As independências do Brasil
I ndependência não se resolve no grito. Nem mesmo quando o grito tem a simbologia daquele que foi dado às margens do Riacho do Ipiranga há 190 anos. Logo depois, o Brasil teve que começar uma nova dependência que foi a assunção de dívidas portuguesas junto à Coroa Inglesa. Do contrário, o então todo-poderoso império inglês não reconheceria a nossa “independência”, mesmo que não mandasse as canhoneiras. Nem independência nem morte. Apenas o desprezo. Assim o Brasil foi se arrastando sempre tentando se mostrar independente a duras penas diante de um “concerto” desconcertante das nações, onde poucos países mandam e muitos obedecem. Ficando sempre no prejuízo para provar que têm juízo... Ainda somos um país com muitas dependências, mas inegavelmente os últimos dez anos foram de pequenos, mas importantes avanços. Deixamos de ser escravos do FMI e do Clube de Paris. A dívida externa resiste e nos mina o progresso pujante, mas já não temos que estar a cada três meses estirando tapete vermelho e lambendo botas de tecnocratas do FMI e do Banco Mundial. Lula também nos deixou independentes do “excesso de zelo” na construção do superávit primário, uma veia aberta por onde sangravam investimentos da educação, da saúde e da infraestrutura. Investimentos que ainda são poucos. Livramo-nos também da Espada de Dâmocles do Risco Brasil, que era o segundo maior do mundo, na casa dos 2.700 pontos, hoje abaixo de cem, sei lá. Tínhamos uma dependência terrível em relação aos investimentos externos. Só botando sangue pela boca, tirando os sapatos e baixando as calças tínhamos um bilhãozinho de dólares investidos no Brasil. Hoje conseguimos o chamado padrão de investimento que faz com que quem tem dinheiro por aí a fora venha plantá-lo em solo pátrio e não apenas pegar dinheiro do BNDES para “investir” no Brasil, com direito a terreno de graça, obras de infraestrutura e a vida de Matusalém em isenção fiscal. Com Lula conquistamos a independência energética. Saímos de um milhão de barris diários de petróleo para mais de três milhões e o Pré-Sal por mais que a direita brasileira critique vai transformar o país num grande exportador. Afora os grandes avanços que tivemos na produção de energias alternativas como biodiesel e o etanol, invenções nossas e que vêm transformando o Brasil numa potência energética. Além do que, o Brasil hoje já é mais apenas o País do futebol, do carnaval e das mulatas peladas. O homem símbolo do Brasil é um político chamado Lula e a mulher símbolo do Brasil é a terceira mais poderosa do mundo, Dilma Vana Rousseff, que foi escolhida por Barack Obama para lançar com ele um plano mundial de combate à corrupção. E o Brasil este ano produziu mais soja que os Estados Unidos. Além de passarem de duzentas as patentes tecnológicas do petróleo vendidas para o chamado primeiro mundo. Temos pouco a comemorar pelos 190 anos de independência, mas temos muito o que comemorar pelos últimos dez anos. Sorrisos por esta década que estamos construindo há trinta e poucos anos de sangue, suor e lágrimas.
Crispiniano Neto- J. de Fato
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