os anos. "O Governo
diz que o foco da escola é o aluno, mas não é. A greve da educação
estadual se tornou cultura. Ocorre todos os anos e ninguém faz nada pra
mudar essa realidade", afirmou Maria Eliane. Ela acredita que o
cumprimento do calendário poderá não ser feito face às recorrentes
dificuldades apontadas pelos alunos.
"Existem colegas de turma
que trabalham, que precisam sair da escola direto pro emprego. Eles não
poderão ficar aqui uma hora a mais", disse Lincoln referindo-se à
possibilidade de ampliação do turno em mais 50 minutos. Esta foi a saída
escolhida em reunião, para que a escola consiga cumprir, os 200 dias
letivos obrigatórios. Até agora, entretanto, as aulas seguem no mesmo
ritmo do período anterior à greve.
A diretora da 1ª Dired, Ana
Alice Fernandes de Oliveira, reconheceu as dificuldades. "Existem muitos
problemas a serem vencidos. Nosso objetivo é cumprir o calendário em
sua totalidade". Para isso, ela garantiu que todas as escolas estaduais
serão visitadas para que as Diretorias Regionais de Ensino de todo o
estado verifiquem se as aulas estão sendo repostas conforme imposição da
Secretaria Estadual de Educação.
Questionada sobre a situação
dos alunos concluintes dos ensinos fundamental e médio, Ana Alice
garantiu que medidas serão tomadas para que eles não saiam prejudicados
em relação aos exames que prestarão. "Algumas escolas irão fazer aulões,
para suprir as necessidades desses alunos. Na realidade, o calendário
ainda está se estruturando", destacou.
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