Fernando Mineiro 24 de outubro de 2011, às 5h05
Sexta
passada, 21, fui a Mossoró abraçar o poeta Antônio Francisco, que completou 62
anos de idade naquele dia.
Respeitado
e querido, a festa em homenagem ao cordelista mor do RN e do Brasil contou com
representantes de todas as alas dos cordões azuis, encarnados e multicoloridos
da cidade.
No meio
de tanta gente encontrei um rosalbista/carlista de quatrocentos costados que,
ao me cumprimentar, fez a pergunta de praxe: “Alguma novidade?”. De pronto
respondi: “A saída de Paulo de Tarso do governo Rosalba”. Depois de alguns
segundos em silêncio ele disse; “É, por essa ninguém esperava”.
De fato,
a saída de PTF do Gov.Rosa.Dem se transformou na surpresa política do final de
semana. O Dr. Paulo de Tarso Fernandes, ex-chefe do Gabinete, não foi um
simples auxiliar do Governo Rosalba. Era o segundo-ministro dessa versão de
parlamentarismo papa-jerimum que se instalou no estado em 1 de janeiro de 2011.
PTF,
desde o início da gestão, exerceu voz de mando e comando sobre o conjunto do
secretariado, executando rigorosa e competentemente as ordens e orientações
dadas por Carlos Augusto Rosado, esposo da governadora Rosalba e
primeiro-ministro de fato do governo do DEM.
Foi o
próprio Paulo de Tarso quem declarou à blogueira Thaisa Galvão: “Foram 10 meses
de governo onde todas as decisões do Estado foram do marido da
governadora”. Não à toa, os(as) outros(as) secretários(as) obedeciam.
Entende-se muito bem porque um deles, porta-voz dos demais e mantendo o
anonimato, declarou à Tribuna do Norte, edição de sábado (22), referindo-se a
PTF: “Ele falava e nós assinávamos embaixo”.
Pode-se
dizer que o Gov.Rosa.Dem inicia uma segunda fase com a saída do número 2 do seu
governo. Resta saber se encontrará quem substitua o Dr. Paulo de Tarso
Fernandes com a mesma competência, dedicação e autoridade.
Já o
rompimento do vice Robinson Farias não foi nenhuma surpresa ou novidade. Era
apenas questão de tempo.
Depois de
cooptar a maioria da ex-futura bancada do PSD e obter o apoio integral do
PMDB-RN, Robinson Farias, ao não deter mais o controle majoritário da
Assembléia Legislativa, tornou-se descartável para o governo do DEM e seus
novos aliados. Por isso foi empurrado para fora.
A não
(re)nomeação de Robinson para a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos
Hídricos, exonerado que foi para assumir o Governo quando da viagem de Rosalba
Ciarlini aos EUA, foi apenas o estopim para o seu rompimento.
Já para
Paulo de Tarso, essa não (re)nomeação foi, segundo ele, o motivo de seu pedido
de exoneração.
PTF
também revelou a Thaisa Galvão parte dos bastidores do episódio. Relata ele:
“Primeiro fui à governadora e ela me disse que eu resolvesse com Carlos
Augusto”. Ao insistir, ficou sabendo que “esse assunto não tem pressa. O
vice-governador foi à minha cidade (Mossoró) e fez três discursos contra minha
mulher. Minha mulher foi para os Estados Unidos e ele foi pra rua humilhar a
governadora.”
Mais do
que revelador das vísceras do governo, este episódio expõe de forma cristalina
o descaramento e a sem cerimônia com que determinados grupos tratam assuntos
públicos como extensões de interesses e humores privados.
Pensando
bem, eu deveria ter respondido ao carlista/rosalbista de quatrocentos costados
que não tinha nenhuma novidade na política do Rio Grande do Norte. Apesar de
inesperada, a saída de Paulo de Tarso do Gov.Rosa.Dem não pode ser considerada
como tal.
Foi
apenas mais um desdobramento da reacomodação de grupos que, carentes de
projetos político-administrativos estratégicos para o desenvolvimento do
Estado, ora se juntam ora se separam de acordo com seus interesses pessoais.
Para além
disso, o episódio joga luzes sobre um estilo de governo, de um modus operandi
onde o público e o privado se mesclam em uma zona cinzenta (ou rosada), própria
de uma forma particular de se operar a máquina pública.
Aliás,
estilo este bastante famoso e comentado nas terras outrora ocupadas pelos
bravos monxorós.
Do site
do Dep. Mineiro
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