sábado, 13 de fevereiro de 2010

FERNANDO MINEIRO DECIDIU JOGAR


O deputado Fernando Mineiro é um dos grandes quadros políticos do Rio Grande do Norte. Como poucos no nosso estado, articula competência técnica com visão política. Suas atuações parlamentares, seja como vereador de Natal ou como deputado estadual, foram sempre alimentadas por iniciativas afirmativas. Basta lembrar que foi ele, como vereador, que retomou a questão ambiental como ponto de pauta do debate político institucional (renovando atuação anterior, e historicamente injustiçada em Natal, do saudoso vereador Sérgio Dieb).

Os atributos acima, mais o destacado trabalho de construção partidária, credenciariam esse filho do município de Curvelo a ocupar um papel de maior destaque nas decisões estratégicas do PT no RN. Mas, como o mundo é estranho!, não tem sido assim. Pelo menos, não até agora. Mineiro, na hora agá, sai de cena e o jogo é dominado pela Deputada Fátima Bezerra. Foi assim em 2004 e, em especial em 2008, quando a deputada petista, para garantir espaço para a sua obsessão pessoal (a prefeitura de Natal), impôs um desastre político e eleitoral ao partido.

Nestas eleições, Mineiro propõe, desde já, que o PT se una à candidatura do vice-governador, Iberê Ferreira de Sousa, ao governo do Estado. Goste-se ou não do candidato, para o PT, faz todo o sentido. O partido participa do governo e conta com o PSB local para melar a candidatura de Ciro Gomes ao Planalto. Nada mais lógico, portanto, do que garantir um lugar ao sol na caravana pessebista.

Ocorre que, embora a deputada Fátima faça juras de amor ao Governo Vilma, a candidatura de Iberê pode não ser a melhor arrumação de palco para garantir a sua reeleição. É mais conveniente par ela manter algum flerte com a improável candidatura do ex-prefeito de Natal. Ora, Carlos Eduardo Alves, noviço do PDT, também sonha com o Palácio Potengi. Dificilmente sua candidatura será apoiada pelo PSB. Resta-lhe o PT. E aí a cobrança da fatura vai direto para Fátima. Afinal, em 2008, apesar de se dar conta do desastre anunciado, o ex-prefeito entrou de armas e bagagens na campanha petista à prefeitura de Natal. Cobra reciprocidade.

Não há esfera da vida social mais distante da idéia cristã de justiça do que a política. Ora, seria "justo" o PT apoiar Carlos Eduardo. Mas, convenhamos!, seria politicamente desastroso. E a política, sabem até as pedras de qualquer universidade na qual os alunos tenham aprendido duas ou três coisinhas escritas por um alemão chamado Max Weber, é um campo com regras próprias. Portanto, gostemos ou não, a política tem a sua própria, como direi?, "moral". Nela, quase nunca, há glória na derrota...

Por que seria desastroso o PT apoiar Carlos Eduardo ao governo do estado? Porque esse apoio pesaria pouco ou quase nada no xadrez político nacional. Já o contrário é verdadeiro. O apoio de Iberê soma e muito ao projeto traçado pelo presidente para eleger o seu sucessor. No mínimo, no mínimo, com o apoio a Iberê, o PT consegue neutralizar (ou, na situação ideal, garantir ao seu lado) uma máquina partidária e estatal regional - o vilmismo. É esse o jogo...

E Mineiro deicidiu jogá-lo. E, até agora, está indo bem. Pagou prá ver. Sem ter muito a oferecer ao partido, os seguidores de Fátima refugiaram-se nas reclamações. Dessa vez, ao que tudo indica, "a força que vem de cima", isto é, do Planalto, não parece destinada a garantir uma arrumação de cartas que seja de sua conveniência.

O Deputado Fernando Mineiro decidiu jogar pesado. Na arquibancada, resta-nos ficar na espreita, espiando a arrumação de suas cartas, para ver se ele tem mesmo a alma de jogador...
Do blog de Edmilson Lopes

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