terça-feira, 21 de abril de 2015

Fidel Castro vota em eleições municipais em Cuba


Aos 88 anos, Fidel Castro registrou seu voto para as eleições municipais em Cuba
Apesar do voto não ser obrigatório em Cuba, até mesmo o ex-ditador Fidel Castro, 88, participou das eleições municipais realizadas neste domingo (19).
De acordo com a imprensa estatal local, Fidel votou de sua residência, em Havana. Como prevê a legislação, um representante de sua zona eleitoral buscou o voto e o depositou em uma urna instalada na Plaza de la Revolución.

Pleito

As autoridades eleitorais cubanas divulgaram que mais de 6,4 milhões de pessoas votaram, o que representa cerca de 76% dos eleitores do país.
Os representantes escolhidos serão “delegados” que representam as regiões onde moram diante de problemas da comunidade local.
Eles fazem parte das chamadas Assembleias Municipais do Poder Popular.

Opositores

Dois opositores entraram na corrida eleitoral pela primeira vez em Cuba, apesar de terem admitido derrota nas urnas. Hildebrando Chaviano, de 65 anos, e Yuniel López, de 26, foram escolhidos em uma espécie de eleição primária para representar bairros da região da capital, Havana.
Apesar de os dois se definirem como opositores ao regime castrista, nenhum deles participa de qualquer espécie de grupo dissidente.
Blog do Primo

quarta-feira, 1 de abril de 2015


"Sete em cada dez jovens tendem a aceitar suborno em forma de presente _ Maioria dos profissionais de até 24 anos hesita em denunciar corrupção, indica pesquisa".
A manchete do R7 neste domingo, em matéria assinada pela colega Joyce Carla (ver íntegra no link), baseada em pesquisa da ICTS Protiviti, empresa de consultoria e serviços, é a meu ver a mais grave ameaça para o futuro do país, já assolado por tantos casos de corrupção e de sonegação de impostos, os grandes ralos do dinheiro público.
Acima de todas as outras, estamos vivendo uma profunda crise de caráter, de valores e de princípios. É inevitável associar esta preocupante pesquisa sobre o perfil ético dos jovens profissionais das corporações brasileiras com as denúncias divulgadas esta semana sobre a quadrilha que agia no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, o Carf, em que algumas das maiores empresas brasileiras criaram uma espécie de parceria público-privada para lesar o Tesouro Nacional em bilhões de reais, deixando no chinelo o que foi apurado até agora pela Operação Lava-Jato.
Os recursos das empresas contra autuações da Receita Federal eram julgados por servidores da Fazenda junto com representantes do sindicalismo patronal. "Nenhum outro país digno de menção tem um sistema semelhante", constata Elio Gaspari em seu artigo dominical na Folha.
Os números são assustadores, segundo os dados revelados pelo jornalista. "No Carf tramitam 105 mil processos com R$ 520 bilhões em autuações contestadas. A PF já achou 70 processos com desfechos suspeitos. Nove extinguiram cobranças que iam a R$ 6 bilhões. Se procurarem direito acharão cinco cobranças que valiam R$ 10 bilhões e viraram pó".
Entre as grandes empresas investigadas citadas em reportagem do Estadão, estão os bancos Bradesco (R$ 2,7 bilhões), Santander (R$ 3,3 bilhões), Safra (R$ 767 milhões), BankBoston (R$ 106 milhões) e Pactual, e mais Ford, Mitsubishi, BR Foods, Camargo Correa, Light e Petrobras. Segundo o jornal, o grupo RBS, afiliado da Rede Globo, está sendo investigado pelo pagamento de R$ 15 milhões para que sumisse do mapa um débito de R$ 150 milhões. São tantos milhões e bilhões desaparecidos nesta selva da terra de ninguém que a gente corre o risco de se perder.
A Operação Zelotes, deflagrada na quinta-feira, investiga os crimes de advocacia administrativa, tráfico de influência, corrupção, associação criminosa e lavagem de dinheiro. Um estudo feito por procuradores da Fazenda Nacional, que já comentei aqui, estima que, em 2015, a sonegação de impostos deve bater na casa dos R$ 500 bilhões.  Se todos pagassem o que devem, em lugar de contratar bons advogados e pagar propinas, o governo federal certamente nem precisaria brigar tanto pelo seu pacote fiscal, que se destina mais a cortar gastos do que em aumentar a arrecadação.
Com estes exemplos vindos do andar de cima, não espanta a conclusão a que chegou Maurício Reggio, sócio-diretor do ICTS. "As pessoas estão acostumadas a pensar a corrupção como algo de fora, dos políticos, das autoridades. Não percebem as próprias atitudes. Com isso, têm um padrão para fora e não para si próprios". Dos 8.712 profissionais de 121 empresas pesquisadas, 82% admitiram aceitar atos antiéticos e 68% hesitam em denunciar casos de corrupção dos quais tomam conhecimento. Talvez muitos deles possam ser encontrados nas ruas e nas redes sociais nas manifestações contra a corrupção.
É esta desenfreada hipocrisia nacional que está minando os alicerces da nossa jovem democracia e colocando em risco o nosso futuro como Nação civilizada.
Vida que segue.
Do B. do Kotscho

segunda-feira, 23 de março de 2015

Atores, cineastas e músicos na lista do “suiçalão” do HSBC



Entre os 8.667 brasileiros que integravam a lista de correntistas secretos do HSBC da Suíça, em 2006/2007, há pelo menos 16 nomes da cultura nacional. Atores, atrizes, cineastas, músicos, escritores, publicitários e apresentadores de TV estão nas planilhas vazadas por um ex-funcionário do banco, informa o jornal O Globo.Um levantamento nas leis de fomento revela que muitos deles costumam receber verbas públicas para desenvolver suas atividades. Não se pode, porém, conectar o dinheiro captado aos recursos bancários na Suíça. Todas as personalidades citadas negam ter as contas. Pelas leis brasileiras, só comete crime quem não declara à Receita Federal e ao Banco Central possuir conta no exterior. Nomes da cultura nacional, ligados a música, TV, cinema e literatura, estão na lista dos 8.667 brasileiros que tinham contas numeradas - cujos donos são identificados apenas por um código - no HSBC da Suíça entre 2006 e 2007, segundo levantamento feito pelo Globo 

Há casos de personalidades que, nos últimos anos, por meio de leis de fomento à cultura, como a Lei Rouanet e o Fundo Nacional de Cultura, receberam recursos públicos para desenvolver atividades artísticas. Não é possível, porém, fazer conexão entre o dinheiro captado e os recursos que circularam nas contas bancárias na Suíça.
 Quatro membros da família de Jorge Amado constam dos arquivos extraídos da filial do banco em Genebra pelo ex-técnico de informática Hervé Falciani. Além do escritor, que morreu em 2001, aparecem na lista sua mulher Zélia Gattai, falecida em 2008, e os dois filhos: a editora gráfica Paloma e o escritor João Jorge. Segundo o HSBC, a conta da família na Suíça foi aberta seis meses antes da morte de Jorge e, em 2006/2007, estava zerada.

O cineasta Andrew Waddington, mais conhecido como Andrucha, também é listado como dono de uma conta numerada no banco suíço. Sócio da produtora Conspiração Filmes, ele aparece nos registros dividindo uma conta com seu irmão Ricardo Waddington, que hoje é diretor da TV Globo. Em 2006 e 2007, a conta dos dois não tinha saldo.

O também cineasta Hector Babenco surge com um registro de correntista aberto em abril de 1988 e fechado em junho de 1992.

Os atores Claudia Raia e Edson Celulari, que se separaram em 2010, são identificados como donos de uma conta conjunta que, em 2006/2007, guardava um total de US$ 135,7 mil.

LEI ROUANET E FUNDO NACIONAL DE CULTURA

O nome do ator Francisco Cuoco também aparece na lista do SwissLeaks. E ainda há mais duas atrizes nos arquivos do HSBC: Maitê Proença e Marília Pêra. A primeira consta como tendo aberto uma conta em Genebra em abril de 1990. Em 2006/2007, Maitê tinha US$ 585,2 mil em seu nome. Marília, por sua vez, aparece com um registro de abertura de conta em fevereiro de 1999. Em 2006/2007, ela dispunha de US$ 834 mil.

O apresentador Jô Soares é relacionado a quatro contas numeradas, abertas entre abril de 1988 e janeiro de 2003. Em 2006/2007, todas elas estavam zeradas. Nos documentos do banco, Jô surge associado a duas pessoas jurídicas: a Lequatre Foundation, de Liechtenstein, e a Orindale Trading, das Ilhas Virgens Britânicas. Os dois países são considerados paraísos fiscais.

Também constam na lista de brasileiros o músico Tom Jobim, que morreu em 1994. Ele dividiu uma conta com a mulher, Ana Lontra Jobim, que, por sua vez, ainda aparece como dona de outras duas contas. O publicitário Roberto Medina surge nos registros como correntista entre os anos 1990 e 2000. Em 2006/2007, a conta dele estava zerada.

Na lista, constam ainda nomes de celebridades cujas contas bancárias são de período anterior à sua condição de pessoa pública.

Com exceção de Jô Soares e Ricardo Waddington, os artistas e intelectuais listados nas planilhas do HSBC de Genebra desenvolveram ou participaram de trabalhos financiados, em parte, por dinheiro de fomento à cultura.

Claudia Raia, por meio da Raia Produções, captou, de 2009 a 2015, R$ 7,4 milhões via Lei Rouanet para os musicais "Pernas pro ar", "Charlie Chaplin" e "Raia 30 Anos". Edson Celulari, por meio da Cinelari Produções Artísticas, captou, de 1997 a 2012, R$ 2,6 milhões para as peças "D. Quixote de lugar nenhum", "Fim do jogo", "Nem um dia se passa sem notícias suas" e "Dom Juan".

A Conspiração Filmes, de Andrucha, captou R$ 13,4 milhões, conforme dados do Ministério da Cultura (MinC). O dinheiro foi liberado para projetos como "Taça do Mundo é Nossa Casseta & Planeta O Filme", "Matador" e "Eu Tu Eles".

Marília Pêra, através da Peramel Produções Artísticas, captou R$ 100 mil via Lei Rouanet para montar e divulgar a peça "A filha da...", que estreou em 2002 com a própria Marília em cena.

A HB Filmes, de Hector Babenco, captou R$ 16,2 milhões para trabalhos como o filme "Carandiru" e a peça de teatro "Hell".

Ainda segundo dados do MinC, a empresa Rock World, de Roberto Medina, captou R$ 13,6 milhões para o Rock in Rio 2013 e 2015.

A empresa M. Proença Produções Artísticas, de Maitê, captou R$ 966,9 mil via Lei Rouanet para as peças "Achadas e perdidas", "Isabel" e "À beira do abismo me cresceram asas".

O ator Francisco Cuoco já atuou em peça patrocinada em 2009 pela estatal Eletrobras ("Deus é química"). Em 2011, estrelou "Três homens baixos", com apoio da Lei Rouanet.

A Fundação Casa de Jorge Amado, que funciona em Salvador, conta com apoio do MinC. Segundo a assessoria da pasta, entre 2009 e 2012, recebeu do Fundo Nacional de Cultura R$ 477 mil e captou pela Lei Rouanet R$ 1,2 milhão.

Na mesma lei, a Fundação Tom Jobim captou R$ 1,7 milhão. O dinheiro foi usado em eventos como a exposição "Tom Jobim, música e natureza".

VALORES NO EXTERIOR PRECISAM SER DECLARADOS

De acordo com a legislação brasileira, enviar e manter dinheiro no exterior não é necessariamente um crime. Isso só acontece quando o contribuinte não declara à Receita Federal e ao Banco Central que mantém valores fora do país.

Nesse caso, o cidadão pode ser processado por evasão de divisas e por sonegação fiscal. Se tiver cometido outro crime anteriormente, também pode acabar respondendo por lavagem de dinheiro.

Por suspeitar da origem dos recursos depositados pelos correntistas do HSBC na Suíça, a Receita, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e a Polícia Federal já investigam o caso.

A suspeita se deve, sobretudo, ao fato de as contas de Genebra serem numeradas, e os clientes, identificados apenas por um código alfanumérico.

Desde 8 de fevereiro, o Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), composto por 185 jornalistas de mais de 65 países, publica reportagens com base nas planilhas que foram vazadas em 2008 pelo ex-funcionário do banco Hervé Falciani. As informações são do Globo.
Bog do P. Lula

domingo, 1 de março de 2015

Publicado em 01/03/15 às 12h04

A marcha dos derrotados tucanos e seus sabujos

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Marcha da Família em São Paulo, no dia 19 de março de 1964 / Foto: Reprodução/Capa Correio da Manhã
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As "marchadeiras" estão de volta. Foi também num mês de março, 51 anos atrás, que as senhoras da UCF (União Cívica Feminina) e do MAF (Movimento de Arregimentação Feminina) saíram às ruas de São Paulo na "Marcha da Família com Deus pela Liberdade", a senha para o golpe de 1964 desencadeado apenas 12 dias depois, que jogaria o país numa ditadura militar por longos 21 anos.
Estava no centro da cidade neste dia 19 de março. Vi a elegante multidão, calculada em 500 mil pessoas, que saíra da praça da República, atravessando o Viaduto do Chá e marchando em direção à catedral na praça da Sé, gritando palavras de ordem e empunhando faixas contra a subversão e a corrupção: "Um, dois, três, Brizola no xadrez. Se tiver lugar, vai o Jango também". Jango era João Goulart, o presidente da República, e Leonel Brizola, seu cunhado e governador do Rio Grande do Sul, ambos gaúchos.
O objetivo era um só: derrubar o governo e vingar a derrota imposta aos paulistas em 1932, como registrou no dia seguinte a Folha de S. Paulo: "A disposição de São Paulo e de todos os recantos da pátria para defender a Constituição e os princípios democráticos, dentro do mesmo espírito que ditou a Revolução de 32, originou ontem o maior movimento cívico já observado em nosso Estado".
As mulheres foram na frente, acompanhadas pela criadagem das suas residências e funcionários das empresas dos maridos, dispensados do cartão de ponto naquele dia. Na retaguarda, sem dar as caras na rua, ficaram os mentores da conspiração armada pelo complexo empresarial-midiático-militar, com o apoio dos Estados Unidos, reunidos no Ipes (Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais) e Ibad (Instituto Brasileiro de Ação Democrática). O resto é história que hoje pode ser pesquisada no Google.
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A função de um jornalista é contar o que está acontecendo nos dias atuais, sem brigar com os fatos, gostando ou não deles, mas para entende-los é preciso recuar no tempo e buscar as raízes das crises cíclicas vividas pela nossa jovem República, como esta de agora. É uma das poucas vantagens de se ficar velho nesta profissão.
Naqueles dias de 1964, quando tinha acabado de completar 16 anos, vivíamos o auge da Guerra Fria, com o mundo dividido ao meio entre o capitalismo dos Estados Unidos e o comunismo da União Soviética.
A Guerra Fria acabou junto com a União Soviética, as siglas Ipes, Ibad, UCF e MAF sumiram na poeira, a ditadura morreu de velhice e os militares estão nos quartéis, fora da cena política, cumprindo suas missões constitucionais, não há navios da esquadra americana rondando as costas brasileiras, acabamos de sair da sétima eleição presidencial consecutiva após a redemocratização do país, mas tem gente poderosa, principalmente na burguesia paulista, que ainda vive com o espírito de 1932 e 1964.
Só o que não mudou foram os barões da mídia, que continuam exatamente os mesmos, utilizando os mesmos métodos. Essa gente não esquece, não aprende e não perdoa. Se ontem o inimigo a ser abatido era Getúlio Vargas e, mais tarde, foram os seus herdeiros políticos Jango e Brizola, hoje são Lula e Dilma. Em lugar dos gaúchos, os inimigos são os nordestinos que votam no PT. Para combate-los, os udenistas que levaram Vargas ao suicídio, criaram vários partidos e acabou sobrando só o PSDB.
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No ano passado, sentiram que poderiam ganhar as eleições com Aécio Neves e varrer o PT do mapa. Ficaram muito animados, jogaram no tudo ou nada, e acabaram sendo derrotados pela quarta vez seguida. Perderam por pouco mais de três milhões de votos, mas não se conformaram, e logo começaram a falar em impeachment (até pediram um parecer a renomado jurista) e a promover pequenos protestos do "Fora Dilma", que fracassaram em público e renda.
Com o agravamento da crise política, econômica e ética enfrentada pelo governo petista, tendo como epicentro a Petrobras, que eles já combatiam desde a criação da empresa no último governo Vargas, sem que a presidente e o partido mostrem poder de reação, os derrotados de 2014 e seus sabujos resolveram organizar e jogar todas as suas fichas numa nova marcha programada para o próximo dia 15 de março.
Agora, a CUT e vários movimentos sociais resolveram também promover um ato em defesa da Petrobras, diante da sede da empresa em São Paulo, marcada para o dia 13. Só para lembrar: 13 de março de 1964 foi o dia do célebre Comício da Central do Brasil, no Rio de Janeiro, que marcou a guinada à esquerda de Jango e o início do fim do seu governo.
E adivinhem quem estava lá, ao lado do presidente, defendendo as reformas de base e a indústria nacional? José Serra. Sim, o próprio, que agora está do outro lado, muito animado com o ato do "Fora Dilma" do dia 15.
Como presidente da União Brasileira de Estudantes, o jovem Serra, aos 22 anos, fez um dos discursos mais radicais daquela noite. "A questão básica do meu discurso era a mobilização antigolpe, que tínhamos de nos mobilizar", lembraria ele, 50 anos depois, em entrevista à Folha.
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Reunidos em São Paulo na sexta-feira, os caciques do PSDB, liderados por Fernando Henrique Cardoso, com a participação do mesmo José Serra, anunciaram que defendem as manifestações pelo impeachment de Dilma, mas sem envolver o partido, e avisaram que não irão ao ato marcado para a avenida Paulista. "Quanto mais populares, mais fortes serão os protestos", justificou Aécio Neves, o presidenciável tucano derrotado.
Assim como os mentores da grande "Marcha da Família", os tucanos preferem ficar na moita e ver tudo da janela, sem suar a camisa. O que vier é lucro. A mobilização deve ficar por conta das lideranças anônimas nas redes sociais e da mídia aliada.
O clima radicalizado e cada vez mais agressivo dos dois lados, na cidade e no país, às vezes me faz lembrar os dias tumultuados que antecederam o golpe de 1964, mas é evidente que tudo mudou no Brasil e no mundo, tornando imprevisíveis o tamanho e as repercussões da marcha dos derrotados inconformados.
Está claro também que o ato mobilizará setores além do tucanato udenista e seus sabujos, dos mais variados partidos e tendências políticas, à esquerda e à direita, inclusive eleitores petistas que votaram em Dilma há apenas quatro meses, e se mostram descontentes com os rumos do governo no segundo mandato.
Basta dizer que hoje apenas um entre cada quatro brasileiros apoia o governo Dilma-2 (23% de ótimo e bom no último Datafolha), que também só tem o apoio garantido de um em cada quatro parlamentares na Câmara comandada pelo seu desafeto Eduardo Cunha.
Aconteça o que acontecer, não se deve esperar coisa boa nos dias seguintes, pois o que realmente move os organizadores deste ato, por tudo que já foi divulgado nas redes sociais, é o ódio ao PT e aos nordestinos, e a vingança contra as vitórias de Lula e Dilma nas últimas eleições presidenciais.
Só espero que a história não se repita, nem como farsa.
Vida que segue.
Balaio do Kostoch

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Lucena: “José Agripino era a reserva moral e se desmancha como castelo de areia”

Vereador afirma que senador do DEM trilha caminho idêntico ao de Demóstenes Torres e tende a ser cassado

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Lembra o senador Demóstenes Torres, do DEM de Goiás, que foi cassado em 2012 pelo Senado por quebra de decoro parlamentar por favorecer o bicheiro Carlos Cachoeira, ficando inelegível por oito anos? Pois bem, para o vereador petista Fernando Lucena, o senador potiguar José Agripino Maia (DEM) trilha o mesmo caminho. “Acho que o caminho de Agripino está parecido com o de Demóstenes, também tido à época como uma reserva moral da direita, mas que caiu como castelo de areia. Infelizmente é o que está acontecendo”, disse o vereador, ao falar com a reportagem de O Jornal de Hoje nesta manhã.
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu ao Supremo Tribunal Federal a abertura de inquérito para investigar o senador José Agripino. O pedido tem por base a delação premiada do empresário George Olímpio, pivô do esquema de corrupção da inspeção veicular no Rio Grande do Norte. Conversas gravadas pelo empresário comprometeriam José Agripino, que teria solicitado e recebido mais de R$ 1 milhão em propina para ser lobista do esquema junto ao governo do DEM no Estado, a cargo da então correligionária do senador, a governadora Rosalba Ciarlini (DEM).
Para Lucena, é lamentável que o senador Agripino esteja envolvido em um escândalo como esse. “Você não aponte os defeitos dos outros com os dedos melados. Agripino era a reserva moral da direita e agora se desmancha como castelo de areia”, frisou o vereador, ao fazer referência à postura de Agripino de sempre atacar o governo federal, durante as gestões do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da atual presidente Dilma Rousseff.
Apesar da crítica, o vereador ressalta que o momento como um todo está sendo péssimo para classe política. Ele compara a atividade política com a do Poder Judiciário, destacando que os escândalos, embora existam em todos os poderes, ganham maior destaque na política. “Isso não é bom. É muito triste para a classe política, porque ela vem sofrendo muito. Os outros poderes, como o Judiciário, têm escândalos, mas não rendem na mídia, mas quando é político, fazem um carnaval. Hoje em dia, para ter vida pública decente e limpa, a pessoa nivela por baixo e não por cima”, frisou.
Conhecido como “metralhadora humana”, por criticar sem dó nem piedade as mazelas da administração pública e as incoerências políticas, Lucena mantém a posição de que a corrupção é uma praga. Ele defende a pena de morte para corrupto, por considerar ser crime que destrói a sociedade em massa e em cadeia. “O corrupto é mais criminoso que o estuprador. O estuprador estupra quatro mulheres e é preso, mas o corrupto mata a criança, tira curativo do hospital, é um câncer social, e fica impune. O corrupto está em todos os partidos. Ninguém venha dar uma de santinho. Tem bandido em todos os partidos. Se o PT tem, tem que ser punido. Se o PSDB e o DEM têm, a mesma coisa. O partido não pode ser culpado, porque é apenas quem elege; o instrumento da sociedade para ter representação”.
Prefeitura de Natal é omissa ao não cobrar  dívida milionária do Seturn
Presidente da CEI do SETURN, o vereador Fernando Lucena criticou a omissão da prefeitura de Natal quanto ao cumprimento de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC). Pelos termos do documento, assinado em 2008 por Carlos Eduardo, todas as frotas de ônibus deveriam ser adaptadas a pessoas com deficiência física, sob o risco de multa diária de R$ 10 mil reais. Pelos cálculos da Procuradoria da Câmara, a multa, atualizada, seria, hoje, de R$ 19 milhões, e deveria ser paga pelo Sindicato das Empresas de Transporte Coletivos do Rio Grande do Norte (SETURN).
“Em cima disso o prefeito baixou um decreto, de número 8.519, de 27 de agosto de 2008, com a regulamentação do TAC. E esse decreto não foi revogado. Como não houve o cumprimento, inclusive a entrega dos 20 micro-ônibus, o TAC está valendo e a Prefeitura não cobra ao SETURN a multa de R$ 19 milhões”, diz Lucena, afirmando que a CEI do SETURN está comprovando que a relação da entidade com a STTU “é promíscua e diria que totalmente afronta o cidadão natalense”, afirmou, defendendo que essa relação tem que ser revista.  Para ele, se não existisse a STTU, seria muito bom para Natal, porque é um órgão que não funciona e é omisso, fazendo apenas o que o SETURN determina.
“Nós vamos defender a apuração rigorosa disso. Vamos encaminhar ao Ministério Público”, afirmou o vereador, informando que a CEI chegará a termo em maio, quando o relatório deverá ser votado pelos vereadores. Entre as medidas que já se encontram prontas para ser encaminhadas por meio da CEI está a regulamentação do transporte público. “O empresário quer ganhar dinheiro, mas não pode ganhar de forma irregular”.
“Falta óleo de peroba na cara de pau de Rogério Marinho”
Lucena criticou o deputado federal Rogério Marinho (PSDB), por criticar o prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves, mas permitir que vereadores do PSDB apoiem a gestão municipal na Câmara de Vereadores. “O que falta para Rogério é óleo de peroba na cara de pau dele”, afirmou o vereador, afirmando que Rogério é da leva de políticos potiguares afeitos a sugar governos, debilitando-os, abandonando-os e traindo-os ao final. Foi assim com Micarla de Sousa na Prefeitura de Natal e Rosalba Ciarlini na gestão estadual. Ainda conforme Lucena, neste caso, o PSDB do tucano segue a mesma linha do PMDB de Henrique Alves e do PR do ex-deputado federal João Maia.
“Rogério critica o prefeito duramente, e seu partido apoia o prefeito na Câmara. A sociedade acompanha e o povo não tolera mais oportunismo e carreirismo. Chupa a laranja e joga o bagaço fora. Rogério Marinho tem que ter posicionamento. Como presidente estadual do PSDB ele fala mal do prefeito, mas o seu partido está na Câmara apoiando. Isso mostra falsidade ideológica do ponto de vista político”, analisou Lucena.
“Robinson vai surpreender na gestão assim como surpreendeu na eleição”
Ao avaliar os quase dois meses de gestão do governador Robinson Faria (PSD), Lucena afirmou que o governante estadual irá “surpreender na administração como surpreendeu nas eleições”. Para o petista, “Robinson vai fazer um grande governo, e já mostra isso com o pagamento em dia dos servidores, a retomada do Centro de Convenções, o pagamento do piso salarial dos professores”. Para o petista, enquanto em governos passados, neste momento havia greves, no atual governo isso não se dá justamente pela postura do novo governo de cumprir com a palavra. “Nos governos passados os professores já estavam em greve. Estamos vendo piso salarial dos professores sendo pago. Os professores veem diferentes governos. Robinson vai recuperar o Rio Grande do Norte”.
Apesar do otimismo, Lucena lembra que a situação do Estado é precária. “A situação do governo é de pegar cadáver na pedra do ITEP”, afirma. “Robinson está pegando o Estado na UTI”, comparou, criticando a sanha oposicionista que não deixa sequer o novo governo se estabelecer e já parte para críticas precipitadas e raivosas. “Já vi políticos fazendo pronunciamento cobrando do governo com menos 60 dias. É muito interessante. São os mesmos políticos que passaram 50 anos no governo e nunca cobraram. Era tudo calado, com eles tudo mamando. E agora coabram de Robinson que nem esquentou a cadeira ainda. Ninguém acredita. Acho que Robinson será um grande governador e se depender do PT vai fazer esse grande governo”. ?
“Estão tirando nomes da Lava Jato”
Sobre a operação Lava Jato, que investiga o Petrolão, Lucena acredita que estão retirando nomes de políticos envolvidos da denúncia. Entre os nomes retirados estariam o do atual presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e o do ex-deputado federal Henrique Alves. A denúncia era para ter saído no início de fevereiro, mas até agora não saiu e está prevista para amanhã.
“Está atrasada. O procurador demorou demais. A lista foi anunciada e o Supremo tinha pedido informações. Seria entregue no dia 2 de fevereiro, no fim do mês, e não foi feito. Nós já sabemos que o presidente da Câmara foi retirado da denúncia. E outros que estão sendo retirados”, disse Lucena. “Estão tirando nome da lista. Tirando quem está com rabo preso, e colocando quem não está. Eu não confio”, frisou.
Fonte: Jornal de Hoje

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Agripino Maia, presidente do DEM é acusado de receber R$ 1 milhão em propina


Um empresário do Rio Grande do Norte admitiu ter pagado propina para aprovar, na Assembleia Legislativa, uma lei sob medida para os seus negócios no Detran estadual. Em entrevista ao Fantástico, da TV Globo, George Olímpio contou ter dado dinheiro ao atual presidente da Assembleia, ao ex-governador Iberê Ferreira de Souza (PSB), já falecido, ao filho da ex-governadora Wilma Faria (PSB), Lauro Maia, e ao senador José Agripino Maia (DEM-RN), presidente nacional do DEM, ex-líder do partido e coordenador-geral da campanha presidencial de Aécio Neves (PSDB).A fraude, de acordo com ele, começou com a prestação de serviços de cartório de seu instituto para o Detran do Rio Grande do Norte. Cabia à empresa de George cobrar uma taxa de cada contrato de carro financiado no estado. Segundo ele, de cada R$ 75 cobrados pelo serviço, R$ 15 foram distribuídos como propina a integrantes do governo entre 2008 e 2011.

O empresário contou que, em seguida, comprou o apoio de políticos locais para aprovar uma lei que tornava obrigatória a inspeção veicular no estado, inclusive para carros zero km. Caberia novamente à sua empresa o comando dos serviços, mas o negócio foi barrado pelo Ministério Público por suspeita de fraude. As revelações da Operação Sinal Fechado, na época, levaram à prisão em caráter preventivo o então suplente de Agripino, João Faustino (PSDB-RN), acusado de atuar como lobista do grupo,  como mostrou o Congresso em Foco. (Tucano suplente de Agripino é preso em Natal)

Em entrevista ao Fantástico, George Olímpio afirmou que deu R$ 1 milhão a Agripino após pedido feito pelo senador. O delator afirma que Agripino lhe disse, inicialmente, ter conhecimento de que ele havia destinado R$ 5 milhões para a campanha de Iberê. O empresário contestou a informação e disse que havia repassado R$ 1 milhão ao então governador.

“Ele [Agripino] disse: pois é, e tal, como é que você pode participar da nossa campanha? Eu falei R$ 200 mil. Disse: tenho condições de lhe conseguir esse dinheiro já. Estou lhe dando esses R$ 200 mil, na semana que vem lhe dou R$ 100 mil. Ele disse: ‘pronto, aí vai faltar R$ 700 mil para dar a mesma coisa que você deu para a campanha de Iberê’. Para mim, aquilo foi um aviso bastante claro de que ou você participa ou você perde a inspeção. Uma forma muito sutil, mas uma forma de chantagem. R$ 1,15 milhão foram dados em troca de manter a inspeção”, disse o delator ao Fantástico.

Residência oficial

O empresário contou, ainda, que o esquema de corrupção era negociado na residência oficial da então governadora Wilma de Faria, hoje vice-prefeita de Natal. O negociador, segundo ele, era Lauro Maia, filho de Wilma. “A gente marca o encontro no escritório, exatamente para eu repassar esse dinheiro a ele. Todo mês era feito o encontro de contas”, afirmou o delator.

George disse ter contado com o apoio do atual presidente da Assembleia, o deputado estadual Ezequiel Ferreira (PMDB), para aprovar a obrigatoriedade da inspeção veicular sem qualquer discussão nas comissões temáticas da Casa. “Eu digo: de quanto é que seria essa ajuda? Aí o Ezequiel me diz: George, uns 500 mil. Eu tenho como pagar 300 mil. Eu dou 150 quando for aprovado e os outros 150 você me divide em três vezes”, contou o delator. Ezequiel foi denunciado semana passado pelo crime de corrupção passiva.

Faturamento bilionário

Em 2011, quando o esquema da inspeção veicular veio à tona com a Operação Sinal Fechado, 34 envolvidos foram denunciados, inclusive o empresário. Mas só no ano passado ele decidiu colaborar com as investigações.

Com essa fraude, o grupo criminoso pretendia faturar R$ 1 bilhão ao longo de 20 anos de exploração de uma concessão pública, segundo o Ministério Público.

“Ele estava se sentindo abandonado pelos comparsas, pelos demais membros da organização criminosa e ele, temendo ser responsabilizado penalmente sozinho, procurou o Ministério Público em troca de colaborar para ter a obtenção de alguma espécie de benefício”, disse a promotora de Justiça Keiviany Silva de Sena. Assim como Lauro Maia, Ezequiel e a família de Iberê negaram qualquer envolvimento com o caso. Do congresso em foco, e foi publicado um notinha no fim da página da Uol

sábado, 14 de fevereiro de 2015

Tirar Dilma e Lula do jogo: o PSDB só pensa nisso

Para refletirmos durante o Carnaval: o que move o PSDB, qual é o seu projeto de país, além da obsessão em derrubar Dilma e tirar Lula do jogo?
A julgar pelas manifestações dos seus representantes no Congresso Nacional e a guerra de extermínio desfechada nos últimos dias por seus robôs na internet, nada mais interessa.
Para alcançar estes objetivos, vale tudo, até se aliar a bolsonaros e caiados, e entregar o comando das oposições a um "aliado" do governo, o todo-poderoso presidente da Câmara, Eduardo Cunha. 
Ou alguém acredita que os tucanos estão realmente preocupados com os destinos da Petrobras, a vida da população e os rumos do país?
Outro dia perguntei no JRN ao deputado Carlos Sampaio, lider do PSDB na Câmara, quais eram os projetos do partido para 2015, além de pedir a criação de CPIs para investigar o governo. Sampaio deu uma resposta genérica e não consigo me lembrar de nenhum tema relevante.
Todas as iniciativas políticas, desde a reabertura dos trabalhos do Congresso há duas semanas, não partiram nem do governo nem da oposição, mas do suprapartidário Eduardo Cunha.
Por onde andam os caciques tucanos? Que fim levou Aécio Neves, o presidente do partido e candidato derrotado por pouco nas últimas eleições? Parece um vagalume, que vez ou outra acende em Brasília, solta uma nota ou faz um discurso, e some novamente. Alckmin, outro nome apontado como possível candidato em 2018, dedica-se atualmente apenas a achar água em São Paulo para evitar o racionamento. Serra só se movimenta nos bastidores. E FHC continua FHC.
O fato é que 2018 ainda está muito longe e o PSDB simplesmente não se conforma com a quarta derrota seguida para o PT. Desde o primeiro minuto após a reeleição de Dilma, o partido só pensa em encontrar atalhos para voltar ao poder, só pensa nisso.
Por isso, mesmo que não assumam esta bandeira abertamente agora, o impeachment tornou-se o caminho mais curto para a retomada do Palácio do Planalto, como fica claro nas convocações feitas pelas redes sociais para o protesto do "Fora Dilma" marcado para o dia 15 de março.    
O dilema tucano é que não bastará tirar Dilma. É preciso, antes, tirar Lula do jogo. É o que leva o PSDB a jogar todas as suas fichas no Judiciário e na mídia, a bordo da Operação Lava-Jato, como se tivessem descoberto um novo Plano Real.
A quem pensam que enganam? E o país que se dane.
Do B. do Kotscho.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015



Deputado Kelps diz que no RN há professores que não merecem o que ganham
O deputado estadual Kelps Lima afirmou que no estado do Rio Grande do Norte há professores que não merecem o que ganham, pois, segundo ele, produzem muito pouco. A declaração foi dada nesta quinta-feira (12), durante a votação do projeto de lei que reajusta o salário dos professores e especialistas em educação da rede estadual.
Na ocasião, o deputado convocou à assembleia para fazer um debate sobre a meritocracia, abrindo caminho para a possibilidade de implantação desse sistema na rede estadual de ensino. A Coordenadora Geral do SINTE/RN, Fátima Cardoso, criticou o discurso do deputado. “O deputado (Kelps Lima) tem à frente dele um microfone num ambiente climatizado, um bom salário e não é avaliado. Nós profissionais da educação temos alunos, salas quentes, ambiente insalubre e um salário irrisório. Fica o nosso protesto a este tipo de manifestação e conduta de anti profissionalismo”, critica a sindicalista.
SINTERN

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

dilma fhc ae 190311 FHC dá bandeira: golpe paraguaio está em marcha
Foi dada a largada. Em caudaloso artigo publicado domingo no Estadão, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso deu a senha: como não há clima para um golpe militar, a derrubada do governo de Dilma Rousseff deve ficar por conta do Judiciário e da mídia, criando as condições para votar o impeachment da presidente no Congresso Nacional o mais rápido possível.
"Que tenham a ousadia de chegar até aos mais altos hierarcas, desde que efetivamente culpados", conclamou FHC. O ex-presidente já vinha conversando sobre isso com outros tucanos inconformados, ainda discretamente, desde a noite da vitória de Dilma, no segundo turno, em outubro do ano passado. Sem paciência para esperar as próximas eleições presidenciais, em 2018, após quatro derrotas seguidas, FHC, aos 83 anos, resolveu colocar o bloco na rua e convocou a tropa, sem medo de dar bandeira.
O primeiro a responder prontamente ao chamado foi o sempre solícito advogado Ives Gandra Martins, 79 anos, que já na terça-feira apresentou a receita do golpe no artigo "A hipótese de culpa para o impeachment", publicado pela Folha, em que o parecerista aponta os capítulos, parágrafos, artigos e incisos para tirar Dilma da presidência da República pelas "vias legais".
Candidamente, Martins explicou na abertura do seu texto: "Pediu-me o eminente colega José de Oliveira Costa um parecer sobre a possibilidade de abertura de processo de impeachment presidencial por improbidade administrativa, não decorrente de dolo, mas apenas de culpa. Por culpa, em direito, são consideradas as figuras de omissão, imperícia, negligência e imprudência".
E quem é o amigo José de Oliveira Costa, de quem nunca tinha ouvido falar? Graças ao repórter Mario Cesar Carvalho, da Folha, ficamos sabendo nesta quarta-feira a serviço de quem ele está nesta parceria com o notório Gandra Martins, membro atuante da Opus Dei e um dos expoentes da ala mais reacionária da velha direita paulistana .
"Sou advogado dele", explicou Costa ao repórter, referindo-se, também candidamente, ao seu cliente Fernando Henrique Cardoso, um detalhe que Martins se esqueceu de apresentar na justificativa do seu parecer a favor do impeachment de Dilma.
Conselheiro do Instituto FHC, o até então desconhecido advogado negou, porém, que a iniciativa da dupla tenha qualquer caráter político. FHC, claro, disse que só ficou sabendo da operação pelo jornal. São todos cândidos, esses pândegos finórios, que estão brincando com fogo, em meio à mais grave crise política e econômica vivida pelo país desde a redemocratização.
Para saber com quem estamos lidando, o currículo acadêmico de Ives Gandra Martins, um advogado tributarista, apresenta assim o autor, no rodapé do artigo: "professor emérito da Universidade Mackenzie, da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército e da Escola Superior de Guerra". Universidade Mackenzie, só para lembrar, foi o berço do CCC, o Comando de Caça aos Comunistas, que teve papel de destaque nos embates pré e pós-golpe de 1964.
Juntando as pontas, temos a montagem da versão nativa-chique do "golpe paraguaio". Sem a participação de militares, em junho de 2012, um processo jurídico-midiático-parlamentar relâmpago derrubou o presidente Fernando Lugo, democraticamente eleito, como Dilma. A favor do impeachment, a goleada foi acachapante: 39 a 4, no Senado, e 73 a 1, na Câmara.
Vejam a escalada da marcha aqui:
* Domingo, 1º _ O artigo de FHC dando as coordenadas à tropa: "Neste momento", o impeachment, "não é uma matéria de interesse político". Qual será o momento certo? É só uma questão de tempo para algo já dado como inexorável, como se fosse a coisa mais natural do mundo derrubar uma presidente eleita?
No mesmo dia, a presidente Dilma Rousseff sofreria a maior derrota política no Congresso Nacional, desde a primeira posse, com a eleição para a presidência da Câmara do deputado dissidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ), um desafeto do seu governo, que se transformou em líder suprapartidário da oposição. Rachou e derreteu a ampla maioria que a base aliada tinha na Câmara, a nova articulação política do governo revelou-se um desastre e o PT ficou isolado, assim como Dilma já estava.
*Terça, 3 _ O artigo-parecer de Ives Gandra Martins, atendendo à convocação de FHC. "Meu parecer é absolutamente técnico. Para mim, é indiferente se o cliente é o Fernando Henrique Cardoso ou uma empreiteira", explicou o advogado. Claro, claro, tanto faz. Mas quem é, afinal o cliente? Quem pagou a conta? Candidatos a assumir esse papel certamente não faltam.
À tarde, Dilma acertou, finalmente, para os próximos dias, a saída de Graça Foster e de toda a diretoria da Petrobras, após ver durante meses a maior empresa do país sangrando em praça pública. Falta encontrar quem aceite assumir a herança. A produção industrial sofre queda de mais de 3% em 2014, os grandes bancos anunciam lucros recordes e o governo estuda parcelar em 12 vezes o abono de um salário para quem ganha até dois mínimos.
A verdade  é que Dilma também não ajuda nada na defesa do seu governo. Ao contrário, só leva água ao moinho dos conspiradores que estão saindo da toca.
Para completar, à noite, como já era esperado desde domingo e admitido por Eduardo Cunha, a oposição, com o apoio de 186 deputados, protocolou na Câmara o pedido para a instalação de uma nova CPI da Petrobras.
Está pronto o roteiro para os historiadores do futuro montarem a gênese deste dramático início do governo Dilma 2. O "golpe paraguaio" está em marcha, à espera das "condições objetivas", como diriam os cientistas políticos nos tempos em que FHC era só professor.
A seguir nesta batida, se nada mudar na condução do governo, o desfecho certamente não será bom nem bonito para a democracia brasileira.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

 Após 17 anos, a Justiça age contra Trensalão
Robson Marinho / Foto: Câmara Municipal de S. José dos Campos
Nenhum dos nossos jornalões deu esta notícia em manchete, mas merecia. O caso é de 1998, quando o governador era Mário Covas, do PSDB. Só agora, a Justiça resolveu agir para recuperar os prejuízos milionários causados aos cofres públicos de São Paulo pelo cartel formado por empresas multinacionais e agentes públicos, popularmente conhecido como "Trensalão".
Nesta segunda-feira, finalmente, a juíza Maria Gabriella Pavlópoulos Spaolonzi, da 13ª Vara da Fazenda Pública da Capital, decretou o bloqueio de bens, no valor de R$ 282 milhões, de Robson Marinho, ex-chefe de gabinete de Covas e atual conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, e da multinacional francesa Alstom, entre outros (leia mais aqui).
Apesar de ser em tudo semelhante ao "modus operandi" do esquema do "Petrolão" petista, que começou a ser investigado no ano passado, e já levou muita gente para a cadeia, o "Trensalão" tucano não mereceu a mesma atenção e presteza da Justiça e da mídia, mostrando o caráter seletivo dado aos casos de corrupção que assolam nosso país, faz muito tempo.
Na Folha, o decreto da juíza não mereceu nem chamada de capa e apareceu escondidinha num canto da página A10, quase pedindo desculpas, sob o título "Justiça bloqueia bens de Robson Marinho, do TCE". Quem não conhece o passado de Marinho nem o que quer dizer TCE, nem nunca ouviu falar em "Trensalão", passa batido.
No concorrente Estadão, a notícia mereceu chamada e mais destaque numa página interna, dando maiores detalhes da história, mas sem em nenhum momento falar em escândalo, nem citar a palavra pela qual o caso ficou conhecido.
Só relembrando: fundador do PSDB e homem de confiança de Mário Covas, Marinho foi seu chefe da Casa Civil entre 1995 e 1997, sendo indicado para o Tribunal de Contas em 1998,  quando esta história começou, 17 anos atrás. Segundo o Estadão, "o conselheiro está sob suspeita de ter recebido na Suíça US$ 2,7 milhões em propinas da Alstom, entre os anos 1998 e 2005 (US$ 3,059 milhões em valores atualizados)".
Os promotores de Justiça Silvio Antonio Marques, José Carlos Blat e Marcelo Daneluzzi acusam Robson Marinho de enriquecimento ilícito, lavagem de dinheiro e de ter participado de um "esquema de ladroagem do dinheiro público". Na ação de improbidade, eles pediram o bloqueio total de R$ 1,129 bilhão, valor referente aos danos causados pelos acusados ao erário e à multa processual. Todos os réus juntos devem, por responsabilidade solidária, pagar este valor.
"Há provas robustas sobre o esquema de corrupção que envolveu o conselheiro do Tribunal de Contas e grandes empresas", justificou o promotor Blat. Em sua defesa, Marinho negou tudo: "Nunca recebi um tostão da Alstom, nem na Suíça, nem no Brasil".
Como cabe recurso contra a liminar, não se sabe quando esta história vai chegar ao fim. Ninguém ainda foi preso, mas agora, pelo menos, e já não era sem tempo,  o "Trensalão" tucano está saindo da clandestinidade, antes que tudo prescreva e seja esquecido.
 Balaio do Kotosch