O legado do líder
Hugo Chávez
A Venezuela está de luto. A America Latina está de
luto. Morreu Hugo Chávez. Morre o revolucionário; seguirá a revolução
bolivariana, o chavismo. O presidente Hugo Chávez foi um dos presidentes mais
influentes do século 20. O líder criou o bolivarianismo, ideologia patriótica,
antineoliberal e anti-imperialista, baseada em princípios “revolucionários,
sociais, humanistas e igualitários”, segundo sua própria definição.
“Assumimos o compromisso de dirigir a Revolução
Bolivariana até o socialismo do século XXI, baseada na solidariedade,
fraternidade, amor, liberdade e igualdade”, disse ao ser reeleito em 2006. A
Venezuela é um país muito rico, pelos fabulosos tesouros de seu subsolo, em
particular o petróleo. Mas quase toda essa riqueza estava nas mãos da elite
política e das empresas transnacionais. Até 1999, o povo só recebia migalhas.
Hugo Chávez erradicou o analfabetismo na Venezuela;
multiplicou por 16 o total de médicos a serviço da população; dobrou os gastos
sociais com a receita do petróleo, antes evadida para contas no exterior;
reduziu a pobreza em 37% e cortou a metade o desemprego. Ampliou o papel do
Estado na economia com nacionalizações, controle de preços e parcerias
público-privadas. Chávez ordenou a recuperação de mais de 2,5 milhões de hectares
de terras de propriedade privada e a nacionalização de setores estratégicos,
como cimento, aço, telecomunicações, alimentos, elétrica ou bancário. Já foram
entregues 300 mil casas populares e outros 2 milhões serão entregues até 2017.
Entre as conquistas da Venezuela chavista estão o
fortalecimento da democracia, a redução da pobreza, da desigualdade, da
desnutrição infantil e do desemprego; o aumento da escolaridade; a maior
igualdade de gênero; mais acesso aos serviços de saúde; a democratização dos meios
de comunicação e o fortalecimento da integração latino-americana.
Houve uma melhora dos indicadores sociais. A
população atingida pela fome (segundo a FAO) caiu de 20%, em 2002, para 2%, em
2012 e o índice Gini de concentração de renda caiu de 48,65, em 1992, para
39,28, em 2009. O governo de Hugo Chávez dedica 43,2% do orçamento a políticas
sociais. Resultado: a taxa de mortalidade infantil caiu pela metade. O número
de professores, multiplicado por cinco (de 65 mil a 350 mil).
"Hugo Chávez é um demônio. Por quê? Porque
alfabetizou dois milhões de venezuelanos que não sabiam ler nem escrever, ainda
que vivessem em um país que tem a riqueza natural mais importante do mundo, que
é o petróleo", disse o escritor Eduardo Galeano.
"Chávez, você é a alma e a esperança dos povos
oprimidos da América", disse a ex-senadora da Colômbia, Piedad Córdoba.
Para a presidenta Dilma Rousseff, o presidente Chávez foi, sem dúvida, uma
liderança comprometida com o país e com o desenvolvimento dos povos da América
Latina e sua morte é uma perda irreparável. Ele foi um grande amigo do Brasil,
um amigo do povo brasileiro". O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
disse: “ tenho a confiança de que seu exemplo de amor à pátria e sua dedicação
à causa dos menos favorecidos continuarão iluminando o futuro da
Venezuela”.
Agora que Chávez não existe mais, o que permanece é
o chavismo. Nasce Hugo Chávez, o mito. Apesar das esperanças declaradas da
oposição venezuelana e das direitas latino-americanas e estadunidenses, o
falecimento de Hugo Chávez não significa a morte do chavismo. O varguismo
permaneceu no poder por uma década após o suicídio de Getúlio Vargas em 1954 e
foi a principal referência da oposição até ser superado pelo PT em 1989. E o
peronismo manda na Argentina de hoje, quase quatro décadas após a morte de Juan
Perón em 1974. A oposição venezuelana enfrentava um líder carismático de carne
e osso. A partir de agora, enfrentará uma lenda. Por tudo que fez em prol dos
pobres, dos excluídos, Hugo Chávez foi, sem dúvidas, o chefe de Estado mais
difamado no mundo.
Fonte: Jornal de Fato
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