Foi uma grande tragédia o que aconteceu com as crianças da escola municipal do Rio de Janeiro. Se existe algum culpado ninguém pode apontar enquanto não for apurado os fatos. O poeta Crispiniano Neto, em seu artigo de hoje no jornal de fato mostra muito bem a causa da violência no Brasil. Veja que o poeta diz.
Wellington Menezes de Oliveira, de 24 anos, ex-aluno da Escola Municipal Tasso da Silveira, no Realengo, adentrou a instituição de ensino em pleno horário de aulas e disparou mais de cem tiros de pistola. Recarregou as armas por mais de uma vez, voltando à carga, até que deixou dezenas de feridos, dos quais 11 já morreram. E depois de rendido pela polícia e baleado numa das pernas, suicidou-se com um tiro na cabeça. São muitas as desgraças que se encontram no endereço da tragédia. A primeira delas é a imitação reles de um estilo de "serial killer" comum na sede do império americano que vomita violência diariamente por todos os meios. A segunda é a nossa mídia 'videota', na qual o sangue escorre, não só das páginas policiais, mas de quase todos os filmes, inclusive dos infantis e de todos os joguinhos disponíveis nos vídeo games da vida e na internet, onde a oferta de sangue e morte é totalmente sem freio nem cabresto. A outra é a violência em geral, materializando em nossa cultura a banalização da vida e a glamorização da morte em geral. Veja-se que, um século e meio depois de Thomas de Quincey, a sociedade insiste no "assassinato como uma das belas-artes". Quem não lembra a forma refinadíssima e crudelíssima com que a TV divulgava a crueldade com que teria sido morta Elisa Samudio, namorada do goleiro Bruno? E aí, temos a violência solta nas escolas... No rastro da droga que mata lentamente, a morte súbita. Ainda temos nesta tragédia um componente assustador: o misticismo com que se trata a fé nestes dias de religião, em que Deus tem sido visto, mais como fonte de lucro, que como fonte de amor. O fundamentalismo tem sido fundamentalmente nocivo pelo excesso de misticismo raso e muito histérico e nada histórico. Por fim, a velha discussão que a banda civilizada da sociedade brasileira perdeu para as trevas do machismo heróico e da ganância da indústria de armas e munições. A votação onde foi vencedor o direito de se vender armas a três por quatro. Sei que a proibição da comercialização de armas não proibiria o mercado paralelo. Mas a certeza de que, quem quer que andasse armado já estaria cometendo um crime, com certeza inibiria a facilidade com que se tem duas pistolas e cem cápsulas cheias de morte para entrar numa escola e exterminar o futuro de tantos projetos de cidadãos.
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