Morre, em Recife-PE, o “Padre Pedro Neefs”
Morreu o “Padre
Peter Marinus Maria Neefs”, 83, ou simplesmente “Padre Pedro Neefs”,
religioso de origem holandesa com enorme trabalho social fincado neste
sertão brasileiro. A notícia foi passada através do Twitter pelo
jornalista Crispiniano Neto.
O deputado Fernando Mineiro (PT)
acrescentou que sepultamento será hoje ainda em Recife-PE. Não foi
esclarecida a causa da morte.
Ele tinha superado mais um delicado
quadro de saúde, mas faleceu hoje. No final do ano passado, Padre Pedro
foi internado com quadro de infecção urinária e insuficiência
respiratória. Teve tratamento no Hospital Português (Recife), ganhando
alta e retornando ao abrigo de padres na Várzea, em Recife.
Natural da cidade de Breda, Holanda,
Neefs nasceu no dia 03 de fevereiro de 1929. Dez anos mais tarde, em
1939, o mundo passava por outro grande impacto, conseqüência da eclosão
da 2ª Guerra Mundial.
No ano de 1940, foi enviado ao
Seminário Menor, onde começou os estudos teológicos. Convidado por um
grupo de padres do Sagrado Coração de Jesus, chegou ao Brasil, em 1952,
para concluir o seminário maior. No Brasil, Peter Marinus Neefs
traduziu o nome para o português e manteve seu sobrenome, assim se
transformou em Pedro Neefs. Foi ordenado no dia 1º de dezembro de 1957,
no Recife-PE.
Em 1957, retornou a Holanda para ser
ordenado padre e celebrar sua primeira missa. Dois anos mais tarde foi
enviado a cidade de Beberibe-CE para realizar o trabalho de pároco. No
entanto, suas idéias não foram aceitas, sendo “expulso” da paróquia
pelos superiores.
Em 1965, Pedro Neefs foi transferido
para a paróquia de São João Batista e Nossa Senhora da Conceição,
sediada na cidade de Apodi, substituindo o padre Manoel Balbino da
Silva, permanecendo em Apodi por um período de quase cinco anos, ou
seja, até o ano de 1970, quando foi substituído pelo saudoso e
conterrâneo, Padre André Demertetelaeere. Nessa cidade ele foi
responsável por grandes conquistas, não para si, e sim, para a
população apodiense, como foi o incentivo para a criação de FUNDEVAP e a
construção do Estádio Antônio Lopes Filho.
Na Diocese de Mossoró, padre Pedro
encontrou apoio. Segundo ele, na realidade era uma diocese com padres
muito avançados. Porém, diante do trabalho de repressão e das
diferenças de pensamento na própria igreja, padre Pedro disse que nessa
época descobriu na diocese de Mossoró “que existia uma igreja oficial e
uma igreja do povo”.
Campo Grande
Nesse período, estava sendo inaugurada a
Universidade Regional do Rio Grande do Norte (FURRN). Diante de um
boato que seria candidato a prefeito na cidade, fruto do apoio popular e
do trabalho desempenhado pelo padre, ele foi afastado pela Diocese de
Santa Luzia de Mossoró dos trabalhos como pároco da Paróquia de São
João.
Em 5 de agosto de 1979, o padre Pedro
Neefs, ícone das lutas e causas sociais, chegava para atuar no
município na Paróquia de Santana, na cidade de Campo Grande , quando
ainda se chamava Augusto Severo. Nessa cidade sua trajetória de formação
política conquistou, na época, seu ápice.
O trabalho desenvolvido em toda
paróquia foi o de defender os mais necessitados, principalmente na luta
pela reforma agrária, que ganhou força após a disseminação de suas
idéias, já que não existia até então. Ao chegar à cidade o pároco se
aproximou do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, que prestava assessoria
a toda a população ligada ao campo.
O holandês ainda se vinculou aos
jovens, onde o trabalho de formação política foi vital na busca do seu
ideal. “Na semana santa de 1980, juntou 80 jovens de Campo Grande e
fundou o grupo de jovens, que foi o primeiro grupo da cidade”, destacou a
coordenadora da Cooperativa Sertão Verde, Zuleide Araújo.
Em 1986, o padre defendeu o direito ao
trabalho de várias mães de família apoiando a criação da Associação
Comunitária dos Trabalhadores Avulsos e Artesãos de Augusto Severo
(ACTAS), que se tornou responsável por absorver toda a produção,
vendendo-a em Natal e no mercado exterior, como Holanda.
“Como eu não pertencia a nenhum partido político, fiquei mais livre para o ideal da minha vida de mudar e transformar a vida e a cabeça do povo que botava a culpa em Deus sem assumir o atraso e a pobreza reinante. Quis ensinar que devemos ter nosso futuro em nossas mãos”, disse padre Pedro Neefs.
Ele passou a viver e passar por
tratamento de saúde em Recife-PE. Depois de passar vários anos
prostrados em uma cadeira de rodas, conseguiu voltar a andar
precariamente.
Depois de Apodi, o religioso ainda
trabalhou na diocese de Mossoró, sendo mandado várias vezes ao Vaticano
em trabalho oficial da igreja. Em 1979 voltou ao Rio Grande do Norte,
dessa vez para atuar na cidade de Augusto Severo, hoje Campo Grande. É
membro da cadeira nº 17 de da Academia Apodiense de Letras, fundada em
23 de março de 2006, que tem como titular o saudoso Dr. Francisco
Alcivan Pinto.
Com informações biográficas do Blog Oeste News.
Fonte B. de C. Santos