quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Trabalhadores escravos em fazendas
de prefeito e deputado do PSDB


A Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de Goiás flagrou a ocorrência de trabalho escravo nas fazendas do deputado federal Urzeni Rocha (PSDB-RR) e do prefeito de Toledo (MG), Vicente Pereira de Souza Neto (PSDB). Nas fazendas, localizadas em Roraima e Goiás, respectivamente, eram mantidas 47 pessoas em condições de trabalho análogas às da escravidão. Os trabalhadores foram aliciados no Maranhão pelos "gatos", intermediários de mão-de-obra, Ésio de Jesus Rocha e Walter Moreira da Silva, há cerca de um mês. Ésio e Walter recebiam 4% de toda a produção, de colheita de batatas, realizada pelos empregados. A primeira fiscalização da superintendência aconteceu na fazenda Santana, propriedade do prefeito tucano localizada em Vianópolis (GO), região Sudeste do Estado. A operação, que teve início no dia 13 de novembro, libertou 21 trabalhadores incluindo dois adolescentes de 16 e 17 anos de idade. De acordo com depoimento das vítimas, outro grupo de 20 trabalhadores também foi contratado irregularmente e transportado ilegalmente do município de Colinas (MA) para trabalhar na mesma fazenda. "As despesas de transporte foram pagas pelo 'gato', que depois descontou R$ 180 do pagamento dos trabalhadores", explicou Roberto Mendes, auditor fiscal, da SRTE-GO, que coordenou a ação. O empregador não assinou a Carteira de Trabalho dos trabalhadores e nem tirou a Certidão Declaratória de Transporte de Trabalhadores no Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), documento obrigatório para transportar empregados de um Estado para outro. De acordo com as constatações do auditor, a jornada de trabalho era exaustiva e a colheita das batatas não era suspensa nem nos domingos ou feriados, explica Mendes. O alojamento era uma casa velha sem cama, onde os empregados dormiam em colchões no chão. Os trabalhadores declararam ter passado fome e que, nas frentes de trabalho, não havia água potável nem instalações sanitárias. O mato era usado como banheiro. Além disso, não havia equipamentos de proteção individual (EPIs) e a maioria trabalhava descalço ou de chinelos, sem luvas ou chapéus. Após a fiscalização, foram emitidas Guias de Seguro-Desemprego do Trabalhador Resgatado para os trabalhadores escravizados.

Crispiniano Neto J. de Fato

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