terça-feira, 11 de novembro de 2008

Leite de programa social é utilizado para alimentar vício de drogados no RN

Uma pesquisa encaminhada pela mestra em Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) Taís Cruz mostra detalhes chocantes com relação ao mau uso do Programa do Leite, adotado pelo Estado para coibir os efeitos da fome em famílias situadas em situação de risco.

A pesquisa, encaminhada durante dois anos, avalia os impactos sociais e econômicos das classes que são beneficiadas com a iniciativa.

Para a mestra em Ciências Sociais, o baixo nível econômico das famílias tem contribuído para o mau uso do leite, que chega inclusive ao uso para a obtenção de droga.

"Nas entrevistas, soubemos de denúncias de pessoas que estavam usando o leite da criança para trocar por drogas", afirma Taís Cruz.

No interior, segundo a pesquisadora, a situação se revela ainda mais grave. Mães de beneficiários mostraram felicidade ao saber que o filho ainda estava em estado de desnutrição, cenário que garante a permanência no referido programa.

"Isso ocorre porque algumas crianças perdem o benefício ao sair do estado de desnutrição, ou seja, a garantia de um alimento diário", destaca Taís Cruz.

Para a cientista social, é importante que as instituições façam pesquisas de avaliação para analisar os impactos dos programas. Pouco adotada no Brasil, a medida ajuda a verificar a eficácia desses programas.

O Programa do Leite consiste no repasse de um litro de leite diário para cada família cadastrada pela Sethas que comprove renda insuficiente para o sustento familiar, sendo a maior parte dos beneficiários crianças em fase de crescimento ou em estado de desnutrição.

Taís Cruz diz que o resultado da pesquisa mostra a fragilidade das famílias carentes perante programas de natureza assistencial.

"Algumas entrevistadas revelaram que o único alimento garantido na família seria o leite do governo", relata Taís.

A coleta de dados para o mestrado foi realizada nos bairros Santos Reis, Felipe Camarão, Redinha e Neópolis, em Natal, sendo que na referida capital grande parte do leite é distribuída para escolas estaduais e moradores da região.

Fonte: Jornal O Mossoroense

Nenhum comentário: